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Bala na Cesta

Toda reverência a Tiago Splitter, agora ex-jogador mas pra sempre um craque

Fábio Balassiano

21/02/2018 06h00

Começava a acompanhar basquete com um pouco mais de afinco no começo deste século quando li em algum lugar (hoje não vou lembrar exatamente o veículo) que havia um brasileiro de 16, 17 anos despontando na Europa com muita expectativa de sucesso. Era Tiago Splitter, pivô que foi pinçado pelo Baskonia cedo, cedinho e que trilhava um começo de caminhada no Velho Mundo.

No Mundial de 2002, em Indianápolis, eu "conheci" Tiago quando ele, aos 17 anos, representava o Brasil na competição. Das atuações que ele teve no torneio, a que chamou a atenção de todo mundo foi justamente a contra a Espanha. Em 16 minutos, 13 pontos e 3 rebotes contra um rival que tinha "só" Pau Gasol do outro lado da quadra. Havia algo especial naquele rapaz que vestiu a camisa 7.

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Dali pra frente todo mundo sabe no que Splitter se tornou. Melhor pivô da Europa por anos seguidos, campeão Espanhol em 2008 e 2010, MVP da temporada regular e das finais em 2010, bicampeão da Copa do Rei (2006 e 2009), era Tiago que sempre se apresentava à seleção brasileira pra jogar qualquer tipo de competição. Tinha seleção, e o gigante do Baskonia estava lá. Pra jogar Sul-americana, Copa América, Mundial, Pré-Olímpico, Torneio amistoso, tudo. E sempre se doando, se entregando, trazendo com ele um profissionalismo e um caráter bem acima da média.

Em 2010 Tiago foi parar na NBA, onde brilhou pelo San Antonio Spurs, sendo campeão como titular em 2014 jogando ao lado de um dos melhores jogadores de garrafão da história do basquete (Tim Duncan). Nos Estados Unidos, Splitter experimentou o gosto de ser mais coadjuvante do que primeira opção, algo que viveu na Europa. Sem a menor cerimônia ou melindre o camisa 22 texano abraçou a causa, fez o que o técnico Gregg Popovich esperava dele e se tornou peça bem efetiva do Spurs.

Vocês conhecem o final dessa história, e obviamente sabem que se aposentar tão jovem (33 anos) não é das coisas mais fáceis a se fazer. Mas o corpo de Tiago pediu descanso, pediu um tempo e um dos caras mais legais, mais éticos, mais educados do basquete brasileiro está se aposentando com a sensação do dever mais do que cumprido.

É raro encontrar no esporte pessoas tão bacanas, tão respeitadoras e tão tranquilas no lidar quanto Tiago Splitter. Um cara sem afetação, que aos poucos foi entendendo melhor o trabalho da imprensa (demorou um pouquinho, confesso…) e que sempre atendeu lindamente aos fãs. Se há, e deve haver realmente, a frustração de ter que aposentar não porque ele quer mas porque seu corpo pediu, ao mesmo tempo todos os que o acompanharam como atleta desejam que Splitter tenha uma carreira tão brilhante quanto a primeira etapa de sua vida profissional.

Aos 33 anos, jovem pra caramba do ponto de vista não esportivo da coisa, Tiago Splitter está pronto pra recomeçar. E não tenho a menor dúvida que ele terá tanto sucesso quanto ele teve como jogador.

Parabéns pela carreira e boa sorte nos próximos passos, Tiago!

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