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Bala na Cesta

Em entrevista, Anderson Varejão fala sobre expectativa de ser primeiro brasileiro All-Star

Fábio Balassiano

08/02/2012 00h15

Anderson Varejão virou unanimidade na NBA. Ouviu Doc Rivers, técnico do Boston, falar que seu trabalho defensivo é fenomenal e que uma vaga para ele no All-Star Game não seria injusta. Viu Paul Pierce, também dos Celtics, elogiar a sua luta e seu posicionamento nos rebotes. Dirk Nowitzki, por sua vez, foi mais direto e disse que Varejão é "um animal". Seu técnico, Byron Scott, rechaçou qualquer possibilidade de trocá-lo e colocou-o como intocável. Dan Gilbert, exigente dono da franquia Cavs, disse que ninguém tem um pivô defensivo como o Cleveland.

E tudo isso está acontecendo pelo que o capixaba tem feito em quadra depois de perder a temporada passada quase toda depois de uma grave lesão no tornozelo direito. Líder em rebotes ofensivos da liga (4,7), quinto no geral com 11,9 (maior marca de sua carreira), soberbo na defesa e agora bem mais participativo no ataque (ele registra 10,8 pontos por jogo, maior média de seus sete anos na NBA e vem de quatro partidas com 12 ou mais pontos de forma consecutiva – feito inédito), o pivô conversou com o Bala na Cesta sobre a sua primorosa temporada, sobre a chance de se tornar o primeiro All-Star brasileiro da liga e, claro, sobre a expectativa para as Olimpíadas de Londres daqui a alguns meses. Confira o papo!

BALA NA CESTA: Esperava um começo de temporada tão como o que está acontecendo com você no Cleveland Cavs?
ANDERSON VAREJÃO: Esperava poder ajudar o time, voltar a jogar com confiança, sem limitações, principalmente depois da lesão. A recuperação não foi fácil, foi lenta, exigia muita paciência, mas foi muito boa. Estava com saudade de jogar e estou feliz por estar podendo jogar bem e ajudando o time. Além disso, temos um grupo muito unido, com muitos jogadores novos, mas que está fechado, e isso ajuda bastante.

BNC: Byron Scott disse que você merece ser um All-Star nesta temporada. Dan Gilbert, o proprietário do time, te elogiou no também. Paul Pierce, Doc Rivers e Dirk Nowitzki falaram bem de você. Com toda a humildade e sinceridade do mundo, você acha que merece ser um All-Star nesta temporada?
AV: Se for chamado para o All-Star vou ficar muito feliz, claro. Agradeço a todos pelos elogios, é o reconhecimento do meu trabalho. Ia ser bacana jogar o All-Star, é um dos momentos mais importantes da temporada, mas deixo as coisas acontecerem. Se for chamado, vai ser maravilhoso para mim, para o Cleveland e para o basquete do Brasil, que nunca teve um atleta no evento.

BNC: Quem te vê em quadra nota um Anderson mais à vontade no ataque. Como foi este processo para se tornar uma arma ofensiva dos Cavs? Foi mais conversa do Byron Scott, confiança, treinamento ou os três juntos?
AV: Estou me sentindo bem, confiante, bem treinado e o esquema de jogo do time está me dando oportunidade de ser mais presente no ataque também. Não jogo para ser o cestinha nem para dar assistências (minhas funções não são exatamente estas), mas, se eu tiver espaço e condições para isso, vou fazer. Tenho conseguido pontuar, isso é importante e é fruto do que temos treinado, de estarmos executando bem as jogadas. Mas o mais importante é que tenho conseguido pegar rebotes, nossa defesa está fazendo bons jogos e isso é fundamental.

BNC: Você joga em um time em reconstrução, e já está chegando aos 30 anos. Passa pela sua cabeça ficar aí até que o Kyrie Irving seja realmente uma estrela capaz de levar o Cleveland às finais, ou jogar em um time já pronto para ser campeão mexe com você?
AV: Sinceramente não passa pela minha cabeça sair de Cleveland. Estou muito feliz aqui, perfeitamente adaptado, gosto da cidade, dos torcedores… O Kyrie é um grande jogador, ainda jovem, mas com muito potencial. O Cleveland está montando um bom time, isso vem aparecendo durante a temporada, temos feito bons jogos, ganho partidas importantes, contra adversários fortes, e nosso primeiro objetivo é buscar uma vaga nos playoffs.

BNC: Por fim, É possível deixar de pensar nas Olimpíadas a menos de oito menos dos Jogos? Como está a expectativa para jogar as suas primeiras Olimpíadas? Já pensou na dor de cabeça que o Magnano terá para armar o garrafão com você, Nenê, Tiago, Augusto e Rafael?
BNC: Ainda não penso em Olimpíadas. Não dá nem tempo. Estamos num ritmo muito intenso de viagens, jogos, a temporada é mais curta e o foco é todo no campeonato, precisamos estar concentrados o tempo todo. Espero estar na lista do Magnano, quero muito disputar as Olimpíadas, ainda mais depois de sofrer tanto de fora acompanhando o Pré-Olímpico de Mar del Plata. Se 2011 foi um ano complicado para mim, por causa da contusão, ao menos fico feliz que tenha sido um ano de ressurgimento para a nossa seleção brasileira, que se classificou com méritos. Temos um grupo de jogadores muito bom, alguns jovens apareceram bem nas últimas competições e ver o Magnano com uma dor de cabeça dessas é ótimo para o Brasil.

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