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Bala na Cesta

As lições de Flamengo e Pinheiros, semifinalistas do NBB4

Fábio Balassiano

12/05/2012 10h57

Eu disse que seria uma rodada quente, quentíssima, pelo NBB nesta sexta-feira, mas nem eu esperava tanto assim. Vou começar pelo jogo de fundo, pois acho bem apropriado. Vocês sabem bem quão crítico sou em relação ao trabalho de Gonzalo Garcia e ao sistema de jogo usado pelo Flamengo. O time passou a temporada passada e esta jogando aquém de suas capacidades, e ontem poderia ser eliminado contra Uberlândia em casa. Mas o rubro-negro fez a sua melhor partida sob o comando de Gonzalo, massacrou os mineiros por 77-62 e avançaram às semifinais pela quarta vez em quatro edições do NBB.

E só conseguiu avançar porque enfim entendeu que pra vencer no basquete é necessário começar pela defesa. A marcação sufocou o Uberlândia (principalmente a partir do segundo período), que errou demais, forçou arremessos, não conseguiu pegar rebotes ofensivos (uma de suas grandes armas na série até aqui) e viu a diferença chegar a 20 pontos no terceiro período. Se isso não bastasse, o Flamengo não abusou dos tiros de três pontos (Marcelinho, vejam só, arriscou quatro de seus seis tiros longos no último período, quando a peleja já estava decidida) e jogou muito com Caio Torres (foto à direita), que esteve em noite inspiradíssima (22 pontos e nove rebotes).

Não é muito comum dizer isso por aqui (principalmente no Fla do Gonzalo), mas foi uma aula de basquete, de como jogar basquete e de como defender no basquete. Para quem entende um pouco do jogo, foi simples ver que o ataque consistente só saiu por causa de uma defesa forte, pressionada – ou vice-versa. Basquete é um jogo que não pode ser dividido entre ataque e defesa, e se os jogadores rubro-negros entenderam isso ontem, São José terá problemas na semifinal. Atenção a um número interessante: na fase de classificação, o time da Gávea usou 26% de suas posses de bola em tiros de três pontos (51% de dois). Ontem foram 21% de fora, contra 57%  de dentro. Bacana, não?

No primeiro jogo da noite, em um ginásio lotado (sensacional isso para a cidade de São Paulo – e com um time "sem camisa de futebol"), o Pinheiros começou bem, abriu vantagem logo de cara, teve dificuldade no final quando foi pressionado, mas manteve a cabeça no lugar e fechou o jogo em 73-63 contra Joinville para se tornar a primeira equipe da história do NBB a sair de um buraco (e que buraco!) de 0-2 para fazer 3-2 na série.

O trio de ferro formado por Shammel, Olivinha e Marquinhos somou 46 dos 73 pontos da equipe (63% do total) e foi fundamental, mas o que valeu mesmo, embora a qualidade técnica da peleja não tenha sido das melhores, foi a capacidade dos pinheirenses em suportar a pressão não de um jogo 5 (que, sabemos, é muito complicado em termos de ansiedade, como o próprio Rubén Magnano disse após o jogo ao Sportv). Foi o coração dos comandados de Cláudio Mortari que levou o time adiante. O sistema de jogo não é dos melhores (um-contra-um para Shammel, um-contra-um para Marquinhos), mas é inegável que os caras correram como uns loucos para deter Kojo, Shilton e Bishop. Mereceram a virada e a vaga nas semi contra Brasília (abaixo o vídeo que o clube produziu sobre o feito histórico).

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