Liga Feminina desanima logo no jogo de estreia
Aí você se empolga com o começo da Liga de Basquete Feminino, liga pra um, conversa com outro, pega informações e acha que "agora vai". Senta na frente da televisão, abaixa o volume, abre um refrigerante e solta um "ah, agora vai". Mas não foi.
Americana e Ourinhos fizeram, na tarde de ontem, um jogo para esquecer, para apagar da memória de quem joga basquete. Em casa, Americana venceu 58-49, com 14 pontos de Karen, uma das únicas que se salvaram. Vamos a alguns pontos:
1) Estou absolutamente chocado com a forma física de Kelly, pivô contratada como maior reforço de Ourinhos para a competição. Está absurdamente acima do peso e sem a menor coordenação em seus movimentos. Como medalhista olímpica que é, deveria ter um pouco mais de respeito com o seu passado, com a sua carreira.
2) Os times estão treinando há mais de três meses mesmo? Sem entrar no mérito dos erros de arremesso (inclusive algumas bandejas livres, livres), houve 33 erros de fundamento (passe, drible, pé na linha etc.). Muita coisa, não? Isso, claro, sem falar na precipitação alucinante das duas equipes no ataque e do vício cada vez mais incorrigível dos chutes de três pontos (9/30, ou 30% de conversão). Contei, no segundo tempo, 12 ataques em que não houve um passe sequer. Muita coisa, não?
3) O que falar de Chuca e Silvia Gustavo, de Ourinhos? As duas, alas da seleção brasileira, chutaram 5/23 (21,7%) e foram de uma apatia contagiante.
4) Do outro lado, Zanon, que surgiu muito bem e hoje é um técnico "mais do mesmo", segue sem jogar com as mais jovens (é medo isso, gente?). Mesmo com sua armadora titular em dia ruim (Babi teve quatro erros em 33 minutos), não deu nem 2 minutos de quadra para Débora. Animador, não?
Bom, vou parar por aqui. Se a LBF queria começar de forma animada a sua segunda edição com um jogo entre duas das principais equipes a boa intenção terminou assim que a bola subiu. O que se viu em quadra foi algo parecido com basquete, mas longe de ser o esporte que consagrou o país na última década.
Não é questão de comparar valores (nunca farei isso – os tempos são outros), mas de apresentar um produto razoavelmente decente ao público que ainda insiste em consumir basquete feminino. Não temos mais Paula, Hortência, Janeth e cia., mas não é impossível fazer um jogo no mínimo razoável. Hoje foi uma partida ruim, triste e desanimadora.
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