Topo

Bala na Cesta

Spurs dá aula de basquete, elimina o Rockets, avança à final do Oeste e expõe James Harden

Fábio Balassiano

11/05/2017 23h15

Então imagina você que o San Antonio Spurs entra em quadra para a partida número 6 da semifinal do Oeste fora de casa contra o Houston Rockets sem seu armador titular e sem seu melhor jogador (lesionados). São simplesmente Tony Parker e Kawhi Leonard, que foram os dois últimos MVP's do time nas finais (2007 e 2014).

E aí o que acontece? O San Antonio aplica uma verdadeira AULA DE BASQUETE no Texas, vence o rival por 114-75, fecha o duelo por 4-2, avança à final de conferência, onde enfrentará o Golden State Warriors a partir de domingo, e pra fechar a temporada do Houston Rockets com chave de lata expõe James Harden, o melhor atleta do adversário, ao ridículo.

Desculpem se não vou me alongar muito na aula incrível do San Antonio Spurs, que teve 34 pontos de LaMarcus Aldridge e 32 assistências em 51 arremessos convertidos (ótimo índice e que mostra muito bem como se pensa coletivamente na franquia há 20 anos), mas me impressionou demais a atitude de James Harden neste jogo 6 de quinta-feira no Texas. A atitude, não. A falta dela.

Sei bem que o Barba ficou chateado com a derrota de seu time na terça-feira em San Antonio, que não engoliu o toco soberbo que Manu Ginóbili lhe aplicou no lance final da prorrogação de um jogo que estava nas mãos de seu time em alguns momentos, mas é inadmissível que um candidato a MVP da temporada termine o campeonato com uma atuação tão apática, tão fora de contexto, tão abaixo do aceitável assim. Tipo: seu time está contra a parede com 2-3, todos ali precisam de seus pontos, de seu talento, a casa está caindo, e como você reage? Arremessando apenas duas vezes no primeiro tempo, 11 ao todo, acertando duas delas, terminando o jogo com apenas 10 pontos e seis desperdícios de bola? Isso não é normal e não pode ser considerado "tranquilo". Errar não é problema. Não tentar, sim.

James Harden é talentoso, joga muita bola, mas não é só de habilidade que são feitos os grandes craques deste esporte. É óbvio que Mike D'Antoni, o técnico, deve ser cobrado pelo que se viu em quadra nesta quinta-feira com seu time totalmente apático, mas em relação ao camisa 13 vale dizer que senso de liderança, comprometimento com a causa e uma palavrinha em inglês muito conhecida ("desire", ou desejo em português) também fazem parte, digamos, da caixinha de ferramentas dos melhores atletas deste planeta. E nada disso foi mostrado por Harden no Toyota Center nesta noite.

OK, e para quem gosta de comparações, vamos lá pra fechar este texto. No último jogo da temporada Russell Westbrook teve 47 pontos, 11 rebotes e 9 assistências. Em seu último, James Harden teve 10 pontos, 3 rebotes e 7 assistências. O Barba tentou 10 arremessos. Russ tentou 34. E aí o verbo é importante: Westbrook TENTOU. Harden, por sua vez, abdicou do jogo na primeira oportunidade em que seu time esteve à beira da eliminação nesta temporada. Em português mega claro: o cara desistiu do jogo antes mesmo da partida começar. Feio, bem feio.

James Harden é excelente com a bola nas mãos, mas não dá pra esconder a minha decepção com a péssima atitude no jogo 6 desta noite em Houston. Diante de uma torcida que o idolatra, contra um adversário desfalcado e remendado, com seu time precisando de um suporte depois da doída derrota de terça-feira em San Antonio a atuação de Harden é daquelas que quem gosta dele fará questão de esquecer amanhã de tão tenebrosa que foi.

Que pra temporada 2017-2018 ele continue sendo genial com a bola nas mãos. E que não desista do jogo quando a sua equipe mais precisar dele. Como foi na noite de 11 de maio de 2017 em Houston. Que pena.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.