O professor Del Harris
Começou ontem em Belo Horizonte mais um curso da Escola Nacional de Treinadores de Basquete da CBB – foi o de nível 1, para os treinadores das categorias de 10 a 14 anos. E o principal nome entre os palestrantes é, sem dúvida, Del Harris, que foi assistente-técnico de New Jersey Nets, Chicago Bulls e Dallas Mavericks, além de treinador principal de Houston Rockets, Milwaukee Bucks e Los Angeles Lakers. Aos 73 anos (completados no dia 18 de junho), ele foi o primeiro técnico de Kobe Bryant na NBA, e falou com o Bala na Cesta depois da entrevista coletiva em Minas Gerais.
BALA NA CESTA: Quais as expectativas para o curso com os técnicos brasileiros?
DEL HARRIS: Acho que vai ser bem legal poder passar um pouco da minha experiência para os treinadores do Brasil. Falaremos sobre montagem de elenco e principalmente sobre defesa, que é a minha verdadeira paixão. Faremos alguns trabalhos voltados para a marcação de Pick n' Roll e os famosos movimentos de ataque de três contra dois, três contra três etc. . Acho que vai ser bem legal, e estou muito animado.
— O que você sabe sobre a modalidade no país?
— Sobre o basquete do país, já estive aqui na década de 70 (em 1973 e 1974), e sei da força da modalidade por aqui. Sempre foi muito difícil enfrentá-los, e atualmente podemos ver os atletas daqui na NBA. Barbosa (Leandrinho), Splitter, Nenê e Varejão são fantásticos, e fazem muito bem para a liga. Sei que o momento não é dos mais fáceis por aqui devido às ausências em Olimpíadas e colocações recentes em Mundiais, mas tenho certeza que logo os melhores dias voltarão.
— Falando em defesa, a sua especialidade, um dos grandes méritos do Dallas foi a marcação por zona nesta temporada, o senhor não acha?
— Olha, para ser sincero, desde que eu estive por lá (com os Mavs), em 2003, nós marcávamos por zona. A diferença é neste ano ela (a defesa por zona) foi muitíssimo mais utilizada pelo Dwane Casey (assistente-técnico responsável pela parte defensiva) e nós tínhamos o Shawn Bradley para fazer o "homem do meio de garrafão". O Rick Carlisle tem o Tyson Chandler, e você pode imaginar o que isso significa. Vou lhe dizer uma coisa: o Dirk Nowitzki é um fenômeno, o Jason Terry é fantástico, o Jason Kidd é sublime, mas sem o Chandler o título não viria.
Ele era a peça que faltava há oito, nove anos. Ele melhorou muito a marcação do Dallas, passou a dar mais volume de rebotes para a equipe e foi fundamental nas coberturas e rotações. Ou seja: um jogador completo. Além disso, o Chandler é fantástico fora da quadra. Todo mundo gosta dele, e é o tipo de atleta que todo treinador gosta de ter por perto.
— Por outro lado, o Miami Heat pecou pela individualidade do seu trio, concorda?
— Sim, isso me parece um fato incontestável. O LeBron James me lembrou muito o Kobe Bryant que treinei no começo da carreira. Queria resolver tudo sozinho, mas não sabia como. Quando encontrou a primeira dificuldade, não soube como passar e simplesmente "morreu" no restante da série. O que tentei transmitir ao Kobe lá em 1997 e 1998 é que nenhum jogador consegue vencer sozinho, e essa lição merece ser aprendida pelo LeBron e pelo Miami.
Eles são fantásticos, jovens, atléticos e têm muita chance de título, mas precisam amadurecer e entender o basquete como ele realmente é em sua essência (coletivo e altruísta). Na parte tática, o time precisa passar melhor a bola, defender melhor os pick n' rolls e ajustar a marcação do lado oposto, que foi terrível nas finais contra o Dallas (vale ressaltar o mérito que o Barea teve neste sentido, já que ele abriu totalmente a marcação do Miami).
— Dos jogadores que você treinou, Kobe Bryant foi o melhor?
— Quando eu o treinava, ele não era melhor do que o Dirk que treinei (eram fases diferentes de cada um – o Kobe começando, muito novo, e o alemão mais maduro, mais testado), mas no "conjunto da obra" sem dúvida é um dos cinco melhores de todos os tempos. E eu não tive o prazer de trabalhar com Jordan e Magic…
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.