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Bala na Cesta

O problema da transição juvenil-adulto no basquete brasileiro

Fábio Balassiano

21/11/2011 15h35

Uma das melhores coisas de ir ao ginásio é conversar com muita gente sobre temas absolutamente distintos. E foi o que aconteceu no sábado aqui no Rio de Janeiro. Na arquibancada do Tijuca, falei com Ary Vidal, Kouros (presidente da LNB), Renato (ala do Pinheiros) e com os jovens Betinho, Davi (ele estará aqui em extensa entrevista em breve) e Elinho. Os três falaram a mesma coisa: o maior problema para os novo valores brilharem está justamente na transição juvenil-adulto.

Betinho (foto), com quem conversei longamente, citou seu caso particular, mas que certamente não é único no Brasil. Quando subiu para o profissional de Limeira, há menos de quatro anos, tinha 75kg. Hoje, depois de muita musculação, passou para 94kg. Mas não é só físico o problema, claro. O bom ala do Paulistano também disse que as arbitragens acabam "marcando" demais os jovens, e com isso o tempo de quadra, que já não é grande, fica ainda menor. Por isso Betinho, uma das estrelas do time que foi quarto colocado do Mundial Sub19 em 2007 com a seleção brasileira de José Neto (14,3 pontos e 2,9 assistências), ainda não "estourou" como muita gente esperava.

Além disso, o jogo, é claro, é bem mais "pegado", o nível é absurdamente diferente e nem todo mundo tem a paciência de esperar que os jovens aprendam. Como muito bem lembrou Renato, do Pinheiros, é muito mais fácil (e pronto) um clube contratar um norte-americano pronto do que investir tempo, dinheiro e muitas vezes derrotas em um menino que nem sempre vai dar retorno lá na frente. E como a cultura é quase sempre de dar resultado imediato…

A saída, como falei com Kouros, presidente LNB, é fazer com que a Liga de Desenvolvimento Olímpica (LDO) seja disputada como uma temporada completa (mais jogos = mais desenvolvimento) e criar, a médio prazo, uma segunda divisão que daria espaço e vivência para os jovens  (ele me disse que em três, quatro anos a ). Assim como acontece na Europa, muitos clubes grandes emprestam as suas jóias para serem lapidadas em clubes de outras divisões ou menores (a história de Rafael Luz, por exemplo, é assim – jogador do Málaga, ele já passou pelo Clínicas Rincón Axarquía, da LEB, Granada e agora está no Alicante).

Não é um caminho fácil (custa dinheiro, tempo e nem sempre os patrocinadores verão "retorno" nisso), mas é algo que precisa ser feito aqui rapidamente. A safra é absurdamente talentosa (vejam o que Renato, do Paulistano, fez no sábado contra o experiente Kammerichs), mas precisa rapidamente ser lapidada.

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