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Bala na Cesta

O vice-campeonato da Sub18 na Copa América e as lições de conquistas passadas na base

Fábio Balassiano

21/06/2012 11h39

Terminou ontem a Copa América Sub18 de São Sebastião do Paraíso (MG). Como era esperado, o Brasil perdeu para os favoritos EUA por 81-56 e terminou com o vice-campeonato (além dos dois finalistas, Argentina e Canadá fecham os americanos que vão para o Mundial Sub19 da República Tcheca). Não vou me ater a nomes agora, embora seja atraente demais falar sobre Deryk, Lucas Fumacinha, Danilo, Lucas Dias etc., porque acho que o grande trunfo deste time foi justamente o conceito implantado pelo técnico Demétrius.

Se não dá para avaliar o sistema do treinador da Sub18 pelos números (foram apenas cinco jogos, muito pouco), fácil é desvendar o que se passa na cabeça de Demétrius como técnico. Tarado por defesa e comprometimento, essas foram as chaves do time que chegou a final ontem. Ponto para ele, ponto para o grupo que acreditou no (bom) discurso do treinador. Mas, e sempre há um porém, vocês sabem bem, histórias de sucesso nas divisões de base falam muito pouco sobre o futuro dos meninos, e meninas, nas categorias adultas.

Da seleção brasileira vice-campeã mundial Sub21 feminina em 2003, apenas Érika vingou no altíssimo nível (Europa e WNBA). O time de Neto que foi quarto colocado no Mundial sub19 da Sérvia em 2007 teve Paulão e Betinho como destaques, mas ambos, como se vê cinco anos depois, não foram muitíssimo longe.

Indo um pouco mais próximo, do time que foi vice-campeão da Copa América Sub18 há dois anos e nono no Mundial Sub19 ano passado, Raulzinho conseguiu uma transferência para o exterior, Cristiano Felício segue em evolução na seleção brasileira que está no Sul-Americano, Lucas Bebê luta por minguados minutos na Espanha e os demais não têm muito espaço. Na feminina que foi bronze no Mundial do Chile, Damiris, um fenômeno, é titular da seleção adulta, Tássia pode integrar o time olímpico, mas as outras dez sofrem para conseguir atuar em times adultos na ainda pequena LBF.

Ou seja, e acho que não é necessário repetir isso aqui sempre: ir bem na base é ótimo, mas não garante nada quando o bicho realmente pega, na categoria adulta. Primeiro porque os próprios clubes meio que "boicotam" os jovens no adulto, apostando no produto certo, no veterano que já sabe alguma coisa e que não precisa ser muito ensinado. Depois porque os próprios jovens por vezes saem do país para sonhos irreais, sem ter estrutura (emocional, técnica e física) para isso. E por fim, porque o mercado interno é pequeno, quase diminuto mesmo (com a criação da segunda divisão do LNB esta situação pode melhorar um pouco, e eu espero que no feminino mais clubes surjam para as meninas jogarem o quanto antes).

Por isso, mais do que nunca, é torcer para que a CBB siga investindo nestes jovens meninos, dando-lhes condições para chegar a profissionalismo sem tantos sustos (não dá pra pensar que sendo a Sub19 a última seleção de base o trabalho da Confederação termina, né), e que LNB e clubes sentem e conversem com a entidade máxima sobre como fazer com que a transição base-adulta seja menos traumática, para dar mais resultados aos formadores e, claro, aos atletas.

Parabéns a Demétrius e atletas, mas espero que a felicidade da conquista não se torne glória única na carreira destes jovens que têm tudo para vingar em grandes palcos.

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