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Bala na Cesta

Arquiteto do título paulista, diretor Rossi conta tudo sobre a conquista do Pinheiros - Parte 2

Fábio Balassiano

17/11/2011 00h46

Se você não leu a primeira parte da entrevista com João Fernando Rossi, diretor de esportes olímpicos do Pinheiros, clique aqui. Abaixo a segunda parte.

BALA NA CESTA: Você é tido, inclusive por mim, como um novo modelo de dirigente no país: transparente, inteligente e com visão de planejamento e gestão (isso, claro, sem falar na defesa do Pinheiros com unhas, dentes e coração). Você é um dos membros do Conselho da LNB, mas retirou a sua candidatura da presidência da Federação Paulista. Por que isso aconteceu? Existe a possibilidade de você concorrer a algum cargo diretivo em próximos anos?
JOÃO FERNANDO ROSSI: É complicada esta pergunta, pois você me conhece e sabe que gosto de operacionalizar, não gosto de ficar falando, dando entrevistas etc. Gosto de desafios, de realizar, e para isso temos que trabalhar pelo basquete. No caso da Federação Paulista, resolvi enfrentar o sistema, pois não estava concordando com os rumos. O mundo mudou, o basquete mudou, as empresas mudaram, e não via na FPB o entusiasmo e motivação para estas mudanças. Muitos clubes ainda concordam com a forma de gestão atual e acham que está bom. Fui taxado de querer acabar com o basquete de SP, mas era o contrário. Minha proposta era de transformar o Estado em uma potência. Não sei se preciso falar de São Paulo para mostrar que a FPB tem muito espaço para crescer, melhorar e ser a locomotiva de mudança no cenário esportivo nacional. Temos a maior rede de ensino do país (já pensaram na força atlética que está escondida nas escolas do Brasil?). Já pensaram no trabalho de pesquisa em atletas que poderíamos fazer? Como posso, então, achar que está tudo bem? Se usufruíssemos do que São Paulo tem, poderíamos ser verdadeiramente a locomotiva do basquete. O que vemos no cenário atual, porém, são clubes isoladamente sobrevivendo e não sabendo se o amanhã. Esporte não pode ser formado em clubes apenas. O sistema misto, ou seja, o que conjuga educação e clubes, é o modelo ideal. Para isso acontecer, deveria existir um catalisador para arregaçar as mangas e trabalhar pelo esporte. Acho que este deveria ser o papel de uma Federação Esportiva.

BNC: Como você vê o momento atual do basquete brasileiro? Está no caminho certo ou ainda estamos engatinhando em termos de gestão esportiva, marketing e condições de trabalho?
JFR: Acho que o basquete, via LNB, está no caminho certo, mas ainda está engatinhando se compararmos com as grandes potências internacionais. Não podemos esquecer que mesmo o futebol, que monopoliza economicamente os investimentos e o espaço da mídia, está engatinhando – e, pior, com péssimos exemplos dentro e fora do campo. Mas acredito que os investimentos cada vez maiores nos esportes olímpicos trarão uma nova geração de jovens competentes, empreendedores e criativos, e os velhos darão lugar para os novos. É uma questão de tempo apenas.

BNC: Aqui vai uma provocação: o Pinheiros faz um dos melhores trabalhos de base do país, mas no elenco adulto apenas o Davi atualmente tem espaço. Como fazer com que os atletas da base sejam aproveitados no adulto?
JFR: Vamos lá. Infelizmente os grandes talentos são exportados prematuramente por falta de opção ou por falta de confiança no basquete brasileiro. Vejo um cenário diferente com a crise na Europa e EUA e com um Campeonato Nacional forte (NBB). As perspectivas são muito boas para o futuro próximo. Vou dar alguns exemplos reais do Pinheiros: Fiorotto foi para a Europa e voltou, Caio Torres também, Lucas Ciplolini aos Estados Unidos, Helinho (agora no Paulistano) a mesma coisa, Thyago Aleo idem etc. Temos ex-Pinheirenses fora como o Jonathan Tavernari (na Itália), Gilson, Rodrigo Peru (NCAA) e agora mais dois estão indo. Fora isso, nunca existirá lugar para todos os juvenis no adulto. E o fundamental, que serve de conselho para os atletas de base que ficarão no adulto: não existe atalho para o sucesso. O atalho somente existe para os expecionais. Não entre em conversa fiada de promessas.

BNC: Por fim, uma pergunta "fácil": vocês estão no hexagonal final da Liga Sul-Americana e são apontados como favoritos ao título do NBB pelo elenco que têm. Conseguir a tríplice coroa passa pela cabeça de todos no clube, ou ainda é algo que não é conversado internamente?
JFR: Após a conquista do titulo lá em São José no vestiário disse a todos que nossos objetivos continuam ousados e a luta será pela tríplice coroa, sim. Com humildade e respeitando a todos, claro, mas acho que conquistamos a maturidade necessária para isso. Acho que poder entregar a SKY, nossa parceira, esta tríplice coroa seria uma forma de agradecimento por ter investido no Pinheiros e principalmente no esporte e basquete brasileiro.

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