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Bala na Cesta

Hortência afirma: foi sua a ideia de naturalizar Larry e estrangeira para seleção é prioridade

Fábio Balassiano

09/05/2012 20h24

"Essa ideia (de naturalizar o Larry Taylor) começou de uma ideia minha. Estou há dois anos procurando uma atleta para entrar como armadora da seleção brasileira e não encontrei. Não se pode errar. Preciso de uma armadora para 2016 e estou em busca dela ainda. Uma época fui falar com o ministro e ele disse: 'Está louca?'. Falei que a gente tem que andar de acordo com o mundo. O mundo está globalizando. Numa dessas conversas surgiu a oportunidade do Larry, e todo mundo brigou para que ele fosse naturalizado o mais rápido possível"

A declaração é de Hortência, diretora de seleções femininas da Confederação Brasileira de Basketball, ao Jornal da Cidade de Bauru. Sobre a inacreditável fala, vamos lá:

1) Quando disse aqui, algumas vezes, que o processo de naturalização de Larry Taylor foi uma jogada TÉCNICA da CBB para ter um time mais forte nas Olimpíadas de Londres, muita gente riu. Está aí a explicação. Não foi Larry que quis se naturalizar, mas sim a Confederação que o procurou para ter um ganho TÉCNICO em seu time nacional. Bizarro, não?

2) É sério isso mesmo que ela diz: "Preciso de uma armadora para 2016 e estou em busca dela ainda". Seleção virou clube, que CONTRATA atleta de acordo com as suas necessidades? É isso?

3) O presidente Carlos Nunes concorda com isso? A prática será adotada a partir de agora na Confederação? Faltou pivô, naturaliza gigante. Faltou ala, naturaliza pontuador. Faltou armador, naturaliza quem arme bem. É isso?

4) A Confederação Brasileira esqueceu como se forma uma seleção forte? Se sim, eu ensino: trabalhando na base, planejando, treinando muito, investindo em técnicos. Mas isso leva tempo (tipo 15, 20 anos), e nem sempre o resultado é garantido. Para naturalizar um estrangeiro? Seis meses, um ano. O que é mais fácil para quem não quer ou não sabe como formar atletas? O caminho mais curto, lembro, nem sempre é o mais correto…

5) Quer dizer, então, que se o mundo todo naturaliza o Brasil pode naturalizar, Hortência? Se todos erram, vamos errar também? É este o raciocínio?

6) Será que os clubes formadores devem continuar investindo na base com uma declaração dessas?

7) Por fim, uma questão: qual a motivação de um jovem atleta quando lê que a diretora de seleções da CBB não "liga" pra base, mas sim que pensa em naturalizar alguém para solucionar um problema?

E aí, o que achou da declaração de Hortência (mais uma para a sua infeliz coleção de atrocidades).

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