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Bala na Cesta

Sobre análises de COB e Ministério, apenas lamentação

Fábio Balassiano

10/07/2013 11h40

Vocês leram aqui ontem, pessoal, palavras do Ministério do Esporte e do Comitê Olímpico Brasileiro sobre a situação da Confederação Brasileira, que, diga-se de passagem, copiou bizarramente os dois artigos e não deu o crédito ao blogueiro – não esperava o contrário da referida entidade. Achei por bem comentar um pouco do que material divulgado aqui na terça-feira.

Obviamente não esperava nada diferente nem do Ministério e muito menos do COB. Não sou imbecil de achar que qualquer um dos dois "bateria" na Confederação em um ambiente hostil a entidade como é este espaço (este blog é um dos poucos, ou únicos, que ainda fiscalizam a CBB). Isso pra mim estava claro desde o início quando fiz o papel de entrevistador. Fui ouvir duas esferas importantes do esporte nacional a respeito do que tem acontecido no basquete. Críticas, portanto, eu não esperava ver deles por aqui.

O que me choca, mas não surpreende, é a "ótica" da análise utilizada pelas duas entidades. O Secretário Ricardo Leyser cita que a "dificuldade vivida pela Confederação é decorrente da queda do patrocínio da Eletrobras, o que justifica o maior apoio do Ministério". Não é verdade (e disse isso a ele no Twitter na noite de segunda-feira). A CBB, com patrocínio da Eletrborás, fechou no vermelho em 2011 (dívida de R$ 7mi) e em 2012 (dívida de R$8,8mi). Logo, não dá pra dizer que a "dificuldade" da entidade máxima do basquete desde país provém da queda da receita da estatal de energia, algo que, apenas para conhecimento geral, só aconteceu neste ano. Se vive dificuldade, é simplesmente porque não conseguiu (não quis) diminuir seus custos operacionais/administrativos e foi incapaz de criar uma nova linha de receita – algo bem básico pra uma empresa que deseja (deseja mesmo?) sair do buraco.

O Comitê Olímpico Brasileiro, por sua vez, "acredita que a CBB vem trabalhando intensamente pelo desenvolvimento do basquete no Brasil, com resultados expressivos, como o retorno da Seleção Masculina aos Jogos Olímpicos e a boa campanha realizada em Londres 2012". Bem, acho que há um grande, grandíssimo equívoco nisso. Uma rápida olhada nos resultados internacionais dos últimos 15 anos é bem clara e mostra: não houve evolução alguma (a não ser o retorno da sele masculina de Rubén Magnano aos Jogos Olímpicos). Em termos de conquistas, apenas e solitariamente o bronze no Mundial Sub-19 de 2011 pela equipe feminina. Se eles consideram isso bom…

Mas isso não é tudo. Nos dois relatos, tanto COB como o Ministério parecem realmente acreditar no TRABALHO desenvolvido pela Confederação. Bem, aí ou só pode ser dose de política acentuada pro blogueiro aqui ou há uma grave crise de ilusionismo nas duas esferas. As duas, aliás, falam em credibilidade. Credibilidade é colocar filho de presidente de CBB pra gerenciar programas de Desenvolvimento? Credibilidade é ter um orçamento no negativo há dois anos? Credibilidade é dever a banco e ser acionado na Justiça? Credibilidade é não possuir NENHUM programa de popularização? Credibilidade é ter um trabalho que deixa uma seleção feminina Sub-16 viajar para uma Copa América com menos de 20 dias de treinamento? Credibilidade é, quatro anos após a eleição do presidente Carlos Nunes não sabermos qual é o "Projeto de basquete para o país"? Credibilidade é isso?

No mundo da ilusão que é o esporte nacional, talvez. No real, no meu, no seu, creio que não. Não vou entrar no mérito nem do trabalho do Ministério e nem do COB (isso é assunto para outro post, ou blog, talvez), mas se as duas esferas querem mesmo que o basquete dê um jeito, tome um rumo, neste país, que fiscalizem a modalidade como ela deve ser fiscalizada. E "fiscalização" não é só verificar contas, planilhar gastos, ver se o dinheiro do contribuinte foi gasto da maneira como deveria. É saber o que tem sido feito para popularizar, massificar, desenvolver o basquete neste país que há 20, 25 anos está parado no tempo.

As perguntas dos últimos cinco anos feitas por mim persistem: Qual é o Projeto de Basquete que a Confederação Brasileira possui? Qual é a forma que a entidade tem pra popularizar o esporte? Como eles desejam desenvolver os atletas? Estas respostas são buscadas, sem sucesso, há anos por qualquer um que acompanha o esporte da bola laranja.

Se Ministério e COB acham que o trabalho realmente é muito bom, os números (administrativos, técnicos, financeiros e de gestão) os desmentem. Não sou eu quem digo. São números, os resultados em quadra, os dirigentes que brincam de administrar uma paixão que ainda não apagou. É uma pena.

Sobre o blog

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