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Bala na Cesta

Fã de Maradona, Diana Taurasi esquece doping e revive boa fase

Fábio Balassiano

09/08/2011 00h43

Diana Taurasi não teve um Natal tranqüilo em 2010. No dia 24 de dezembro, ela testou positivo para doping enquanto jogava no Fenerbahçe, da Turquia, e viu seu mundo cair. Considerada por muitos como a melhor jogadora do mundo, ela pegou suas malas e voltou para ficar com seus pais (Mario e Liliana – ele italiano, ela, argentina). O julgamento nem chegou a acontecer, já que o laboratório afirmou que errou na escolha dos potes e das substâncias da atleta de 29 anos e 1,83m. Mesmo inocente, o assunto deixou marcas: ela se nega a falar sobre o assunto (nas duas tentativas que fiz, ouvi um seco "próxima pergunta"). De todo modo, o papo com a bicampeã olímpica (fala agitada, respostas objetivas e nenhuma risada), bicampeã da WNBA (MVP em 2009) e campeã Mundial em 2010 valeu a pena. Confira abaixo.

BALA NA CESTA: Com 11-9, o Phoenix não está mal, mas não repete as boas campanhas dos anos anteriores (e mesmo assim venceram dez de 11 partidas em um momento da WNBA). Como está o time, que perdeu duas seguidas e hoje enfrenta o Minnesota em casa?
DIANA TAURASI: Estávamos jogando muito bem, mas demos uma caída mesmo. É normal. Mas o mais importante foi que encontramos ritmo e fluidez no ataque, algo que não estava acontecendo no começo da temporada e nos amistosos da pré-temporada também. Isso, sim, preocupava a gente. Voltaremos a vencer, tenho certeza disso.

BNC: Você está na WNBA desde 2004, e queria que você avaliasse como é o crescimento da liga nos EUA. Muita gente diz que o campeonato não é popular ainda. Procede?
DT: Não dá pra comparar a nossa história com a da NBA. Temos 15 anos. Eles, mais de 50. Seria injusto, mas o que posso te dizer é que temos uma liga forte e que está evoluindo a cada ano. O nível técnico dos jogos melhorou com a chegada de atletas estrangeiras, e por mais que os ginásios não fiquem completamente cheios, é possível perceber que quem vai se diverte e acompanha o basquete feminino.

BNC: Seus números caíram um pouco em relação aos da temporada passada, mas estão parecidos com os de 2009 (20,6 pontos, quatro assistências e 44,4% nos chutes em 2011; e 20,4, 3,5 e 44% em 2009), quando o Phoenix ganhou o título. Isso te preocupa?
DT: Cara, já passei da fase de ficar olhando estatísticas. Te confesso que antes, quando era mais nova, eu saía do jogo e ia ver quanto eu tinha feito. Pegava minha comida e ficava debruçada nos números. Era doentio. Hoje, não. Acho que sei exatamente o que preciso fazer em quadra para ajudar o meu time a vencer – e não o quanto. E acho que essa é a informação mais importante que coloco em minha cabeça: vitória ou derrota.

BNC: Este ano você não jogará pela seleção dos EUA, com quem você tem uma linda história desde as divisões de base (a única derrota dela na categoria adulta ocorreu no Brasil contra a Rússia, no Mundial de 2006), mas em 2012 espera estar nas Olimpíadas de Londres para tentar conquistar o tricampeonato olímpico com Geno Auriemma, seu técnico na Universidade de Connecticut?
DT: Sim, eu estarei lá com certeza – caso me queiram, claro. É um dos meus maiores prazeres vestir a camisa dos EUA e representar o meu país com minhas companheiras. É uma grande honra e quero muito estar em Londres. Jogar com o Geno é maravilhoso. Ele me conhece, e nossa relação ultrapassa a esfera esportiva. Conversamos muito até hoje, e é fantástico ainda poder jogar para ele. Poder compartilhar grandes momentos com ele é excepcional.

BNC: Um dos momentos que mais me chamaram a atenção em sua carreira aconteceu em 2008, quando nas Olimpíadas de 2008 você foi se encontrar com o Maradona, como uma grande fã (veja aqui). Como foi aquele momento?
DT: Na verdade eu sou fã de todos os esportes e futebol é o meu favorito. Cresci jogando, e meu pai foi atleta de futebol também. Sobre encontrar com o Diego? Posso te dizer que foi o momento em que fiquei mais nervosa em toda a minha vida para encontrar uma pessoa. As pernas tremiam, a mão suava, as palavras não saíam. Estar ao lado de um dos maiores jogadores de todos os tempos foi sem dúvida uma das coisas mais incríveis que já me aconteceram.

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