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Bala na Cesta

Com título, LeBron James toca o céu e entra definitivamente no hall dos grandes do basquete

Fábio Balassiano

22/06/2012 11h30

"A melhor coisa que me aconteceu foi ter perdido a final de 2011. Pode ter certeza que aprendi muito como atleta e ainda mais como homem. Acho que é por isso que estou aqui hoje". Foi assim que LeBron James abriu a concorrida coletiva de imprensa após o seu Miami Heat ter conquistado o bicampeonato da NBA na noite de ontem contra o Oklahoma City Thunder.

De verdade eu não vou passar aqui sobre os (brilhantes) números de LeBron, e muito menos sobre os feitos que ele bateu, perdeu ou empatou com Michael Jordan, Kobe Bryant, Magic Johnson ou outros bambas em termos de idade da primeira conquista ou coisas do genêro. Isso tudo, de verdade, é irrelevante. E foi quase tudo isso que por muito tempo fez de James um jogador menos querido, digamos assim (muito por "culpa" do próprio rapaz que tatuou 'O Escolhido' em suas costas, diga-se).

O mais importante é verificar a mudança de postura, a mudança de entendimento do próprio basquete por parte de LeBron James (lembro bem que ele e Wade zombaram da gripe de Dirk Nowitzki nas finais do ano passado de maneira tola, infantil). Quando ele ganhou o terceiro MVP da temporada já havia notado por aqui (e no Twitter também) um amadurecimento absurdo, palavras bem bacanas sobre sua cidade-natal, Akron, e sobre seus companheiros. Ao invés de uma festa arrasa-quarteirão como no primeiro dos troféus de melhor da temporada, uma frase-aviso: "Estou feliz que ganhei o MVP, mas nosso trabalho só termina com o título da NBA", disse.

Quando contratou LeBron James, e não sei se vocês sabem disso, Pat Riley entrou na sala de reunião que selaria a ida de James para a Flórida com uma bolsa e disse: "Aqui há meus seis anéis de campeão. Você pode ter todos se jogar mais como Magic do que como Jordan. Acredite em mim". E LeBron acreditou. Teimou, é verdade, no primeiro ano, tentou resolver muitas coisas sozinho, como que para provar (céus, mais uma vez!) que poderia ser melhor que tudo, que todos e se lascou, mesmo tendo, pela primeira vez, companheiros classe A para ganhar um troféu (Wade e Bosh). Não vou entrar na escolha de LBJ (que, eu sei, muita gente critica porque acredita que ele se apequenou ao tentar encontrar o troféu de campeão da maneira mais fácil).

E aí entra o amadurecimento de novo. Depois de oito temporadas, pela primeira vez LeBron James puxou um telefone para pedir conselhos antes da temporada 2011-2012. Viajou para encontrar Riley nas férias (diz-se na Flórida que as conversas duravam seis, sete horas, com direito a muitos vídeos), foi conversar com Hakeem Olajuwon (bicampeão pelo Houston Rockets e um dos responsáveis pela evolução do jogo de costas para a cesta do agora campeão LeBron) e bateu papo com Michael Jordan. Ele não precisava de ajuda psicológica, terapêutica. Eram apenas conselhos de quem vive, viveu e segue vivendo nas quadras. Simples.

LeBron aprendeu, guiou o Miami a um título justo, suado, e que agora parece mais fácil do que realmente foi (embora pouca gente lembre que o Heat esteve com 1-2 contra o Indiana, 2-3 contra o Boston e 0-1 com chance de perder o segundo jogo contra o Oklahoma).

Como pediu Pat Riley, foi facilitador, defendeu como um louco, aproveitou seu potencial físico descomunal, foi gênio com a bola nas mãos e comandou um elenco que cresceu horrores na reta final. Colocou, até, Dwyane Wade, "dono"da franquia, como segunda peça mais importante sem que Wade pudesse contestar ou desgostar. Sem comparações, sem querer imitar a ninguém, nada (deixemos LeBron ser LeBron "apenas" que já está ótimo).

LeBron foi craque, foi brilhante e agora mais do que nunca está entre os maiores da história. Demorou, mas LeBron James chegou lá. Ele merece.

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