O que esperar dos brasileiros na temporada 2015/2016 da NBA?
Nos últimos dias falei sobre alguns dos times que deverão se destacar na temporada 2015/2016 da NBA (faltou o Memphis, na verdade, mas o Grizz estará aqui ainda esta semana, prometo). Agora é a hora de fazer um pequeno "esquenta" sobre os nove brasileiros que entrarão em quadra a partir de amanhã. Preparados? Vamos lá!
MARCELINHO HUERTAS (LAKERS) – Marcelinho Huertas demorou para assinar com a NBA, chegou ao Lakers e não entrou em quadra de cara na pré-temporada e deixou todo mundo preocupado porque seu contrato é não garantido. Foi só ele pisar na quadra que o "humor" mudou. Chamado de "Steve Nash brasileiro", ele encantou a todos com seus passes incríveis e com sua rápida adaptação ao jogo e aos companheiros angelinos. Chamado de "mágico" por Nick Young (que vai ficar realmente feliz com os passes de Huertas), Huertas tem tudo não para ficar no elenco de Byron Scott até o final do campeonato, mas para fazer parte efetiva da rotação do Lakers neste certame. Como os garotos D'Angelo Russell e Jordan Clarkson poderão sentir a pressão em algum momento, é bem capaz de Scott confiar a armação em alguém mais experiente e que até agora não sentiu nenhum peso em estar na NBA. Resta saber como a parte física de Huertas reagirá ao cavalar calendário de 82 jogos da liga norte-americana. Da parte técnica, como venho falando há tempos, não dá pra falar nada – ele sabe jogar e com confiança quem sabe jogar atua em qualquer lugar.
NENÊ (WIZARDS) – O ala-pivô do Washington Wizards, o brasileiro há mais tempo na NBA (está indo para a sua décima-quarta temporada, algo espetacular!), vai para o ano final de seu contrato com o Washington em uma situação não muito agradável. Seu tempo de quadra em 2014/2015 (25,2 minutos) foi o menor desde 2004/2005 (contando apenas os certames em que ele esteve em quadra – sem lesões graves) e a franquia acenou com a ideia de jogar com o famoso "quatro abertos", ficando apenas com um pivô fixo (Gooden, Gortat, Humphries ou ele). Isso já seria preocupante. Mas tem mais. Com inúmeros problemas físicos, Nenê quase não foi visto em quadra na pré-temporada. Quando o campeonato começar, muita gente diz que ele tampouco será titular. Aos 33 anos e ganhando US$ 13 milhões (segundo maior salário da equipe), será necessário que o talentoso e dedicado camisa 42 encontre rápido a melhor forma para mostrar que pode, sim, receber boa proposta do time da capital norte-americana ao final da temporada.
TIAGO SPLITTER (HAWKS) – Tiago Splitter terá vida nova em Atlanta, disso não se tem dúvida. Trocado pelo San Antonio Spurs, ele reencontrará Mike Budenholzer (seu assistente no Texas) e deve começar o campeonato como reserva principal da dupla Paul Millsap e Al Horford no garrafão. Aos poucos, porém, é bem provável que Tiago ganhe minutos e a confiança para jogar até mais "solto" do que quando atuava para Gregg Popovich (e tinha limitadas ações ofensivas para executar) sem que isso necesariamente signifique que ele será titular (acho pouquíssimo provável). Será um ano de ajuste (nova cidade, novo time, novas funções, novos companheiros, nova conferência…), sem dúvida alguma, mas o cenário pós-troca lhe foi muito favorável (ele poderia ter "caído" em um time bem ruim…). Certamente ele estará na pós-temporada e terá bom tempo de quadra.
ANDERSON VAREJÃO (CAVS) – O capixaba tem uma única meta (individual) para esta temporada: manter-se longe das lesões durante toda temporada. Pelos mais variados motivos tem sido assim nos últimos anos com o camisa 17. E sabemos quão importante, na quadra, ele é para o Cleveland. A boa notícia pra ele (e isso tira muito da pressão também) é que os Cavs, reconhecendo seu trabalho e sua importância dentro e fora da quadra para a franquia há 11 anos, renovaram seu contrato pelo menos até 2016/2017 (2017/2018 é opção da franquia). Para Varejão, que está no grande favorito para o título do Leste, ficar longe do departamento médico significa participar jogando de uma campanha que promete ser histórica para a turma de Ohio.
LEANDRINHO (WARRIORS) – O atual campeão da NBA entra para a sua segunda temporada com o Golden State para repetir exatamente o que (muito bem) fez na temporada passada: descansar Steph Curry e Klay Thompson, manter a velocidade no ataque e passar um pouco de sua experiência aos mais jovens do elenco. É algo que Leandrinho conseguiu fazer no campeonato passado, quando conquistou o título com os Warriors, e que certamente continuará fazendo . Desta vez, ao lado de seu antigo fiel escudeiro em Phoenix – Steve Nash está em Oakland como "desenvolvedor de talentos" e para o brasileiro ter um cara como Nash, que tem um carinho todo especial por ele, é uma notícia pra lá de excelente. O GSW obviamente estará nos playoffs e o ala-armador seguirá com a sua importância (e provavelmente com o mesmo tempo de quadra de 2014/2015 – 15 minutos/jogo). Um detalhe interessante: será a primeira vez desde 2009/2010 que Leandrinho fará a pré-temporada inteira com o mesmo time do ano anterior. Para alguém que depende muito da velocidade, isso conta muito.
