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Bala na Cesta

Lista de exigências da FIBA para CBB vai de mudança do estatuto a paz com a Liga Nacional

Fábio Balassiano

26/06/2017 06h10

Na semana passada a Confederação comemorou o fim da suspensão a modalidade. A Federação Internacional, porém, foi mais comedida e afirmou em seu próprio site que acompanhará a situação da entidade máxima brasileira muito de perto, que há uma série de medidas emergenciais a serem feitas e que depois de dois meses fará uma avaliação final (o famoso vai ou racha).

Embora a CBB trate do tema com tranquilidade, fazendo analogia entre um paciente em estado crítico que sai da CTI e vai para o quarto precisando de acompanhamento de perto da equipe médica, pra FIBA não é tão simples assim. O blog apurou que o clima na reunião de semana passada na Suíça foi tenso, que por pouco a suspensão não foi mantida e que a liberação do basquete brasileiro não foi unânime.

Mais que isso. Confirmadas por três diferentes fontes, divulgo em primeira mão as medidas que precisam ser feitas pela Confederação Brasileira em dois meses:

a) Mudança do Estatuto -> É necessária uma profunda alteração na legislação da CBB, considerada arcaica, viciada e cheia de buracos pela Federação Internacional. A FIBA deseja uma participação maior dos atletas, ex-atletas, técnicos, clubes e árbitros, em um modelo que já existe, por exemplo, na Federação Espanhola. Comenta-se que a Confederação Brasileira esteja avaliando isso com carinho, mas tem tentado ver o impacto de algumas mudanças com as Federações que recentemente elegeram Guy Peixoto para que uma possível alteração estatutária não mexa com a (boa) relação que há entre as Federações Estaduais e a presidência atualmente.

b) Plano financeiro da liquidação da dívida -> A FIBA deseja ver um detalhado plano de pagamento das dívidas que superam os R$ 15 milhões. Não só isso, mas sobretudo prazos e a forma de execução dos problemas financeiros. A CBB já teria apresentado a Federação Internacional a primeira versão de seu planejamento para acabar com a dívida.

c) Auditoria externa nas contas da entidade -> Já está em andamento desde o começo da gestão Guy Peixoto, e é uma exigência fortíssima da FIBA, que quer saber exatamente o que aconteceu na CBB durante os oito anos da gestão Carlos Nunes. Por motivos de confidencialidade, nenhuma das duas entidades (Federação Internacional e Confederação Brasileira) pode falar muito a respeito.

d) Plano de reestruturação aprovado por Ministério do Esporte e Comitê Olímpico Brasileiro -> A CBB entregou na semana passada um plano para os próximos quatro anos. O enviado da entidade, Carlos Fontenelle, deixou nas mãos da FIBA um relatório completo do que a entidade máxima do basquete brasileiro deseja fazer na gestão Guy Peixoto. Ter a concordância do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Ministério do Esporte é um passo importante a ser dado, e a figura de Marcus Vinicius Freire, ex-COB, recentemente contratado como consultor da Confederação Brasileira e com bom trânsito nas duas entidades, é um trunfo que Guy carrega consigo.

e) Alinhamento entre CBB e Liga Nacional de Basquete -> Foi tema de texto aqui na semana passada. Ninguém no alto escalão da FIBA quer saber mais de brigas internas por aqui. E estranhou o fato de, até agora, a nova gestão da Confederação Brasileira não ter chamado oficial e formalmente a Liga Nacional de Basquete para uma conversa. Uma convivência pacífica entre CBB e LNB é tida pela FIBA como essencial para o sucesso da modalidade por aqui.

f) Trabalho contínuo com as Federações e Campeonatos de Base -> Não pegou nada bem na Federação Internacional o fato da gestão Carlos Nunes ter abandonado totalmente o trabalho de base. Os Campeonatos das divisões inferiores são prioridade para Guy Peixoto, e é assim que a FIBA espera também. Cobrar das Federações que elas trabalhem de maneira mais organizada e planejada também está na ordem do dia para o órgão máximo do basquete brasileiro.

g) Basquete Feminino forte -> Se há um segmento que preocupa a FIBA aqui no Brasil, este é o feminino. Ninguém da Federação Internacional está satisfeito com os rumos da modalidade das meninas por aqui e um plano emergencial e detalhado foi solicitado. Vale lembrar que as últimas conquistas do basquete por aqui vieram justamente com o feminino (Mundial de 1994 e Olimpíadas de 1996 e 2000).

A FIBA se reúne novamente no final de agosto para selar o destino do basquete brasileiro, mas já deixou clara a situação dos times nacionais em competições desta temporada: as seleções adultas estão confirmadas em suas respectivas Copa Américas, mas a Sub-19 está realmente fora do Mundial da categoria que será disputado no próximo mês na Itália.

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