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Bala na Cesta

'Mutante', Olivinha assume nova função e confia no Flamengo na semi do NBB

Fábio Balassiano

07/05/2015 01h16

olivinha1Único time a jogar todas as semifinais da história do NBB (sete campeonatos), o Flamengo tem em Olivinha uma de suas principais armas. Mas não é uma arma comum. No clube há três anos, o ala-pivô de 32 anos começou a temporada na reserva do argentino Walter Herrmann e teve que ajustar o seu jogo. Aos poucos, porém, o camisa 16, um dos favoritos da torcida, foi reconquistando seu espaço com uma disposição descomunal e com muito esforço na defesa, mudando muito do seu estilo para se adaptar às necessidades do time.

E sua luta foi recompensada. No começo de 2015 o técnico José Neto recolocou Olivinha entre os titulares do Flamengo que a partir deste sábado enfrenta Limeira em uma das semifinais do NBB (os limeirenses têm o mando de quadra na melhor de cinco partidas e fazem as duas primeiras em casa). Confira meu papo com o atleta que pode se tornar tricampeão do NBB nesta temporada.

olivinha4BALA NA CESTA: O fato de o Flamengo nunca ter ficado de fora de uma semifinal de NBB explica a comemoração intensa após a vitória contra São José? Havia muita tensão no ar pelo fato de o clube poder ser eliminado em uma fase tão prematura da competição?
OLIVINHA: Todo mundo comentava que o Flamengo iria fazer 3-0 fácil, e vimos que não foi assim por causa da qualidade da equipe do São José. Por isso teve uma emoção extra mesmo. Ver o ginásio do Tijuca lotado e com a torcida do Flamengo dando mais um show foi realmente emocionante para nós. Um jogo 5 é sempre complicado porque sabemos que se der qualquer bobeira a partida pode ficar complicada e depois fica difícil correr atrás. Mas ontem conseguimos manter o controle do jogo e para nos classificar.

olivinha6BNC: Como o Flamengo chega para essa semifinal contra Limeira? O fato de não ter o mando de quadra influencia em muita coisa, ou para um grupo experiente o peso é relativo?
OLIVINHA: Para um time experiente e qualificado como o nosso, realmente é relativo não ter o mando de campo. Nós já provamos nessa temporada mesmo que podemos ganhar tanto no Rio de Janeiro quanto fora de casa. É só lembrar que no returno do NBB tivemos apenas uma derrota. É claro que gostaríamos de decidir novamente em casa, com o apoio da torcida como foi contra o São José, mas nossa equipe tem qualidade e está bastante acostumada a grandes decisões como as que virão.

olivinha5BNC: Dá pra dizer que essa é a temporada mais "estranha" sua desde que chegou ao Flamengo? Explico: começou com o título Mundial, com os amistosos na NBA, mas depois o time deu uma caída, você, que era reserva, passou a titular, veio a perda da Liga das Américas e os playoffs logo na sequência. Como você viveu essa turbilhão de emoções?
OLIVINHA: É verdade que essa foi uma temporada com muitas "novidades" pra mim. Desde que cheguei no Flamengo vinha sendo titular nos últimos 3 anos, mas a diretoria contratou o Herrmann, que teve passagens por NBA, grandes clubes, grandes Ligas e é um excelente jogador. Não reclamei e passei a trabalhar ainda mais. Trabalhei muito pra voltar a ser titular e ajudar a equipe da melhor maneira. O time também teve altos e baixos, mas voltamos a crescer na competição na hora certa e estamos mostrando em quadra, mais uma vez, a qualidade de todo o grupo.

olivinha2BNC: Vocês acabaram de enfrentar São José, não devem ter tido tempo de analisar a fundo o time de Limeira, mas pelo que vocês jogaram durante a competição o que dizer do time deles? A organização do time do Dedé, seu velho conhecido, é o que mais impressiona?
OLIVINHA: Sim, eu conheço bem o Dedé. Jogamos no Flamengo, inclusive, e é interessante ver ele em sua primeira temporada como técnico já fazer um grande trabalho. Ele está fazendo uma temporada muito boa, com bons jogadores e apresentando um comportamento tático diferente e é mérito do Dedé. A gente sabe que quando a bola deles está caindo, fica complicado. Eles têm um poderio ofensivo muito grande e precisamos encaixar muito bem a nossa defesa, como fizemos contra o São José.

olivinha7BNC: Uma das coisas que sempre me chamaram a atenção em você foi, ao longo da sua carreira, a capacidade de se adaptar às novas funções. Você chega ao fim de mais um NBB com as suas menores médias (10,5 pontos e 6 rebotes), mas com um papel cada vez mais importante na defesa do Flamengo. Com as chegadas do Herrmann e a efetivação do Benite entre os titulares as suas funções prioritárias mudaram dentro da equipe? Consegue falar disso?
OLIVINHA: Realmente as funções mudaram. Sempre fui muito ligado ao rebote, e agora esta é uma das minhas funções prioritárias. O Neto me pede isso, para dar uma atenção especial ao rebote. Até porque, na parte ofensiva do time, não tem nem o que comentar. São tantos jogadores de qualidade e que fazem a diferença a favor do time. Como dizem no meio do basquete, tem que fazer o "trabalho sujo" (defesa, rebote) e estou muito feliz em ajudar dessa maneira.

olivinha3BNC: Este núcleo do Flamengo formado por você, Machado, Marquinhos, Felício, Gegê e Meyinsse já está junto há muito tempo, com muita gente defendendo uma renovação do elenco nos próximos campeonatos. Você enxerga este NBB como um fim de ciclo para este núcleo tão vitorios?
OLIVINHA: Final de temporada é normal pedirem renovações. Teve temporada em que fomos campeões de tudo que é campeonato, temporada perfeita e mesmo assim teve gente pedindo renovação de elenco. Ainda falam muito que nosso elenco está envelhecido, mas confio muito no potencial da equipe do Flamengo. Eu realmente espero que não haja muitas mudanças, até por causa da questão de entrosamento entre os jogadores. E, sinceramente, não vejo motivos para grandes mudanças. Tenho contrato de dois anos com o Flamengo em curso: essa temporada e mais uma. Sair do Flamengo não vou. Se puder ficar até me aposentar, melhor ainda. É um clube que amo, me sinto bem e não me vejo longe daqui.

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