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Bala na Cesta

Fala, Leitor: Sobre a história, mudanças e o futuro da posição 1, por Daniel Toledo

Fábio Balassiano

09/01/2017 13h00

* Por Daniel Toledo

jordan1Interessei-me muito pelo tema da posição 1 e, incentivado pelo Fábio e pegando carona no ótimo texto escrito pelo Helder Souza, vou deixar algumas reflexões sobre o assunto.

Acompanho basquete desde o final dos anos 80, época em que os jogos da NBA foram transmitidos pela Band. Sendo assim, acompanhei alguma coisa dos Lakers, Celtics e Pistons dos anos 80, depois muito mais claramente o domínio das 2 formações dos Bulls dos anos 90, com menções honrosas a timaços daquela década como Blazers, Suns, Rockets, Magic, Jazz e Knicks, e por último Spurs anos 90-00, Lakers com Shaq/Kobe e Kobe/Gasol, Heat, Celtics, Warriors e Cavs no século presente. Obviamente não acompanhei times históricos mais antigos, mas sou um cara que gosta de correr atrás e procurar aprender sobre.

magic1A meu ver o primeiro cara a transformar completamente a posição 1, a de armador, foi Magic Johnson, do Los Angeles Lakers. E que transformação, amigos! Um jogador de mais de 2 metros de altura com uma mobilidade tremenda, passes magistrais, rei do fast-break (contra-ataque), e sobretudo completo (acho o melhor neste quesito, seguido de Lebron James), capaz de jogar nas 5 posições se necessário. O que ele fez no último jogo das finais de 1980 sendo um calouro, após a contusão de Kareem-Abdul Jabbar, jogando de pivô, levando os Lakers ao título e sendo o MVP das finais foi surreal! Foram 42 pontos, 15 rebotes e 7 assistências.

stockton1Antes de Magic tínhamos armadores mais baixos, que davam muitas assistências e só jogavam naquela posição. O maior exemplo foi Bob Cousy, que regeu o multicampeão Celtics dos anos 50/60 e a exceção foi Oscar Robetson, o rei do Trible-Double à época.

Falando da era pós-Magic, voltamos aos armadores típicos, o qual considero John Stockton o maior expoente. Stockton era um maestro em quadra, QI de basquete absurdo, média de assistências incrível, ditava o ritmo do jogo. Era bom pontuador e arremessador dos 3 e de perímetro, todavia estes predicados não eram seu ponto forte. Tampouco era completo e atlético, pelo contrário, era baixo, magro, pouca impulsão e incapaz de jogar nas outras 4 posições. Ele propiciava N jogadas, pick and rolls maravilhosos assistindo Karl Malone, contudo poucas vezes criava seu próprio arremesso.

curry10No basquete atual, ainda temos os armadores que conhecemos chamando de organizadores, tais como Kyrie Irving, Tony Parker, Chris Paul, entre outros, mas comparados a John Stockton, eles são mais pontuadores, infiltram melhor, criam suas próprias jogadas, são mais atléticos. Temos visto, por outro lado, atletas como Russell Westbrook, completo, atlético, pontuador, que cria seus arremessos e participa de todas as jogadas do time. Ou um fenômeno nos arremessos como Steph Curry (foto), que entretanto como pensador do jogo deixa a desejar. Como Curry nenhum do passado me vem à mente, posto que caras como ele sempre jogaram nas posições de ala, as de 2 ou 3 (Chris Mullin, Reggie Miller, etc..).

russ6Houve excepcionais arremessadores na posição 1, cito Mark Price, mas que não tinha nem de perto o volume de jogo de Steph. Como Westbrook pensei em Iverson, pontuadores, atléticos, mas acho Russ mais completo, dá mais passes, participa mais do jogo, ao passo que Allen era um finalizador, era muito mais um shooting e não point guard.

Saliento ainda que em muitos timaços como o Heat, Lakers, o primeiro Cavs com Lebron, etc, jogadores como Lebron James e Kobe Bryant, gênios nas posições 3 e 2 respectivamente, que levavam a bola, em detrimento dos armadores desses times. Não fora os Cavs terem agora um time forte e um excepcional armador como Irving, tenho convicção de que James é que estaria levando quase todas as bolas desde a reposição lá atrás. Armador mediano ou fraco + um craque nas posições 2 ou 3, este leva a bola.

harden300Por fim, qual será o futuro dessa posição? All-around players como Russell Westbrook e James Harden irão influenciar a próxima geração a jogar dessa forma? O armador menos pontuador, de muitas assistsência, mais especialista, que não cria sua própria jogada e sem potencial físico tenderá a sumir ou poderá voltar com força? Teremos novos Currys, que são muito mais finalizadores, ou ainda poderemos ver surgir jogadores 1 com características ainda não vistas na NBA, como fora Magic Johnson nos anos 80?

Creio ser muito difícil a resposta. Prefiro, neste momento, deixar o tempo responder qual será o futuro dessa posição complexa e tão importante para o jogo de basquete.

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