Estatístico, nerd de 23 anos é o novo integrante da comissão técnica Boston Celtics
Há cerca de um ano, Brad Stevens, então técnico da Universidade de Butler, ligou para Dave Telep, editor de Recrutamento do site da ESPN para jovens que saem do colégio rumo a Universidade. O recado de Brad era bem claro: "Dave, eu quero muito conversar com o jovem que faz essas suas estatísticas malucas. Posso?".
Com a validação de Telep, Stevens viajou para Chicago com uma missão – contratar um novo estatístico para seu time. Stevens estava fissurado no menino de 22 anos, um nerd com espinha no rosto e olheiras de internet que se formara no ramo (Estatística) na Universidade de Duke havia poucos meses e que o impressionava com suas análises de jogadores de segundo grau nos Estados Unidos para o site da ESPN. Cannon criou, no site, uma relação entre índices técnicos, táticos, geográficos, altura, força física e recentes resultados para mensurar como uma escolha poderia ser realmente eficiente para as Universidades usando coeficientes dificílimos de serem desvendados por serem normais.
O papo com Drew Cannon (foto) nem demorou muito. Brad disse exatamente o que precisava, e Cannon ficou calado por cinco minutos. Desenhou algumas coisas no guardanapo, disse como poderia ajudá-lo e que não seria muito difícil a missão. Contratado de cara por um nerd de terno e gravata que sabia dar treino como poucos, o jovem formado em Duke de cara criou sistemas de análises dos treinos que impressionavam a Stevens, que saía das práticas com seus jogadores e já recebia relatórios detalhados com o desempenho de cada atleta. Depois vieram o dos jogos do time e em seguida dos adversários de Butler. Mesmo com um time abaixo do que a crítica especializada esperava, Butler cresceu a tal ponto que chamou a atenção de todos. Quando foram ver os motivos do sucesso, Cannon ganhou uma reportagem imensa da prestigiosa revista Sports Illustrated com um título pra lá de sugestivo: "A arma secreta de Butler".
A história de Cannon com o basquete começou nove anos antes. Seu pai, Jim Cannon, jantava em um restaurante com amigos em 2004 e falava pra eles que seu filho era um tarado por números e contas. Ficava o dia inteiro enfurnado em casa devorando tabelas e criando fórmulas que ninguém entendia. Tendo lido Moneyball há pouco tempo (leia mais aqui sobre isso), Telep falou para Cannon-pai: "Estou com uma ideia meio maluca. Posso conversar com seu filho?".
E assim foi. Sem nunca ter pisado em uma quadra de basquete para jogos que não os de seu colégio, Cannon criou índices, formulou estatísticas diferentes, apresentou a todo time de analistas da ESPN especializados em recrutamento de colegiais que gostariam de se tornar universitários uma nova maneira de enxergar não só o basquete, mas principalmente o que havia por trás dos atletas. De acordo com Talep, "no começo Cannon era visto como um maluco. Mas em pouco tempo tudo o que ele escrevia e falava se confirmava. Era incrível".
É este tipo de profissional que acaba de ser contratado pelo Boston Celtics. Cada vez mais pronto para virar a chave de uma tradicional equipe para uma franquia moderna e referência em tudo o que há de mais novo no mercado, Danny Ainge parece acertar em cheio ao trazer Drew Cannon para oxigenar ainda mais os verdes. Ainda não se sabe que tipo de trabalho será feito por Cannon por lá (se análises de treinamentos, de adversários, de jogo ou qualquer outra coisa), mas é bem claro que os nerds começam a dominar também o esporte.
Drew Cannon segue a linha de Daryl Morey, o manda-chuva do Houston Rockets que conseguiu fisgar Dwight Howard. No Boston, a missão é mais dura – reinventar uma franquia que venceu bem nos últimos cinco anos. O esporte não é uma ciência exata, a gente sabe, mas os números podem ajudar os Celtics a voltar a ser grandes mais rápido ao evitar decisões erradas. Parabéns aos verdes.
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