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Bala na Cesta

O terminal

Fábio Balassiano

04/07/2011 11h00

A seleção brasileira que se apresenta hoje em São Paulo tem uma cara diferente. É a de Larry Taylor, armador norte-americano de Bauru de 30 anos convocado por Rubén Magnano. Ele vive a expectativa de defender o time nacional em Mar del Plata e ajudar a equipe a conquistar a vaga para os Jogos Olímpicos que não vem há 15 anos. Na última sexta-feira eu conversei com ele pelo telefone. Confira o papo.

BALA NA CESTA: Como está a expectativa para se apresentar à seleção brasileira nesta segunda-feira?
LARRY TAYLOR: Está grande, cara. Eu me sinto um brasileiro, e será muito especial treinar com a seleção. Tomara que fique no grupo e joguemos um ótimo Pré-Olímpico na Argentina e consigamos a vaga nos Jogos de Londres. Minha família também ficou muito animada, me apoiou, porque sabe que sempre foi um sonho meu disputar uma Olimpíada. Em breve espero trazer a turma toda para conhecer o país.

— Poderia explicar de onde surgiu a ideia da naturalização? Ela veio antes de um eventual convite para a seleção, ou não?
— Na verdade o Guerrinha, meu técnico aqui em Bauru, conversou comigo em 2009 a respeito. Na metade de 2010 o Vanderlei, diretor de seleções da Confederação Brasileira, voltou com o assunto diretamente comigo, gostei da ideia e desde então começamos a mexer na papelada. Ele pediu todos os documentos e agora estou aguardando a resolução do processo para saber se vou poder atuar ou não. Partiu mais dele do que de mim, sem dúvida.

— O Rubén Magnano, técnico da seleção, disse que te convocou porque você é uma opção para a armação, posição carente no time brasileiro. Mas você não concorda comigo que está muito mais para um armador arremessador (o que os norte-americanos chamam de combo guard) do que para um organizador de jogadas? Está mais para Russell Westbrook e Derrick Rose do que para Jason Kidd e Rajon Rondo, certo?
— Sim, concordo inteiramente com você. Meu estilo de jogo é mais agressivo, e gosto mais de finalizar as jogadas. Agora, eu faço o que o time e o técnico me pedem. Entendo a situação e sei que terei que passar mais a bola na seleção. Então, em relação a isso, não haverá problema algum. Tenho um estilo complementar ao do Huertas, e não diferente do dele. Nós somos jogadores bem distintos. Ainda não conversei com o Magnano sobre isso, mas farei o que ele pedir, sem dúvida.

— Você sabe que a sua naturalização gerou uma série de críticas por parte de torcedores e da imprensa, não sabe? Como você encara isso tudo?
— Sabia que isso aconteceria, e li e ouvi muito do que foi comentado. Não tiro a razão de ninguém, mas eu não pedi para ser convocado, cara. Me chamaram, eu quero ir, eu vou. Amo o Brasil, mas sei que no grupo eu sou o diferente, sem dúvida. De todo modo, são todos adultos e saberemos conviver como irmãos que somos. Espero que me entendam e saibam que quero muito jogar as Olimpíadas com o Brasil. E lutaremos, todos juntos, por isso.

— Por fim, uma questão não muito simples: como você encara o fato de você, um norte-americano, querer defender a seleção brasileira, e Nenê, que nasceu e cresceu por aqui, ter pedido dispensa?
— Cara, cada um tem o seu motivo, e tenho que respeitar os do Nenê – que nem sei quais são. Ele mora nos EUA, está há quase dez anos na NBA, tem a maneira dele de enxergar as coisas. É um pouco estranha a atitude dele, mas cada um sabe o que faz. Eu quero jogar, e ele tem a maneira de pensar dele para não vir.

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