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Bala na Cesta

A consolidação de Ricardo Fischer, armador de Bauru

Fábio Balassiano

10/12/2013 10h30

dupla1Quando voltou ao Brasil depois de um período na Suíça em 2010, o armador Ricardo Fischer, então com 19 anos, era "apenas" o irmão de Fernando (ambos na foto), ala dos bons de Bauru. Procurou espaço, e encontrou no projeto de Barueri uma chance para recomeçar. Foi campeão Paulista Juvenil no mesmo ano, e logo contratado por São José, onde seria reserva de um dos melhores jogadores de sua posição no país (Fúlvio).

Foi lá, ganhou experiência, passou duas temporadas mais treinando do que jogando (médias de 10 e 12 minutos em 2010/2011 e 2011/2012) e decidiu unir forças com seu irmão Fernando em Bauru na temporada 2012/2013. Não achei, na época, que seria uma escolha boa, pois os bauruenses contavam com Larry Taylor na posição 1. Ídolo e craque do time, Larry comandava as ações, era o querido da torcida e aparentemente não daria espaço para Ricardo ter muito tempo em quadra. Mas houve uma correção de rota bem bacana na história.

EquipeBauru-640x360Ricardo Fischer foi crescendo, jogando muita bola nas partidas da LDB que participou (campeão na edição passada) e ao lado de Gui Deodato parecia inevitável que mais minutos não viessem no time adulto. E vieram. O técnico Guerrinha, em uma manobra bem acertada, decidiu deslocar Larry para a posição de ala-armador, onde o espevitado norte-americano naturalizado brasileiro se sente mais à vontade e sem tanta pressão de armar as jogadas. Com isso, abriu-se espaço para Fischer registrar consideráveis 11,7 pontos, 4,3 assistências, 29,3 minutos e 42% nos três pontos em sua primeira temporada efetiva como jogador do NBB.

Ricardo virou titular, mas se machucou com gravidade no NBB passado. Ficou longe das quadras, voltou no final dos playoffs e foi muito bem mesmo sem estar com 100% de suas condições físicas. Veio esta temporada de 2013/2014 e o rapaz, convocado para treinar com Rubén Magnano na seleção brasileira antes da Copa América da Venezuela, voltou ainda melhor.

ric1No título Paulista conquistado por Bauru ontem Ricardo não fez apenas parte do time campeão. O mais novo dos Fischer, que chorou horrores quando soou o apito final, foi fundamental, essencial, o condutor do jogo de um time talentoso. Mostrou coragem para decidir os jogos 5 da final contra Franca diante do argentino Figueroa (19 pontos, 3 assistências e 3 rebotes) e o primeiro da decisão contra o Paulistano diante do norte-americano Dawkins (19 pontos, 7 assistências e 5 rebotes), e frieza para sacramentar o título na noite de ontem com 15 pontos, 3 rebotes e 3 assistências.

Não sei se foi o melhor do campeonato (pouco importa), mas sem dúvida foi o jogador que mais gostei de ver jogar. Nos 12 jogos que os bauruenses fizeram nos playoffs do Paulista, o camisa 5 teve 14,4 pontos, 5,2 assistências e 3,2 rebotes por jogo. Em um basquete recheado de produtos prontos que vêm de fora e/ou veteranos que dão as cartas há anos, ver um rapaz de 22 anos como protagonista de um time campeão não deixa de ser uma estupenda notícia.

A conclusão é óbvia: Ricardo Fischer está pronto e é um dos melhores armadores do país. Que continue se desenvolvendo e que seja valorizado nas próximas convocações. Ainda pode melhorar muito (principalmente na defesa e na escolha dos momentos de arremessar ou passar a bola), mas já temos um novo grandíssimo armador jogando por aqui.

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