Topo

Bala na Cesta

Izabella em detalhes

Fábio Balassiano

20/06/2011 15h50

Eleita a melhor jogadora da Copa América Sub-16 feminina ao lado da norte-americana Rebecca Greenwell, a simpática Izabella Sangalli foi obviamente o principal destaque do Brasil na competição. Na frieza dos números, seu desempenho foi exuberante: 17,2 pontos (a líder do torneio), 3,4 assistências (também o melhor índice), 3,8 roubadas (a terceira) e a que mais vezes foi à linha de lance-livre (20 – seu aproveitamento, no entanto, ficou em 60,6%).

Mas nem tudo são flores para a ótima jogadora de Americana (fico imaginando como o clube ficará ao saber que a atleta, que já treina em 2011 com a seleção Sub-19 permanente da CBB, também permanecerá com a Confederação em 2012). Suas deficiências, mostradas no Sul-Americano Sub-15 de 2010 (no Uruguai), permanecem exatamente as mesmas (o que dá a impressão de que não houve evolução tão grande assim). No ano passado, Izabella teve 34,3% nos dois pontos, 15,4% nos tiros longos e 7,2 erros por jogo. Na Copa América que terminou no sábado em Mérida, no México, 35,1% de perto, 19% nos chutes de três e 3,4 desperdícios.

Se isso não bastasse, a comissão técnica não corrigiu um problema crônico: a concentração absurda no bom jogo ofensivo da ala. No Sul-Americano de 2010, 80 dos 371 arremessos do time (21,5%) vieram de Izabella. Neste ano, 98 dos 343 (28,5%). Isso, claro, não é bom nem pra ela e muito menos para o time, que fica refém de apenas uma atleta (isso sem falar sobre o princípio básico do basquete, o de que cinco valem mais que uma). Izabella não tem culpa, e de fato ela não se esconde do jogo, mas as noções do jogo coletivo precisam ser transmitidas para ela por Janeth ou pela comissão técnica de Americana rapidamente, para que não haja distorções adiante.

Izabella é jovem (16 anos), alta (1,78m), tem ótimo físico, uma cabeça excelente e pode se beneficiar de um papel não tão prioritário nas seleções Sub-17 e Sub-19 que pode integrar até o final do ano (com responsabilidade dividida, provavelmente seu comportamento mudará). É uma das melhores atletas de sua geração, tem tudo para se tornar uma atleta de ótimo nível e este post pode ser duro em relação a alguém que tanto aprecio e gosto, mas acho que uma análise baba-ovo não ajudaria em nada. Chegou o momento de a atleta parar e analisar sensatamente os aspectos de seu jogo. Não é pressão antecipada e demasiada, mas sim para tentar moldar aquela que pode ser a cara do basquete feminino brasileiro em alguns anos. A hora é agora.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.