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Bala na Cesta

Mais sobre a relação Globo/Liga Nacional

Fábio Balassiano

14/08/2013 10h20

Está lá no site da Liga Nacional de Basquete: "O método de disputa da Final do NBB6 ainda não está definido. A LNB está em negociações com a Rede Globo, parceira da entidade na realização do campeonato, para realizar a decisão em duas partidas, ambas com transmissão ao vivo do canal para todo o Brasil".

Está lá no LancenetÀs vésperas da Copa do Mundo, tenho percebido que o foco (da Globo) está todo em cima do futebol. Mas precisamos achar nosso espaço", Cássio Roque (foto à direita), presidente da Liga Nacional.

Bem, este é um assunto chato, repetitivo (veja aqui o quanto já falei sobre isso), bem mala mesmo, mas confesso que me dá um frio na espinha danado quando ouço, como ouvi ontem do Gerente-Executivo Sergio Domenici em conversa pelo telefone inclusive, por inúmeras vezes a surrada frase dos dirigentes do basquete brasileiro: "A agência de marketing da Liga Nacional chama-se TV Globo. É com ela que contamos" (leia aqui).

Nem sei o que dizer. Chega a ser inacreditável que, indo para a sexta edição da principal competição de basquete do país, a gente tenha que ler isso depois que o próprio Lance! divulgou que a Liga Nacional possui, hoje (14 de agosto de 2013), apenas um patrocinador (o Vitamin Drink, que injeta R$ 400 mil na entidade) para bancar toda a estrutura da principal competição de basquete do país que tem visto clubes fechando as portas justamente por falta de verba (Joinville, Araraquara, Tijuca, Assis, Vitória…).

Eu sinceramente não sei o que a turma da Liga Nacional está esperando pra começar, ela, a buscar inovações (que tal transmitir os jogos pela internet, tal qual já está fazendo a Federação Paulista?), novas fontes de receita, patrocinadores grandes e que ajudem a desenvolver o basquete – que precisa muito de ações eficientes de comunicação (que custam caro, sabemos). Chego a ficar chocado quando vejo que o NBB6 será menor que o NBB5 em termos de participantes (de 18 para 17 – ou seja, houve um retrocesso) e que a resposta da LNB é: "Deixa com a Globo".

E que fique claro: a culpa NÃO é da emissora, parceira da LNB e que assinou contrato de dez anos (!!!!!) para exploração comercial da Liga desde 15 de dezembro de 2008 (lançamento oficial), mas sim de quem deixa que a situação chegue a este ponto caricato, deficitário e inaceitável para uma curva que apontava subida e agora é de queda. Se comercialmente a parceria não funciona, nem na parte de divulgação tem ajudado, é bom enfatizar. Não há nada de outro planeta feito pelo maior canal do país, algo sequer que chegue aos pés do que acontece com outro esporte comercializado pelo Plim-Plim, o vôlei, cujo número de jogos exibidos e a exposição (pela qualidade do produto e técnica) são bem maiores evidentemente (o NBB ainda se contenta com migalhas de 30 segundos no Globo Esporte e matérias ligando futebol ao basquete no Esporte Espetacular, como se isso fosse popularizar e rentabilizar clubes e modalidade). E, insisto: isso NÃO é culpa da emissora, que gerencia seus negócios da maneira que lhe é mais pertinente (e rentável).

Uma perguntinha básica pra finalizar: os senhores, leitores deste espaço, acham que a Rede Globo, precisando gerar receita agora e pra 2014, está mais preocupada em vender o Brasileirão, a Copa do Mundo, o Luciano Huck, suas ótimas novelas ou o Novo Basquete Brasil? Nem precisa responder, certo? Será que vale, mesmo, deixar TUDO, absolutamente TUDO, em termos de marketing, captação de patrocínio, na mão de uma empresa que por razões óbvias aponta a prioridade de seu canhão para outros segmentos (segmentos, que, diga-se, geram muito mais grana)?

É por essas e outras que, ano após ano, vemos patrocinadores saindo do basquete (Eletrobrás, Netshoes, Caixa Econômica) sem que outros entrem, prova que a gestão ainda não é totalmente profissional, planejada e sustentável. Uma chefe minha dizia: "Marketing é a arte de atrair e reter clientes". Talvez um dia, ao invés de ficar esperando qualquer avanço em termos de receita e inovação da Rede Globo, o pessoal da Liga Nacional e os clubes descubram que não é tão difícil assim fazer marketing direito, marketing eficiente, marketing que gere grana, público e percepção de marca.

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