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Bala na Cesta

Saída de Caxias do Sul é ruim para o NBB, mas rotatividade é menor do que se imagina - veja dados!

Fábio Balassiano

07/08/2018 05h00

Crédito: Divulgação Caxias do Sul

Como coloquei aqui ontem, a Liga Nacional de Basquete anunciou os 14 times que disputarão a próxima temporada do NBB. E o nome de Caxias do Sul não está entre eles. A ausência da equipe, um dos destaques do último campeonato, gerou acalorado debate sobre a rotatividade dos times na elite do basquete nacional, papéis e responsabilidades da LNB e muito mais.

Fui pesquisar mais a fundo a respeito da rotatividade das equipes desde a fundação da Liga Nacional (2008/2009), dei uma comparada com a Superliga Masculina de vôlei (no mesmo período, claro) e abaixo estão os dados:

Equipes inscritas nos últimos 10 anos, a partir da temporada 2008/2009:
NBB: 26
Superliga: 35

Equipes que fecharam as portas:
NBB: 9
Superliga: 23

Equipes ativas até 2017/2018 na divisão de elite
NBB: 15
Superliga: 12

Equipes que disputaram a temporada 2008/2009 e ainda estão ativas:
NBB: 6
Superliga: 2

Das equipes que disputaram o último campeonato (NBB 15 equipes, Superliga 12 equipes) a média de anos de participação é de:
NBB: 6,8 anos
Superliga: 5,8 anos

Média de duração de todas as equipes de cada Liga (NBB 27 equipes; SL 35 equipes)
NBB: 5,5 anos
Superliga: 3,8 anos

A conclusão óbvia é que falamos de esportes olímpicos, ou seja, com 10%, 20% da verba e da atenção destinadas ao futebol. Isso castiga, faz com que o número de equipes dê uma mexida grande mesmo ao longo do tempo, mas está bem óbvia a solidez do trabalho da Liga Nacional de Basquete e de seus times ao longo do tempo. Com o cenário macroeconômico terrível do nosso país, manter times profissionais de esportes não-futebol têm sido um trabalho hercúleo, não há a menor das dúvidas.

De todo modo, acho importante calibrar um pouco o olhar neste momento. É raríssimo de acontecer, mas desde a fundação da Liga Nacional ainda estão atuando no NBB Flamengo, Minas, Pinheiros, Paulistano, Bauru e Franca (se quiserem, podem colocar ainda Joinville, Brasília e São José, que saíram e retornaram agora). Se não é o ideal, e não é mesmo porque o perfeccionismo seria que TODOS os integrantes se mantivessem em atividade, temos 6 agremiações que estão em atividade profissional há exatamente uma década.

Crédito: Luiz Pires / LNB

Em um país com monocultura esportiva, ou ausência de cultura esportiva, como preferirem dizer, acho uma baita marca. Vale dizer que três deles já foram campeões (Flamengo, Bauru e Paulistano), numa prova de que a longevidade e o trabalho de longo prazo rendem frutos (Bauru e Paulistano são os dois campeões mais recentes).

A saída de Caxias do Sul é ruim para o NBB. Perde-se um time da região Sul do país, de uma cidade importante e cuja comunidade abraçou o time. Os números, entretanto, estão aí pra quem quiser ver e mostram que a longevidade dos times desde a fundação da Liga Nacional é muito maior do que muita gente pensa quando fala sobre o tema.

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