BRUNO CABOCLO (RAPTORS) – De número novo (o 5, utilizado por ele na temporada passada, a de estreia, estará com DeMarre Carroll, maior reforço do time), Caboclo começa o campeonato 2015/2015 com a expectativa não só de ser emprestado para a franquia canadense da D-League, mas também de ser aproveitado pelo técnico Dwane Casey no Raptors durante a temporada. Em cinco jogos da pré-temporada, o ala teve 12,4 minutos e bons momentos (como o toco no calouro Karl-Anthony Towns, do Minnesota), mas seus arremessos não caíram (26,7%) e sua insistência nas bolas longas (2/11) podem lhe custar a confiança de Casey e do restante da comissão técnica apesar da já anunciada renovação de seu contrato até o final da temporada 2016/2017. Quanto melhor aproveitar as chances que houver, mais minutos ele irá adicionar no percurso do campeonato de 2015/2016.
LUCAS BEBÊ (RAPTORS) – Eis uma situação preocupante. Lucas Bebê pouco foi aproveitado em sua temporada de estreia no Toronto e para este campeonato ganhou ainda mais concorrência – chegaram Luis Scola, Anthony Bennett e Bismack Biyombo para se juntar a Jonas Valanciunas (titular absoluto no pivô) e Patrick Patterson. Ou seja: se ganhar espaço na rotação era complicado em 2014/2015, para Bebê ficará ainda mais difícil em 2015/2016. Ele também teve seu contrato renovado com a franquia canadense até 2016/2017, mas não sei se isso é um ótimo sinal, não. É bem comum os times se garantirem com jogadores novos, mas não necessariamente isso garante aos atletas tempo de quadra e oportunidade no time principal. É bem provável que, tal qual Caboclo, o pivô brasileiro passe muito tempo na D-League. Torçamos para que, com a cabeça no lugar, ele ganhe confiança, evolua em seu jogo (principalmente na parte ofensiva), cresça fisicamente e mostre a equipe que ele pode, sim, fazer parte dos pensamentos de Dwane Casey.
CRISTIANO FELÍCIO (BULLS) – Cristiano Felício será tema de um texto mais profundo aqui no blog mais tarde, mas desde já ele merece os parabéns. Saiu da reserva do Flamengo para fazer parte do elenco do Chicago Bulls que começará a temporada 2015/2016 da NBA. Foi muito bem na pré-temporada apesar do pouco tempo de quadra (menos de 10 minutos/jogo), ganhou elogios de toda comissão técnica do Bulls e fincou pé em um elenco fortíssimo e que conta com Pau Gasol, Joakim Noah e Taj Gibson como peças principais do garrafão. De todo modo, é um baita mérito para Cristiano se tornar o primeiro jogador brasileiro e vestir oficialmente a camisa do Chicago em um jogo de temporada regular da NBA. É muito difícil prever o que acontecerá daqui pra frente, pois (como disse acima) a concorrência é imensa no garrafão e de agora em diante o jogo é pra valer mesmo.
RAULZINHO (JAZZ) – Raulzinho começa a temporada de estreia na NBA com o Utah Jazz cercado de muita expectativa. Inicialmente contratado para ser o terceiro armador de uma franquia que sonha em dar o passo seguinte apesar do elenco muito jovem (leia-se chegar aos playoffs), o brasileiro acabou sendo "beneficiado" com a lesão no joelho de Dante Exum (o australiano rompeu os ligamentos em uma partida com a sua seleção – dá pra imaginar a "alegria" da equipe de Salt Lake City com isso…). Ganhou, de cara, a chance de ser o reserva de Trey Burke na pré-temporada. Mas não se contentou com isso e foi ganhando espaço jogo após jogo, terminando os amistosos como TITULAR do Jazz diante do Denver (1o pontos e 1 assistência contra o Denver) e deixando uma pulga atrás de todas as orelhas. Será que o técnico Quin Snyder confiará a armação de sua equipe para Raulzinho logo no começo de sua estrada na NBA? O técnico, aliás, tem elogiado bastante o brasileiro por sua mentalidade altruísta (pass-first), mas sabe lá como ele decidirá isso. Independente do começo, vale ficar de olho em Raulzinho, estreante no melhor basquete do mundo mas que conta com uma baita vantagem: ao contrário de muitos calouros que saem da universidade direto para o esporte profissional, ele já tem anos de experiência na Europa e também em competições com a seleção brasileira. Falando ótimo inglês e já atuando no basquete profissional há tempos, pode ser que a dificuldade na armação seja atenuada. Tempo de quadra já estamos vendo que ele terá. Agora é aguardar pelo seu desempenho – que foi bastante animador na pré-temporada.
E você, concorda comigo? O que você está esperando dos brasileiros?
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