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Bala na Cesta

Em nova fase, Joinville mira gestão e planejamento para seguir bem no NBB4

Fábio Balassiano

18/11/2011 11h30

Quem se acostumou a ver o NBB pela televisão sempre se impressionou com o ginásio cheio em Joinville. Tem sido assim há três temporadas, e muito da arquibancada cheia é resultado do bom trabalho de comunicação de Luis Silva, o Luisão, ex-jogador de basquete e hoje responsável pelo departamento de marketing do clube, que estreia na quarta edição da competição no dia 21 contra Brasília, o atual campeão.

Um dos idealizadores do projeto de envolvimento com a comunidade local em torno do basquete, Luisão viveu momentos de apreensão antes da temporada 2011-2012 do NBB. O time perdeu patrocínio, Alberto Bial (técnico e símbolo do clube) e teve que remontar as estruturas às pressas para a quarta edição da competição nacional. Trouxe José Neto para o comando técnico, Diego Falcão para a preparação física, manteve nomes conhecidos do público (Thiagão, Shilton e Andre Goes) e foi buscar os experientes Luiz Lemes e o norte-americano Kojo Mensah para fechar um elenco que se não vai buscar o título, ao menos pretende manter a tradição de boas campanhas de Joinville nos últimos anos. Confira o bate papo com Luisão.

BALA NA CESTA: Qual é a expectativa de Joinville para a temporada 2011-2012 no NBB? Muitas mudanças, não?
LUISÃO: Está sendo uma temporada de reestruturação. As mudanças ocorreram em todas as áreas da equipe e posso dizer que o basquete de Joinville começa um novo ciclo nesta temporada. Hoje as ações são mais descentralizadas, e acreditamos com isso que vamos estruturar cada vez mais o projeto, sempre trabalhando com o objetivo de continuidade do mesmo.

BNC: Gostaria que você contasse um pouco sobre como foram os últimos meses aí. O Bial saiu, o time quase não entrou no NBB (se não fosse a chegada da Cia. Do Terno, sabe lá o que seria, certo?), o elenco foi montado há pouco tempo e vocês terão pela primeira vez um técnico diferente do Bial. Muitas emoções?
LUISÃO: Foi uma transição difícil. Perdemos a Brascola (Araldite) e a Univille (antigas patrocinadoras). Sem patrocinadores, tivemos a primeira boa notícia: a Romaço Rolamentos migrou de apoiador para patrocinador da equipe, garantindo a continuidade do projeto, mas não de forma total para disputarmos o NBB com uma equipe competitiva. Com a vinda da Cia. Do Terno confirmamos a participação. Quero deixar claro que a equipe não correu o risco de ser extinta. Corremos, sim, o risco de pedir afastamento temporário do NBB.

BNC: Acho que uma das principais qualidades aí de Joinville foi o trabalho feito com a comunidade em relação ao envolvimento dela (comunidade) com o basquete. É o principal mérito do trabalho de vocês por aí?
LUISÃO: A população de Joinville gosta muito do esporte e existe uma sinergia muito grande entre a equipe e o público. Motivos para isso acontecer há vários: 1) disponibilidade da equipe para ir aos eventos sociais; 2)a longevidade dos profissionais em Joinville (Shilton está há sete anos, Tiagão há quatro, André há quatro e Audrei há três – isso faz que os atletas criem identidade com a cidade); e 3)e os projetos de inclusão social (são cinco núcleos de iniciação ao basquetebol sem custo para a comunidade)

BNC: Mudando de assunto. Para a função de técnico, vocês contrataram o José Neto, assistente do Rubén Magnano na seleção, para comandar um elenco bastante renovado. O que estão esperando dele, Neto, e do time em quadra?
LUISÃO: O Neto foi uma grande contratação. É um técnico jovem, com experiência e é uma ótima pessoa. Está há sete anos convivendo com o que há de melhor no basquete mundial e a expectativa é que ele implante a filosofia de trabalho dele mesclando jogadores de qualidade visando também projetar e revelar novos talentos.

