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Bala na Cesta

Superação e decepção na temporada dos técnicos da NBA, por Heber Costa

Fábio Balassiano

16/06/2018 06h13

* Por Heber Costa

A temporada da NBA terminou e já é possível fazer um resumo da situação dos técnicos e das trocas de comando. Como sempre, há os melhores do ano, os de desempenho mediano e os que foram pra fogueira.

TÉCNICOS DO ANO

A NBA anunciou os finalistas do páreo de Técnico do Ano:

• Com a melhor campanha do Leste, DWANE CASEY (RAPTORS) chegou a ser votado pela associação de técnicos como o melhor do ano, mas a pós-temporada decepcionante do Toronto e a subsequente demissão dele são difíceis de ignorar.

• O nome de BRAD STEVENS (CELTICS) surgiu com força após uma campanha surpreendente com um time desfalcado de suas estrelas, especialmente nos Playoffs.

• QUIN SNYDER (JAZZ) construiu um time sólido mesmo depois de perder Hayward e Hill, contando com o brilho do calouro Donovan Mitchell para chegar à semifinal do Oeste.

Além dos três finalistas, outros nomes foram cogitados:

• BRETT BROWN (76ERS) fez o Philly saltar de 28 vitórias em 2017-18 para 52 em 2018-19, trazendo um elenco renovado sob a batuta de Ben Simmons.

• NATE MCMILLAN (PACERS) superou todas projeções com um time jovem e ágil, liderado por um renovado Victor Oladipo.

• MIKE D'ANTONI (ROCKETS), vencedor do ano passado, apareceu novamente na disputa após ter a melhor campanha geral na temporada regular, em que o Houston simplesmente voou com o provável MVP James Harden.

EM BANHO-MARIA

Fora dos Playoffs e sem qualquer expectativa em relação aos seus times (em processo de renovação), RICK CARLISLE (MAVS), LUKE WALTON (LAKERS), DAVE JOERGER (KINGS) e KENNY ATKINSON (NETS) continuam tranquilamente onde estão.

• Em um ano empesteado de lesões e saídas (Chris Paul, Blake Griffin) que mudaram a base do time, DOC RIVERS (CLIPPERS) não conseguiu levar sua equipe aos Playoffs, o que não acontecia há 6 anos. Rivers chegou a ser especulado em outras franquias, mas ele tem mais um ano de contrato e já confirmou que vai ficar até o fim.

• Apesar da campanha irregular, TOM THIBODEAU (WOLVES) conseguiu classificar seu time literalmente nos últimos segundos da temporada. Em início de projeto e tendo perdido Butler num momento crucial, nada teria acontecido mesmo que tivesse ficado de fora. • Prejudicado por lesões e numa franquia pouco dada a mudanças bruscas, SCOTT BROOKS (WIZARDS) permanece firme em Washington após a esperada derrota na primeira rodada do mata-mata.

• Um pouco mais discreto do que ano passado, ERIK SPOELSTRA (HEAT) novamente fez um bom trabalho no comando de um time sem grandes estrelas e segue como técnico do Miami.

• O cargo de GREG POPOVICH (SPURS) também continua mais do que estável, apesar do esperado ocaso das estrelas do San Antonio e da turbulenta ausência de Kawhi Leonard terem tirado o brilho da ótima temporada de LaMarcus Aldridge e da incrível capacidade de Pop de arrancar boas apresentações um elenco de qualidade mista.

• Apesar da incontestável conquista do campeonato, STEVE KERR (WARRIORS) não chegou a ser sequer cogitado para técnico do ano, provavelmente pela temporada regular nada mais que morna do Golden State. Ao contrário do ano passado, Kerr conseguiu passar a temporada inteira no banco, mesmo com sua lesão crônica nas costas.

SALVOS PELA TEMPORADA

FRED HOIBERG (BULLS) estava na berlinda após um ano anterior ruim e a saída de Jimmy Butler, mas um resultado melhor que o esperado nessa troca (que trouxe Dunn, Lavine e Markkanen) e lampejos de combatividade do time ajudaram o técnico a garantir sua permanência, já confirmada pelo GM John Paxson.

• Rumores da queda de BILLY DONOVAN (THUNDER) foram atenuados graças ao OKC ter chegado aos Playoffs na penúltima partida, mas a oscilação do time adentrou a pós-temporada, resultando numa eliminação de primeira rodada para o Utah. O encaixe das estrelas do time será decisivo para o futuro dele.

• ALVIN GENTRY (PELICANS) estava sob pressão no início da temporada, mas a boa integração entre as estrelas Cousins e Davis e, principalmente, o bom desempenho do Pelicans na pós-temporada depois de perder Cousins tiraram a corda do pescoço dele. Com isso, Gentry assinou uma extensão contratual até 2021.

• TERRY STOTTS (BLAZERS) viveu altos e baixos este ano: Portland teve um início fraco, mas na reta final da temporada cresceu de produção, levando o nome de Stotts a ser cogitado como azarão na corrida de Técnico do Ano. A varrida que sofreu contra o Pelicans, porém, jogou novamente o técnico na fogueira. As últimas notícias dão conta de que ele permanece para 2018-19.

