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Bala na Cesta

Fala, Leitor - Impressões de um brasileiro no 1º jogo de NBA de sua vida

Fábio Balassiano

23/12/2014 14h00

* Por Jorge Eduardo Scarpin – Professor do Programa de Pós Graduação em Contabilidade (Universidade Federal do Paraná – UFPR)

foto1Vou narrar a experiência de assistir um jogo no lendário Madison Square Garden em Nova Iorque falando não do jogo em si, mas sim os bastidores e qual a sensação do torcedor no ginásio (a partida foi entre New York Knicks e Dallas Mavericks). Primeiramente vale destacar a facilidade na compra do ingresso. A compra é feita pela internet e você ou apresenta o ingresso impresso ou então o QRCODE (leitura de código) via celular. Não é preciso trocar nada em bilheteria, um avanço muito grande para quem é brasileiro. Como os assentos são marcados, não há, também, a necessidade de se chegar horas antes do jogo. A grande maioria dos torcedores chega faltando meia hora para o início mesmo.

Para se chegar no Madison Square Garden o melhor mesmo é usar o metrô (a estação, 34st – Penn State). Há diversas linhas que chegam na estação que fica literalmente embaixo do Madison. Ou seja, você caminha praticamente nada para chegar ao ginásio (ótimo nessa época do ano, pois o frio é grande). Assim que você entra e há pôsteres em tamanho real dos jogadores para os torcedores tirarem fotos. Passando pelos pôsteres, há a inspeção de segurança (normal em todos os lugares dos EUA) e então você cai nas lojas (como tudo nos EUA) onde há absolutamente tudo do time – desde as tradicionais camisas até gorro, cachecol, luva, caneca e tudo o mais que imaginar. Nem precisa dizer o quanto de dinheiro o clube ganha com isso. Eu, mesmo sem querer ou ter a intenção prévia de compra, não consegui passar "ileso" das lojas. Mesmo sendo um jogo de temporada regular, com o ginásio com uns 70% de lotação, as lojas estavam abarrotadas de gente. Como o ginásio é muito grande, fiquei com medo de me perder para achar o meu lugar. Entretanto o ginásio é muitíssimo bem sinalizado e há diversos funcionários para te indicar o lugar.

prof1Entrando no ginásio, você percebe a ótima estrutura de lanchonetes para compra de cachorro quente, pizza, pretzel, refrigerante, cerveja (para maiores e com documento) e tudo o mais que você desejar. Os banheiros também são ótimos e limpos. Fiquei na parte alta do ginásio (ingresso mais em conta) e fiquei com medo de ter que ver o jogo de binóculos. Entretanto, em 99% dos assentos a visão da quadra é ótima e nos pouquíssimos lugares onde há ponto cego há um monitor de TV para o torcedor acompanhar o jogo melhor.

O ponto alto para mim foi o telão em cima da quadra. Além de transmitir o jogo todo, com replays e tudo o mais (exatamente como se estivesse assistindo o jogo pela TV) ainda aparecem as estatísticas do time (% de acertos de 3 pontos, 2 pontos e lances livres), de cada jogador em quadra (pontos, assistências, rebotes etc.) e também a quantidade de tempos disponíveis para cada time, separado em tempo cheio e os de 20 segundos. Enfim, ao contrário do Brasil, o torcedor do ginásio tem muito mais informação do que o torcedor que assiste o jogo pela TV. Nas extremidades da quadra há informativos menores com os resultados dos outros jogos da rodada. Como nesse dia o time de hockey da cidade estava jogando no Canadá, aparecia também o resultado do hockey. Quando saiu gol, o telão central da quadra mostrou. Nos pedidos de tempo e nos intervalos, sempre havia algo na quadra, sejam apresentações das cheerleaders, seja o mascote jogando camiseta para a torcida e até um show de calouros infantil no intervalo (achei de gosto meio duvidoso, mas tudo bem).

foto3Outra coisa que me chamou atenção foi o número de turistas no jogo. Se pudesse arriscar, cerca de 30% do público total era formado por turista, o que mostra que o sistema de turismo da cidade funciona. No Brasil, o Maracanã consegue algo parecido (embora não nessa proporção), mas é algo que no Brasil ainda somos muito ruins. No final do jogo, a volta para o hotel foi super tranquila. Mesmo tendo cerca de 15 a 18 mil pessoas no ginásio, como o sistema de metrô funciona bem não havia tumulto para ir embora.

E quanto ao jogo? Bem, foi um mero detalhe. Os Knicks levaram um passeio do Dallas. O alemão Dirk Nowitzki acabou com o jogo no primeiro tempo, os Knicks marcaram como os times brasileiros marcam (sofrível) e no segundo tempo o Dallas apenas cozinhou o jogo, jogando com os reservas a maior parte do tempo. E a torcida? Se comportou de maneira exemplar (apenas com algumas vaias isoladas no final do jogo).

No final das contas é óbvio constatar: a experiência foi incrível. Fiquei abismado com a organização e a lógica do esporte de fazer dinheiro o tempo todo e com tudo o que for possível.

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