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Bala na Cesta

Diferentes, Neto e Mortari buscam título das Américas

Fábio Balassiano

20/03/2014 02h31

neto1As semifinais da Liga das Américas acontecem a partir de amanhã aqui no Rio de Janeiro e teremos dois times brasileiros. O dono da casa Flamengo e o Pinheiros, de São Paulo e atual campeão. São dois clubes fortes, cada um com a sua grandeza, ambos focados em formação de atletas (os rubro-negros, na verdade, tentando voltar a ser) e com dois técnicos de estilos bem diferentes.

No Flamengo, que enfrenta amanhã (21h15) o Aguada, do Uruguai, quem dá as cartas é José Neto. Neto começou muito bem a sua carreira no Paulistano. Fazia parte daquele grupo de técnicos que a gente coloca uma esperança imensa que torne-se um grande treinador e um dos responsáveis por mudar os rumos da modalidade por aqui. Frequentou as seleções brasileiras como assistente-técnico, fez um bom trabalho no Mundial Sub-19 da Sérvia em 2007 (quarta colocação), mas deu uma estacionada por um período até certo ponto longo. A boa notícia foi que não foi uma parada completa.

neto2Há três temporadas ele voltou a dirigir clubes, fez um grandíssimo trabalho com Joinville e foi contratado pelo Flamengo no ano passado. Ganhou o NBB com o clube mudando bastante do estilo de jogo de um time que baseava quase que todos os seus esforços nas bolas de três pontos de Marcelinho e trazendo (talvez inspirado em Rubén Magnano, de quem é assistente na seleção principal) uma defesa bem mais forte em relação as que estamos acostumados a ver em cenário nacional. Exigente mas ao mesmo tempo calmo, ele tem o grupo nas mãos, é respeitado pelo elenco da Gávea e conseguiu fazer Marquinhos e Marcelinho jogarem, juntos, dentro de um sistema com jogo coletivo bem bacana (poderia, insisto sempre neste ponto, ser menos acelerado no ataque e ainda mais forte na marcação, mas jê é um começo, sem dúvida alguma). Aos 43 anos, Neto parece atingiu a maturidade e a tranqüilidade para comandar um grande clube, que tem uma pressão imensa, fazendo as transformações necessárias em todos os sistemas (táticos e de treinamento, por exemplo).

mortari1Pelo Pinheiros estará o veterano Cláudio Mortari. Dono de um dos currículos mais vitoriosos do basquete brasileiro, o técnico de 66 anos (completados agora, em 15 de março, um dia antes de Neto aniversariar, inclusive) está em sua sétima temporada no clube e contabiliza resultados bem expressivos. Um título Paulista, outro da Liga das Américas, finais Sul-Americanas, de Interligas e boas campanhas do NBB.

Campeão Mundial com o Sírio em 1979, ele tem um estilo bem diferente do que agora apresenta José Neto. Nos tempos técnicos, Mortari é explosivo, verborrágico até. Não economiza nos palavrões quando precisa e quase nunca usa a prancheta (algo que César Guidetti, seu assistente, o faz). No estilo de jogo, as semelhanças pouco existem também. Admirador de um estilo bem livre no ataque, o técnico dá carta-branca para as bolas de três de Shamell, Tavernari e Joe Smith e não força tanto a mão nas marcações. Se fosse uma comparação com a NBA, seria parecido com o que o Golden State faz com Stephen Curry e Klay Thompson.

mortari1Não existe um só estilo de vencer ou de comandar no basquete. A grande beleza do jogo é poder ser vencedor e competente utilizando uma tática mais agressiva na marcação ou uma mais livre no ataque. José Neto e Claudio Mortari lutarão, com Flamengo e Pinheiros, para tentar reinar na América defendendo seus estilos. Quem será que se sai melhor?

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