Topo

Bala na Cesta

Sobre a chegada de Gustavo de Conti para ser o técnico do Flamengo

Fábio Balassiano

06/06/2018 05h00

O basquete brasileiro foi surpreendido sefunda-feira de manhã quando a Carol Oliveira divulgou na Globo.com que o Flamengo contratou Gustavo de Conti para ser seu novo treinador (o clube confirmou a informação logo em seguida). Com contrato de dois anos, o técnico que conquistou o NBB pelo Paulistano no último sábado vem para ser o comandante rubro-negro em um desafio gigantesco.

Em primeiro lugar, vale o Podcast com Gustavo de Conti que gravamos na noite de segunda-feira. Ele explicou que entende que seu ciclo no Paulistano havia se encerrado depois de 21 anos no clube (entre divisão de base e basquete adulto) e que uma proposta como a do Flamengo entra no hall daquelas irrecusáveis. Isso é inquestionável, e obviamente ele chega ao Rio de Janeiro muito valorizado não pelo troféu levantado no sábado, mas sobretudo pela qualidade do que ele conseguiu apresentar em oito temporadas pela agremiação da capital paulista (escrevi disso no domingo aqui).

Acho que a grande questão que fará Gustavo ter ou não sucesso no Flamengo é a forma como ele lidará, pela primeira vez em sua carreira em clubes, com as estrelas que o elenco rubro-negro terá à disposição. Da perspectiva de um técnico, é bastante diferente quando ele era O cara no Paulistano para o fato de, no Rio de Janeiro, ter que passar informações e instruções para jogadores consagrados como Anderson Varejão (já renovado) e Marquinhos (não se sabe se continua, mas creio que sim…). De Conti sempre foi metódico, enérgico, intenso. Como será a recepção de atletas mais experientes e que nem sempre lidam bem com cobranças?

No Paulistano a situação era inversa, né? Ele era o chefe, contratava os jogadores e os atletas que chegavam sabiam exatamente o que iriam encontrar. No Flamengo creio que haverá uma fase de adaptação do clube ao técnico e do técnico a filosofia e ao dia a dia do clube. É natural e eu torço para que ambos tenham paciência para aprender, entender e abrir a guarda em algumas ocasiões.

Outro ponto importante é que no Paulistano ele realizava, como disse o Pedro Rodrigues ao telefone comigo nesta segunda-feira, um trabalho quase que autoral, biográfico, dele. No Flamengo será diferente. No Paulistano a estrela era ele – e todos sabiam disso. No Flamengo, a estrela é o clube, o pavilhão, a série infindável de conquistas. Gustavo não é vaidoso, não é isso, mas sempre teve total liberdade para construir, mudar, mexer, trocar o quanto quis, o quanto desejou. A conjugação da vontade do treinador com a expectativa do clube é importante para que o casamento dê certo – e sem deixar ressentimentos nas duas partes.

Do ponto de vista estritamente técnico e tático, não há dúvida que o Flamengo acertou em cheio. Gustavo é um dos melhores treinadores do país há tempos e vem pra dar uma oxigenada no projeto de basquete da equipe que não vence nada há duas temporadas mesmo tendo um dos orçamentos mais altos do NBB.

Boa sorte ao inconformado técnico nesta sua nova empreitada.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.