Assistente-técnico do Oklahoma revela segredos do time mas desconversa sobre possível dinastia
Há duas temporadas em Oklahoma, Rex Kalamian (foto) não é um dos nomes mais conhecidos da NBA, mas você o verá muito a partir desta noite. Responsável maior pela defesa do Oklahoma City Thunder que virou o jogo contra o San Antonio Spurs, o assistente-técnico e braço direito de Scott Brooks é um dos maiores responsáveis pela chegada do jovem time às finais da NBA pela primeira vez. Trabalhando na liga há 15 anos, ele chega a sua primeira final e nesta entrevista feita por e-mail prevê duelo difícil contra o Miami ("não posso falar muito, mas será disparada a nossa série mais complicada dos playoffs"), revela segredos da defesa contra Tony Parker e fala sobre Kevin Durant, mas se nega a falar em uma possível dinastia do Thunder nos próximos anos: "Ainda temos muito a fazer antes de pensar nisso", despista. Confira o papo com Rex!
BALA NA CESTA: Antes de começarmos a entrevista, poderia explicar qual é a rotina de um assistente-técnico da NBA? Imagino que vocês vejam vídeos por milhares de horas…
REX KALAMIAN: Sim, essa sem dúvida é a nossa principal atribuição. Passamos horas e horas vendo os vídeos dos nossos adversários e nossos para analisar o que estamos fazendo de bom na defesa e no ataque. A partir disso formulamos nosso plano de jogo e apresentamos, também em formato de vídeo, aos atletas. Agora nos playoffs tudo isso multiplica-se por 50, você deve imaginar, e assistimos, também, os jogos contra os nossos rivais na fase regular para saber o que deu certo, o que deu errado, como o oponente pode defender os nossos pontos fortes e como podemos superá-los em suas deficiências.
BNC: Quais foram os principais ajustes que a comissão técnica do Oklahoma fez durante a série contra o San Antonio Spurs. Vocês saíram de um 0-2, fizeram 4-2 e pelo que eu notei uma das grandes mudanças foi conter o pick'n'roll do Parker. Ibaka, Perkins e Collison foram "proibidos" de trocar quando havia o corte do francês, é isso?
RK: Tudo isso que você fala de fato aconteceu e foi fundamental, mas o principal, o que nos fez ganhar a série, foi colocar o Thabo Sefolosha em cima do Tony Parker. Thabo não só defendeu muitíssimo bem, mas também liberou Russell Westbrook de uma missão que ele não estava sendo tão efetivo (marcar, como você disse, os picks do Parker). Colocamos o Sefolosha nele para conter o arremesso desmarcado e aumentar a carga física no francês, pois imaginávamos que isso o incomodaria. Além disso, ajustes foram feitos na defesa (estávamos muito devagar!) para que deixássemos a bola o mais longe do garrafão. Não foi nada fácil, mas conseguimos conter os picks não só do Parker, mas também do Manu Ginóbili, outro grande jogador. Além disso, Westbrook, irritado na defesa, estava ficando ansioso no ataque, e tirá-lo daquela função foi importantíssimo não só na marcação, mas também porque ele é o nosso armador principal. Tivemos sorte de ter dado certo.
BNC: E sobre o sistema de ataque do Oklahoma? Vocês têm três grandes chutadores do perímetro (Kevin Durant, James Harden e Russell Westbrook), dois grandes defensores no garrafão (Ibaka e Perkins) e imagino que fazer a química acontecer entre essas duas grandes forças não tenha sido fácil. Não chamar tantas jogadas de isolação (um-contra-um) para Durant/Harden foi uma das armas do OKC para chegar às finais?
RK: Uma das grandes qualidades do nosso time é que muitos dos nossos atletas conseguem criar as suas próprias jogadas. Westbrook, Harden e Durant podem tranquilamente pontuar sem muito esforço, mas tivemos que ajustar um pouco isso para não nos tornarmos um time previsível. Scott Brooks fez um trabalho maravilhoso ao mostrar aos nossos atletas as suas funções e o que seria necessário para chegarmos mais longe nessa temporada. Temos grandes pontuadores, sim, mas também um grande número de ótimos defensores. Somos um elenco balanceado pacas, e isso faz diferença.
BNC: Depois da eliminação contra o Dallas ano passado, Kevin Durant disse que aquele era o ano do Oklahoma. Um ano passou, o amadurecimento de fato chegou e vocês estarão estreando nas finais. O que mudou?
RK: Pouca gente lembra, mas lideramos em dois quartos períodos na série contra o Dallas e não conseguimos manter não só o foco, mas principalmente a intensidade durante os 48 minutos da partida. Acho que essa foi a maior lição da derrota do ano passado. Para chegar às finais, ou você joga o tempo todo com o máximo de intensidade ou ficará pelo caminho. Acho que aprendemos isso.
BNC: O que você poderia falar sobre Kevin Durant? Muita gente já o aponta como um dos maiores da história…
RK: KD é um dos mais decisivos jogadores da NBA atualmente. Ele tem muita confiança nos finais de partida (não me pergunte o motivo), e nunca hesita em chutar bolas difíceis em momentos complicados. Acho que essa é a sua principal fortaleza. Ele trabalha demais não só em seu chute, mas em todos os aspectos de seu jogo todos os dias. É clichê, mas Durant é o primeiro a chegar todos os dias de manhã e sempre fica horas e horas arremessando depois que o treino termina. Além de tudo é querido por seus companheiros, o que é uma baita vantagem para quem tem muito volume de jogo…
BNC: Última pergunta: do seu quinteto titular, o mais velho é Kendrick Perkins com 27 anos. Durant tem 23, Westbrook, 22 e Harden a mesma coisa. Pela primeira vez na final, já é possível falar em uma eventual dinastia do Oklahoma City Thunder na NBA?
RK: Cara, é muito cedo, muito cedo mesmo. Nosso time ainda é muito jovem, e tentamos nos concentrar naquele dia, naquele momento que está chegando. Ainda temos muito a fazer antes de pensar nisso, é só isso que posso te dizer. Estamos crescendo individual e coletivamente, mas sabemos que o futuro pode ser brilhante se continuarmos a trabalhar duro como estamos fazendo há algumas temporadas.
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