BNC: O que de fato aconteceu na saída do Alberto Bial. Poderia nos explicar? Além disso, pode explicar qual será a função do Espiga para esta temporada, já que ele também era assistente do Bial?
LUISÃO: Foi uma decisão pessoal dele, Bial, e não tenho muito a comentar. Já a questão do auxiliar, deixamos a critério do Neto. Ele nos indicou um profissional da confiança dele e se tudo der certo nos próximos dias vamos contratá-lo (nota do editor: o nome que se comenta é o de Adriano Geraldes). O Espiga atualmente é o coordenador dos nossos projetos sociais

BNC: Você é o responsável pelo marketing de Joinville, através de sua empresa, e faz parte do conselho de marketing da LNB. Em duas partes, vamos lá: o trabalho de marketing na cidade (Joinville) é reconhecido como um dos melhores do país. Queria que você contasse um pouco sobre o planejamento dele desde o seu começo, que sei não ter sido fácil.
LUISÃO: Procuramos estar atentos, sermos pioneiros, gerar conteúdo e criar ações diferenciadas. Este sempre foi o nosso grande desafio. Um exemplo disso foi o nosso twitter (@basquete): fomos um dos primeiros a entrar na rede social e por isso conseguimos o nome. Para este ano vamos implantar o carnê de ingresso, ou seja, a venda de ingressos para toda a temporada através do nosso site. Outra novidade será o local dos jogos: o Centreventos Cau Hansem em que vamos comercializar camarotes e ingressos VIP (quadra). Agora, isso tudo só é conseguido porque temos uma estrutura , uma equipe. A Vo2 Marketing tem, além de mim, o Sandro Steuernagel, meu sócio, o Valter, responsável pelo departamento de criação, a Flavia, assistente de marketing, e o Borba, jornalista responsável pelo comunicação. E sem falar do Leonardo Roesler, que preside a JBA (Joinville Basquetebol Associados) e está diariamente conosco ajudando na gestão.

BNC: E agora queria que você falasse sobre o marketing, ou a falte dele, na LNB. Não acha que a Liga faz uma comunicação muito pouco agressiva? Indo além: não acha que já deveria ter sido criado um departamento de marketing dentro da Liga Nacional de Basquete, com um responsável fixo na área?
LUISÃO: Existe um conselho de marketing da LNB. Fizemos um encontro em Joinville e saíram várias idéias – entre elas sobre o formato atual do Jogo das Estrelas. Fazer esses encontros constantemente é difícil, e atualmente trocamos emails e nas reuniões importantes a LNB nos convida para participar. Acrescentando: acredito ser importante criar um departamento de marketing próprio da LNB, e isso mais cedo ou mais tarde vai acontecer. Na comunicação existe o Guilherme Buso, que, com sua equipe, na minha opinião faz um belo trabalho. O que temos que avaliar é que a LNB tem um pouco mais de três anos. Saímos do zero, e criar uma estrutura que acompanhe a demanda é de fato um desafio. Mas estamos no caminho.

BNC: Apesar da minha crítica à comunicação/marketing da LNB, está muito claro que ela representa um avanço em termos de gestão e organização do campeonato. Como fazer para que o NBB seja cada vez mais conhecido do grande público?
LUISÃO: Na minha opinião é um conjunto de fatores e a participação de todos é fundamental . Um exemplo disso são as assessorias de imprensa. Quando começamos o NBB, Joinville era uma das únicas equipes a ter esse profissional deste tipo. Hoje praticamente todas têm uma pessoa responsável por isso. O desafio é levar o basquete para as pessoas que não conhecem o esporte, e para isso é fundamental ir além dos jogos. Mas, veja: atualmente temos um treinamento de imprensa (media training) para as equipes, o novo site está a caminho, produtos licenciados estarão à venda, estamos nas redes sociais, transmissões estão com um volume maior a cada ano e o Jogo das estrelas e a final em TV aberta. Isso, repito, somente com três anos de LNB.

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