Damiris e o exemplo do problema estrutural do Brasil
Conforme este blog antecipou há mais de dois meses, Damiris se transferiu mesmo para o Celta, da Espanha (no site da equipe ela é chamada de Damaris). E no sábado passado ela já estreou pelo clube que tem Carlos Colinas, ex-técnico da seleção brasileira, como coordenador-técnico. Anotou 16 pontos para ajudar o time a vencer o Ferrol na disputa da Copa da Galícia e conquistou o seu primeiro troféu em solo espanhol.
O que me espanta, porém, é como o basquete brasileiro não consegue entender que Damiris seria um produto muito importante neste momento – por aqui. Melhor jogadora do Mundial Sub19, ela disse, após a conquista do bronze com a seleção, que gostaria de permanecer no país para disputar a Liga de Basquete Feminino. O problema foi que o basquete brasileiro não lhe deu condições para isso.
Quem há de culpar a ala-pivô, já que a segunda edição da LBF corre risco de não acontecer? Se isso não fosse o bastante, seu (agora) ex–clube, o Jundiaí, não sinalizou, em nenhum momento, o interesse em participar da competição (a equipe disputa a A2 Paulista).
E aí o ciclo vicioso do basquete feminino brasileiro acaba por se alimentar sozinho, sem muito esforço dos principais mercados. Bons talentos surgem (quando surgem, claro), mas não há estrutura profissional para retê-los por aqui. Aí eles precisam sair para no mínimo entender que, sim, é possível viver de basquete – e que ele é profissional e levado a sério em algum canto do planeta.
Há risco de Damiris não evoluir tanto em solo espanhol? Há, claro (exemplos disso a gente conhece aos montes por aí). Lá se treina menos, e corre-se o risco de o seu time, na necessidade de vencer – e não de desenvolvê-la corretamente – colocá-la para jogar de pivô (a famosa "cincão"). Mas fica a pergunta: quem pode dizer que a menina de 19 anos está errada ao optar por um campeonato que possui mais de 25 jogos contra bons times, com razoável estrutura e uma tabela já definida?
Fica a lição.
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