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Bala na Cesta

Tempos difíceis em Cleveland - como os Cavs não inspiram confiança na NBA?

Fábio Balassiano

29/03/2016 13h00

cavs1Ainda não chegamos aos playoffs e o Cleveland está em crise. Está em crise porque mesmo com a desejada (pelos atletas e pela diretoria) troca de técnico as coisas não engrenaram.

Se com David Blatt o retrospecto foi de 30-11 , com Tyronn Lue as coisas não estão muito diferentes (22-10). Com a singela diferença que David Griffin, o Gerente-Geral, e o elenco acreditavam que o problema era apenas o Blatt.

cavs2Não era. Na verdade nunca foi. O Cleveland é um ótimo time, mas que faz uma temporada regular muito abaixo do que poderia. Tanto é assim que está, faltando menos de duas semanas para acabar a fase de classificação, brigando com o Toronto Raptors pela liderança do Leste. Se, é bom dizer desde já, chegar à final da NBA, é bem provável que não tenha mando de quadra (Warriors e Spurs, têm campanhas melhores).

cavs3O ataque tem sido baseado cada vez mais em jogadas de isolação de LeBron James (que chuta terrivelmente mal da linha dos três pontos nesta temporada com 29% e tem 25 pontos por jogo, sua pior marca desde o ano de novato), em infiltrações e arremessos de Kyrie Irving e em bolas de três pontos de Kevin Love (o ex-ala do Minnesota quase não chega mais perto da cesta, contentando-se com os tiros do corner após cortes de LeBron ou Irving). Pontuar, assim, tem sido muito difícil e deixa a marcação adversária bem confortável para segurar o Cavs, que tem apenas 46% de conversão nos arremessos, o nono melhor índice da temporada). Passes em sequência praticamente inexistem em Ohio. Em uma NBA que estuda os mínimos detalhes de absolutamente tudo, ter um ataque tão estático e previsível assim não é um bom sinal. Na verdade é um péssimo sinal para qualquer franquia. Para quem tem as peças que o Cleveland tem, é um sinal pior ainda. Não custa lembrar que o Spurs outro dia relegou o Golden State Warriors, que dá uma aula de espaçamento na quadra, a módicos 74 pontos.

lue1Do outro lado, a defesa, uma das marcas registradas de Blatt e um dos trunfos do Cleveland desde que o "novato", para usar o termo que os jogadores utilizavam para se referir ao cara, parece confusa para fazer as rotações e muito pouco ativa quando falamos em como ela (marcação) pode (deve?) agredir os adversários com a bola. Se em uma conferência Leste cujos melhores times estão longe de ser uma potência da NBA os Cavs estão tendo dificuldade, o que imaginar em uma decisão da liga contra Spurs ou Golden State, cujos ataques são ferozes perto ou longe da cesta? Os 45% de conversão nos arremessos dos rivais falam por si.

andy4Outro número interessante é o do retrospecto do time após a saída de Anderson Varejão. Os 13-7 acabam falando muito sobre a importância do brasileiro no elenco. Não que Anderson fosse responsável por trazer 20 pontos e 15 rebotes em todos os jogos, mas era um cara que estava na franquia há mais de uma década, que os jogadores mais jovens respeitavam muito e que conseguia acalmar os jogadores de rotação que a todo momento anseiam por mais minutos. Não ter um líder assim fora de quadra atrapalha muito. Pode parecer bobagem, mas olhem a importância de Derek Fisher nos títulos do Lakers, do trio Duncan, Ginóbili e Parker no Spurs, de Udonis Haslem no Miami e dos Jasons (Terry e Kidd) no título mais recente do Dallas. Ter um cara que tem o respeito do vestiário ajuda muito.

lue2Como se percebe, o busílis do Cavs é bem mais embaixo. Não era, como todos ali imaginavam, só tirar David Blatt que o anel de campeão viria. O busílis é tão mais embaixo que na semana passada LeBron James deixou de seguir o perfil do Cavs no Twitter. Pode ser uma atitude boba, até certo ponto candinha de se mencionar neste post, mas sabemos bem como funciona a cabeça de LBJ. Quase tudo o que ele faz há um motivo por trás, uma razão, uma motivação. No jogo seguinte, derrota para o Nets com LeBron, que teve 13/16 nos arremessos e 30 pontos, reclamou de seus companheiros para o ginásio inteiro ver (de fato as rotações defensivas foram uma tragédia).

cavs10Não dá pra prever o que acontecerá na pós-temporada do Cleveland. Mas que o clima em Ohio já foi mais agradável perto de um mata-mata, isso foi. A impressão que dá é que a franquia é uma bomba prestes a explodir a qualquer momento. Vale lembrar que LeBron pode se tornar agente-livre ao final do certame. Como a gente sabe que qualquer coisa que não o título não interessa ao Cavs, é bom ficar de olho nas animadas cenas dos próximos capítulos.

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