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Bala na Cesta

Foto do Leitor - Hugo Gomes vai a amistosos da seleção masculina e volta otimista

Fábio Balassiano

30/06/2012 17h49

O leitor Hugo Gomes, de Ribeirão Preto, foi ver os amistosos da seleção brasileira em São Carlos e ficou empolgadíssimo. Enviou fotos, mas não só isso. Mandou fotos e um texto explicando o que viu. É quase um "Foto do Leitor" com "Fala, Leitor". Mandou bem, Hugo! Diga lá.

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Não falamos mais Grego!
Por Hugo Gomes

Há tempos não via um jogo de basquete ao vivo – desde que a equipe de Ribeirão Preto foi extinta em 2006. Para minha felicidade o meu retorno foi em grande estilo no Brasil x Grécia. Brasil completo! Todas as estrelas da NBA, da Europa e das equipes brasileiras lá. Grécia com Zissis, Bourousis, Spanoulis, Printezis e o recém "draftado" pelos Knicks de Nova York, Papanikolaou.

O que vi do jogo me agradou muito. Houve momentos de hesitação, falhas defensivas e no ataque, mas jogamos muito bem, sobretudo como time, com linguagem única e comprometimento tático. Vencemos 78 x 71, uma partida onde a chave para vitória foi ditada e os papéis cumpridos a risca. Defesa forte, isso vale contra qualquer adversário, e encaixamos vários bons momentos defensivos. No ataque o time foi muito consciente. Contra pivôs altos e fortes, a chave estava nas mãos dos alas (Marquinhos e Marcelinho). Com auxílio (sincronismo e doação) dos nossos pivôs, que trombaram e fizeram os corta luzes necessários, dominamos o garrafão no ataque e na defesa (rebotes de defesa, 20 a 15; no ataque 9 a 5). Na armação o burocrático foi suficiente desta vez, mas tenho confiança que vai melhorar.

O que falar da nossa rotação? Grande! Maiúscula! Foram 54% dos pontos feitos pelos reservas. Tá na cara que estamos muito equilibrados e a meu ver ganhamos por isso. Quando a rotação da Grécia começou não segurou por muito tempo a rotação do Brasil. Neste ponto temos um mestre e um diferencial. Rubén Magnano joga xadrez com seus atletas. É absurda a postura detalhista do nosso técnico ao jogo.

Ao vivo pude conferir porque é tão aclamado mundialmente, e é obvio que seus resultados falam muito sobre eles, mas lá na quadra vi um técnico comandar um time como nunca vi na vida. Pela TV, e até então esta era minha única referência visual do trabalho do Rubén, não se tem a dimensão do trabalho fino que ele faz com os atletas e comissão técnica. Lá, segundo a segundo (no basquete é assim, minuto é eternidade), ele sabe exatamente o que vai ganhar e o que vai perder com cada troca de jogador. Olha as partes, mas pensa o todo, do time e do jogo. Brilhante.

Ao logo dos anos vi nossa seleção falar outra linguagem, diferente da necessária para se vencer, e por isso o basquete masculino amargou por muitos anos o exílio dos Jogos Olímpicos e vexames internacionais. Ontem, em quadra, ouvi várias línguas: português, inglês e espanhol, mas percebi a linguagem essencial deste esporte: BASQUETE! Puro. Em sua essência e de qualidade.

Apesar de estar confiante que nossa seleção fará um belo papel em Londres, na boa, vou entender se a medalha não vier que houve méritos dos rivais pois o trabalho está sendo feito – e com qualidade por parte da comissão e dos atletas. Estes caras resgataram muita coisa do nosso basquete em termos de qualidade, e isso é fantástico.

Estamos forte, confiantes e disciplinados. E por que não falamos mais Grego (a leitura o substantivo é ampla), vou me emocionar ao ver aqueles caras de ontem em Londres.

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