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Bala na Cesta

As lições que John Calipari ensina com o título da NCAA por Kentucky

Fábio Balassiano

04/04/2012 15h30

Consegui ver ontem, no final da noite, a decisão do basquete universitário entre Kentucky e Kansas. Na boa, foi uma aula de basquete. Dois times jogando muita bola, muita bola mesmo, e defesas absolutamente sensacionais.

Vitória de Kentucky por 67-59 mesmo com o melhor jogador universitário do país, o ótimo Anthony Davis, tendo apenas 1/10 nos arremessos (mas na defesa ele compensou com 16 rebotes, três roubos e seis tocos). Dorom Lamb, um baita jogador que cresceu horrores nesta fase final de NCAA, foi o cestinha com 22 pontos.

Na decisão do feminino ontem, Baylor, do fenômeno Brittney Griner, venceu Notre Dame facilmente por 80-61 e ficou com o título nacional de forma invicta. Foram 40 vitórias e o primeiro título da carreira de Griner, que teve 26 pontos, 13 rebotes e cinco tocos em sua última partida antes de ir para a WNBA. Foi o segundo título de Baylor, a sétima vez que uma equipe é campeã invicta e apenas a primeira vez que um time consegue o caneco sem perder com 40 jogos. Além da craque Griner, quem foi muito bem também foi a armadora Odyssey Sims, que dominou a rival Skylar Diggins e cravou 19 pontos, sete rebotes e quatro assistências.

Mas vamos voltar para a decisão dos rapazes. Foi o oitavo título da tradionalíssima Kentucky, e o primeiro de um cara bem acima da média em termos táticos. John Calipari tornou mais, digamos, "popular" o motion offense, ou, como conhecemos, o Memphis Atack, o famoso ataque com quatro abertos e com uma troca de passes incessante. E em sua primeira oportunidade com um time de alto nível, de altíssimo nível diga-se de passagem (seis jogadores poderão ser escolhidos no Draft de 2012), Calipari, um dos sujeitos mais educados do basquete, foi lá e simplesmente abocanhou o título de campeão da NCAA.

Não é coincidência, não é surpresa, mas foi muito bom ver que um técnico que batalha há tanto tempo conseguiu passar do "bom técnico, mas sem título" para um "ótimo técnico e com título". E algumas lições podem ser tiradas: a) mesmo sem vencer um título na carreira, Calipari jamais deixou a pressão por um troféu mudar a sua forma de trabalho; b) ainda é possível, sim, formar jogadores que leiam bem o jogo (Lamb, Rose, Davis etc.); e c) John Calipari não precisa de respostas tortas nem para as perguntas mais difíceis (como foi no caso do recrutamento de Derrick Rose para Memphis em que ele disse, simplesmente, que errou e que se fosse culpado pagaria pelo erro).

John Calipari deve ter dificuldade para renovar o elenco de Kentucky, já que boa parte de sua "fornada campeã" vai para a NBA, mas está lá escrito: ele agora é campeão da NCAA. E sem nunca ter perdido a educação e a fé de que trabalhar vale mais do que "apenas" conseguir resultados a qualquer custo.

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