• À frente de uma equipe jovem, MIKE MALONE (NUGGETS) começou a sofrer pressão por resultados. Ficou de fora dos Playoffs nos últimos instantes, mas o bom esforço na reta final e o fato de Paul Millsap ter perdido metade da temporada aliviaram um pouco a barra do técnico, que já foi confirmado para 2018-19.

• A situação de TYRONN LUE (CAVS) é das mais estranhas: embora tenha chegado à final nos últimos quatro anos (vencendo uma), não há ninguém que não atribua esse sucesso ao desempenho cada vez mais incrível de LeBron James. Considerado um técnico medíocre, Lue parece estar a salvo — ao menos enquanto LeBron não toma uma decisão quanto à sua opção de contrato para continuar no Cleveland.

DANÇA DAS CADEIRAS

HAWKS: Como já esperado, MIKE BUDENHOLZER, técnico do ano em 2014-15, acertou sua saída do Atlanta, onde estava desde 2013. A franquia acabou trazendo para comandar sua reconstrução o pouco conhecido LLOYD PIERCE, que estava atuando como assistente técnico no "processo" do 76ers. Pierce trabalhou também no Cleveland e no Memphis, sempre com foco em desenvolvimento de jogadores.

BUCKS: JOE PRUNTY, interino que assumiu após a demissão de JASON KIDD, conseguiu levar o Milwaukee à pós-temporada, mas perdeu o cargo mesmo assim. Prunty foi ser assistente técnico no Phoenix. Os rumores se confirmaram, e MIKE BUDENHOLZER foi contratado para a vaga mais cobiçada da NBA no momento. A expectativa é que Budenholzer consiga extrair todo o potencial de um time que já mostra certa maturidade.

SUNS: Demitido após três partidas na temporada, EARL WATSON deu lugar ao interino JAY TRIANO. Após uma campanha péssima, Triano foi dispensado pelo Suns e virou assistente no Hornets. Com jovens no elenco e a 1ª escolha do próximo Draft, a franquia queria um técnico com foco no desenvolvimento. A escolha foi IGOR KOKOŠKOV, que já integrou comissões técnicas de seis times da NBA e conquistou o EuroBasket 2017 no comando da Eslovênia de Goran Dragic e da promessa Luka Doncic, melhor talento disponível no Draft 2018.

GRIZZLIES: Após a demissão de Fizdale (que se desentendeu com o astro Mark Gasol), J.B. BICKERSTAFF assumiu o time. Apesar do pior aproveitamento (24%) entre os técnicos, Bickerstaff teve apoio de Conley e Gasol. Bickerstaff segue no comando, agora como treinador principal. JERRY STACKHOUSE (campeão da G-League à frente do Raptors 905), que chegou a concorrer à vaga de técnico em algumas franquias, entra como assistente de Bickerstaff no Memphis.

KNICKS: Remanescente da gestão Phil Jackson, JEFF HORNACEK queria continuar, mas a nova gerência do Knicks acabou demitindo tanto ele como o assistente Kurt Rambis. Em um processo confuso, o Knicks entrevistou candidatos dos mais diversos perfis e acabou contratando DAVID FIZDALE, uma boa escolha. Os contatos do novo técnico com a estrela Porzingis parecem promissores.

RAPTORS: Apesar da melhor campanha da história da franquia, DWANE CASEY foi demitido. O desempenho apático na pós-temporada pressionou Masai Ujiri, gerente do Toronto, que em 2017 tinha prometido mudança de cultura. Para o cargo, o Raptors promoveu o assistente NICK NURSE, um forte candidato a técnico também em outras franquias. Toronto parece querer dar continuidade ao trabalho. Resta observar qual será o diferencial do comando de Nurse.

HORNETS: Com mais uma campanha fraca e as lesões no time, STEVE CLIFFORD acabou caindo. Ele estava em sua 5ª temporada, chegando só duas vezes aos Playoffs. Isso já era esperado depois que o dono Michael Jordan contratou Mitch Kupchak (ex-Lakers) para o cargo de gerente-geral. O Hornets contratou JAMES BORREGO, mais um da escola de San Antonio. A chegada de um técnico com pouca experiência pode indicar uma mudança de rumo na franquia, mas Jordan não parece animado para uma reconstrução.

MAGIC: Conhecido por boas defesas em Indiana, FRANK VOGEL foi um fracasso nas duas temporadas à frente do Orlando. Apesar do início promissor em 2017-18, o time caiu de produção e sofreu com lesões. A nova gerência, que assumiu em 2017, decidiu então dispensar Vogel. O Orlando não perdeu tempo e assinou com STEVE CLIFFORD, um dos melhores nomes disponíveis no mercado, mas com um elenco disfuncional o novo técnico e a nova gerência terão uma tarefa ingrata pela frente.

PISTONS: Na 4ª temporada como técnico e presidente em Detroit, STAN VAN GUNDY mais uma vez ficou abaixo dos 50% de aproveitamento e fora dos Playoffs — o time só chegou uma vez nos últimos 9 anos. Após negociações com o dono Tom Gores, Van Gundy acabou deixando o cargo. Para o seu lugar, o Detroit trouxe DWANE CASEY, recém-demitido do Toronto, certamente pensando em aproveitar Blake Griffin e um elenco experiente para tentar chegar à pós-temporada.

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