Mais maduro e com fala mansa, Ênio Vecchi comanda feminina na Colômbia
Ênio Vecchi tem toda a sua carreira no basquete masculino, mas nada parece abalar a sua confiança em um bom trabalho com a seleção feminina que começa hoje a luta para conquistar a vaga nas Olimpíadas de Londres. Depois de dirigir a seleção dos rapazes no Mundial de 1994 (décima-primeira colocação em uma campanha que contou com derrotas para Chinal, Angola e Alemanha), Ênio parece muito maduro para reescrever a sua história. Conversei com ele em Americana. Confira o papo.
BALA NA CESTA: Quem te viu lá no Mundial de 1994 com a seleção masculina e quem te vê agora com a feminina nota uma pessoa completamente diferente. É isso mesmo?
ÊNIO VECCHI: Acho que é normal, né, na vida de todo mundo. A gente vai ganhando experiência, maturidade, mais conhecimento – bagagem enfim. Faz parte e estou muito feliz com a seleção feminina (nota do editor: Ênio não treinará o Vitória no NBB4 e permanecerá como técnico exclusivo da feminina até 2012). Tenho procurado me atualizar. E ser atual não significa deixar tudo o que aprendemos lá atrás, mas sim trazer o conhecimento adquirido para as experiências novas. Isso tem sido muito gratificante.
BNC: O que você espera do time nesse Pré-Olímpico? A Clarissa foi o grande destaque da fase de trienamentos/amistosos?
EV: Fizemos uma boa fase de preparação, com muito tempo e alguns bons amistosos. As meninas têm assimilado muito bem aquilo que tenho passado, e acho que essa troca de informações (minhas com as delas) têm sido fantástica. E, sim, a Clarissa tem se saído muitíssimo bem. É uma jogadora com uma vontade extraordinária e que tem nos ajudado muito.
BNC: Fui um dos grandes críticos de suas convocações, por achar que a seleção poderia estar mais renovada. Quais foram os critérios para a elaboração da sua lista?
EV: Respeito a sua avaliação, mas a inha veio do Campeonato Nacional, do Paulista e um ou outro jogo que a gente acompanha. Aqui o critério é técnico, simplesmente técnico pelo que vejo em treinamentos e jogos. Tem jogadoras que estão em bom momento, estão melhores, têm que ficar. Meu compromisso é em conseguir a vaga olímpica. Não levo em conta a idade. Acho, sinceramente, que a discussão deveria ser maior que essa ou aquela. O basquete brasileiro precisa investir em suas ligar nacionais, porque foi assim que os países cresceram. Na Turquia, há 40 times na segunda divisão feminina, e outros tantos na primeira. E o basquete de lá está crescendo. É assim que se desenvolve uma modalidade.
BNC: Mas você teve tempo de observar, por exemplo, os jogos de base, a A2 Paulista e as universitárias que estão os Estados Unidos em divisões importantes (a Thais Pinto é o maior exemplo)? Você conhece bem as atletas? Você fala que o critério é técnico, mas você não acha que deveria haver um planejamento maior para o futuro?
EV: Vi jogos da A2 e de Jundiaí, por exemplo, mas a verdade é que estas meninas ainda estão um pouco abaixo – na minha opinião. Acho que elas ainda não estão preparadas para o basquete adulto. E digo isso não pelas que não conheço, mas por algumas que vieram e que pude ver de perto.
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