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Bala na Cesta

Em defesa do Portland e de Damian Lillard

Fábio Balassiano

02/02/2016 08h54

stottsO Portland Trail Blazers perdeu quatro de seus titulares de 2014/2015 e começou a temporada 2015/2016 da NBA como a folha salarial mais baixa de todas (US$ 40 milhões, 20 a menos que a do Utah, a segunda mais barata). Todo mundo apontava a turma de Oregon como grande favorita a ter o primeiro pick do Draft de 2016, né? Aí passamos da metade do certame, quase ninguém nota, mas o que estamos vendo? Os Blazers com 23 vitórias em 49 jogos (vem de quatro vitórias seguidas e de 8 nos últimos 10 duelos), a oitava posição do Oeste e a certeza que NINGUÉM acertou o prognóstico em relação a eles. Mérito sobretudo do técnico Terry Stotts (foto), que continua fazendo ótimo trabalho em Oregon.

mccolumA melhora do time tem CJ McCollum (foto) como um dos destaques. Reserva opaco do time nos primeiros dois anos de sua carreira (5,3 e 6,8 pontos), o ala explodiu e tem a respeitável média de 20,7 pontos, 4,3 rebotes e 3,5 assistências. Além dele, outro que ressurgiu foi Allen Crabbe. Também com as duas primeiras temporadas de sua vida profissional tímidas (2,2 e 3,3 pontos), ele agora é a principal peça do banco do Blazers ao anotar 11,2 pontos (seu dezembro foi ainda mais esplêndido com 14,2 pontos). Outro que vai muito bem é o útil-e-excelente-marcador Al-Farouq Aminu, que defende como poucos e ainda encontra energia para despejar 10,4 pontos por jogo.

lillardEles são bons, sem dúvida alguma, mas a boa fase do Portland se explica basicamente por um nome: Damian Lillard. Ainda em seu quarto ano (contrato de calouro portanto), o armador de 25 anos não teve o menor "pudor" em assumir o comando da franquia e tem 24,2 pontos e 7,1 assistências nesta temporada (melhores números de sua carreira). Junto com Russell Westbrook, é o único que está entre os dez melhores nos dois quesitos de toda NBA (Lillard é o sexto em pontos; o sétimo em assistências). Se ele tinha mesmo que fazer tudo para colocar os Blazers em posição digna, o cara está fazendo – ou fazendo mais do que se esperava dele, um atleta ainda em evolução (técnica, física, mental etc.). Tipo quando marcou 17 pontos nos últimos três minutos contra o próprio Thunder, vejam:

lillard2Não resta dúvida que Lillard está tendo uma temporada espetacular. Isso ninguém contesta (quem falar o contrário é doido). Por isso eu não consigo entender como ele foi solenemente ignorado para o All-Star Game. Em 2015 (estive lá), deu pra perceber um clima meio pesado em cima dele, que havia reclamado aos borbotões quando foi ignorado no voto dos técnicos (só entrou porque dois jogadores se machucaram), mas sinceramente não justifica. O objetivo é punir o cara então por ter expressado exatamente o que sente? Se for isso, não faz sentido e deveria ser coibido pela direção da liga.

lillard3Arrisco-me a dizer que dos sete reservas escolhidos para o Oeste apenas dois têm jogado mais basquete que Lillard nesta temporada – Draymond Green, do líder Warriors, e DeMarcus Cousins, um cavalo que perto da cesta parece não ter adversário. De resto, não vejo ninguém jogando mais basquete e levando seu time mais longe (considerando o entorno que o cerca) que o camisa 0 do Portland. Se ele é marrento, mala ou chatola, isso não me importa. Sei, também, que All-Star Game não vale muita coisa, mas deixá-lo de fora beira a atrocidade ou o castigo por algo que ele simplesmente falou em 2015.

dupla1Pra fechar, vamos lá. Em termos de pontos, a melhor dupla de armador e ala-armador da NBA é formada por Steph Curry e Klay Thompson (51 de média). Os dois irão ao All-Star Game. Quem vem logo depois? Damian Lillard e CJ McCollum (44,9 de média). Os dois verão a festa de Toronto de casa. No caso de McCollum a gente até entende (está começando agora, há outros bons alas na sua frente, ele nem é o melhor jogador da franquia etc.). No de Lillard, não há argumento algum para isso. Foi birra dos votantes mesmo. Azar o deles. Azar do público, que não verá de fato uma das estrelas da liga na festa do Canadá.

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