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Bala na Cesta

Especial 20 anos do Dream Team: técnico José Medalha lembra preparação brasileira pro jogo

Fábio Balassiano

28/07/2012 13h45

No dia 31 de julho, o Dream Team, depois de ter arrasado a Croácia, teria o Brasil, de Oscar e Marcel, pela frente. Não dava pra dizer que seria uma revanche do Pan-Americano de 1987 porque apenas David Robinson estava em Indianápolis, mas era um jogo que tinha um contorno todo especial para os brasileiros. Conversei com José Medalha (na foto à direita), técnico da seleção que foi às Olimpíadas de 1992 sobre a expectativa para o duelo e dos sentimentos dele e do time após a derrota por 127-83.

BALA NA CESTA: No dia 31 de julho de 1992, a seleção brasileira enfrentaria o Dream Team dos EUA nas Olimpíadas de Barcelona. Como foi a preparação para aquele jogo?
JOSÉ MEDALHA: A preparação seguiu a rotina normal dentro da competição. Alertamos os atletas da importância histórica de enfrentarmos talvez o melhor time de todos os tempos. Sabíamos, obviamente, da diferença técnica e tática entre as seleções. Não tínhamos a pretensão de jogar para vencer a partida, e sim de realizarmos o melhor possível. Eu havia decidido que todos os atletas teriam participação no jogo e que faríamos um revezamento sempre mantendo uma estrutura de equipe coesa na quadra. Adotaríamos a defesa por zona e iríamos procurar manter a posse de bola decidindo sempre que houvesse oportunidade , mas sem precipitação, escolhendo os arremessos com melhor possibilidade de acerto. Não iríamos gastar o tempo, e sim jogarmos com inteligência diante de um adversário sabidamente superior.

BNC: Houve algum caso inesquecível, engraçado ou curioso que você possa nos contar?
JM: Houve, houve sim. Ainda no primeiro tempo teve uma bola dividida próximo ao banco do Brasil. Ela acabou caindo nas mãos de Chris Mullin após ter saído pela lateral. Eu apontei para a reposição em nossa direção como se aquela bola fosse a decisiva. Chris Mulin  sorriu e me entregou a bola , como que dizendo "é de vocês, pode ficar".  Outro fato que me lembro era a euforia de todos os atletas durante a apresentação sentindo-se lisonjeados ao cumprimentar aqueles verdadeiros monstros do basquetebol mundial. A mesma emoção eu senti ao desejar e receber votos de boa sorte do técnico Chuck Daly ao trocarmos os tradicionais mimos antes da partida.

BNC: Qual foi a sensação depois do jogo? Orgulho, alívio pelo trator ter passado ou não se sente nada no momento?
JM: A sensação foi de orgulho e privilégio por ter sido o técnico do Brasil na talvez única oportunidade de orientar uma equipe contra a melhor de todos os tempos. Depois da partida estávamos todos felizes pois a nossa apresentação foi muito elogiada, tendo sido a segunda equipe mais ofensiva. Fizemos 83 pontos, apenas dois a menos que a Croácia, que na final perdeu por 117 a 85.

BNC: Muita gente tenta comparar times americanos com o Dream Team de 1992. Pra você, existe algum tipo de possível comparação, ou é devaneio?
JM: Não há comparação. Aquele time foi escolhido a dedo para mostrar ao mundo todo que os americanos detinham o poder absoluto na modalidade após os fracassos seguidos iniciados em 87 com a nossa vitória no Pan, seguidos da Olimpíada de 88 e do Mundial de 1990. Fazendo uma transferência para o futebol, seria como reunirmos 10 Pelés em um só time.

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