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Bala na Cesta

Uruguaio Garcia-Morales exalta campanha do Aguada na Liga das Américas

Fábio Balassiano

28/03/2014 01h32

leandro1Leandro Garcia-Morales era um dos mais procurados jogadores que vieram ao Final Four da Liga das Américas. Cestinha do Aguada, com 28,3 pontos por partida, o ala-armador de 33 anos conseguiu o feito de levar o modesto time do Uruguai ao terceiro lugar da principal competição internacional das Américas. Tentei contato com ele na sexta-feira, depois que seu time perdeu do Flamengo em uma partida com arbitragem muito controversa. Morales me deu uma resposta atravessada (natural, pois estava de cabeça quente), mas voltou tranquilo no dia seguinte, quando seu time bateu o Halcones, de Xalapa, para conseguir o inédito bronze. Confira o papo com ele.

BALA NA CESTA: Para um time modesto, como é o de vocês, qual é a sensação que fica com essa medalha de bronze?
LEANDRO GARCIA-MORALES: Bom, depois da má sensação que tivemos ontem (sexta-feira), quando perdemos do Flamengo em uma partida muito confusa neste sábado nos encontramos melhor no jogo e conseguimos conquistar a medalha de bronze, um feito importante para a história do clube e também para o basquete uruguaio. É um feito que merece ser valorizado.

leandro2BNC: Olha, é a primeira vez que eu vejo a torcida do Aguada ao vivo, e achei uma loucura o que eles fizeram no Maracanazinho. Eram 800, mil torcedores, não sei, mas a festa que eles proporcionaram foi absurdamente linda…
LGM: Sim, eles são loucos, não? É maravilhoso ver o que eles fazem na arquibancada, nos apoiando, nos seguindo onde quer que formos jogar. Muita gente veio para nos apoiar, isso é incrível. O Aguada é um time muito popular, muito tradicional. E agora temos conseguido somar títulos, campanhas positivas, o que para o torcedor é excelente. Conseguimos somar um vice-campeonato da Liga Sul-Americana e agora o terceiro na Liga das Américas. É uma temporada muito boa pra gente.

BNC: Falando sobre o Aguada, o que poderia nos dizer da história do clube? Li que não vencia há muitos anos…
LGM: Sim, é verdade. O Aguada é um clube muito tradicional em Montevideo, capital do Uruguai, mas que não vencia um campeonato uruguaio havia quase 30 anos. O interessante foi que entraram novos dirigentes, colocaram muito dinheiro, mudaram a filosofia interna e conseguimos ganhar o título da temporada 2012-2013 contra o Defensor Sporting por 4 a 3 na final. Você deve imaginar a festa que os torcedores fizeram quando conquistamos o troféu…

leandro3BNC: E sobre o campeonato do Uruguai, como ele é?
LGM: Olha, temos uma Liga nacional forte, bem organizada, com três divisões, com mais de 60 times jogando na capital. Mas o nosso problema é que somos muito fortes apenas em Montevideo. A Liga, na verdade, chama-se nacional, mas é praticamente uma Liga da capital. É tudo muito centralizado na capital. Ainda é muito difícil fazer algo em âmbito nacional. Já foi tentado, mas ainda não foi conseguido.

BNC: Você é um dos jogadores que sempre quando os torcedores brasileiros te assistem se perguntam: "Por que os times daqui (do Brasil) não contratam o Morales?". Já passou pela sua cabeça jogar no país?
LGM: Já tive duas ou três propostas, mas nunca se concretizou. Seria uma honra, um prazer, há duas temporadas inclusive tive uma negociação bem forte com um time brasileiro. Não se concretizou porque, devido a problemas pessoais, eu não poderia ficar muito tempo longe do Uruguai.

BNC: Você fala do Brasil, mas está de saída do Aguada para ir ao Capitanes, de Arecibo (Porto Rico), certo?
LGM: Sim, certo. Fechei com o Capitanes pela próxima temporada. Quando terminar a Liga do Uruguai eu viajo para Porto Rico e me apresento ao clube. Foi uma boa proposta e decidi aceitar.

morales1BNC: Duas perguntas finais, que têm relação com o Brasil. A primeira é que aqui, em 2007, você fazia parte de um grupo uruguaio que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos. Eu estava aquele dia na HSBC Arena e vi a festa que vocês, em quadra, fizeram…
LGM: Olha, pode parecer pouco, pode parecer uma coisa menor mas para a gente, do Uruguai, aquele foi um momento muito especial. Não temos a tradição da Argentina, a força do Brasil, o investimento e a força política de Porto Rico. Aquele foi um momento de êxtase, de alcance de uma série de objetivos bacanas que nós, quando crianças, colocamos em perspectiva. Não sei se você sabe, mas naquele Pan-Americano meu país só conseguiu três medalhas, sendo duas de bronze e uma de prata. Uma delas foi meu time que conquistou. Somos uma nação de pouco mais de 3 milhões de habitantes, e posso lhe garantir que foi bem especial estarmos naquele pódio. É algo que jamais me esquecerei.

BNC: Pra fechar: pensa em vir a Copa do Mundo de futebol no Brasil? O que será que o Uruguai nos apronta dessa vez?
LGM: (Risos) Sim, virei ao Mundial no Brasil. Tenho um primo que mora no Rio de Janeiro há muito tempo, e acompanharei de perto os jogos e o clima da Copa. Não tenho ideia do que vai passar com a seleção, mas torço muito para que eles tenham êxito. É uma geração muito especial, com jogadores e um técnico fantásticos.

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