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Bala na Cesta

Revelação, armador Davi Rossetto busca espaço no concorrido Pinheiros

Fábio Balassiano

28/11/2011 15h15

Ontem falei aqui sobre Cristiano Felício, ala-pivô do Minas que foi um dos destaques do Brasil no Mundial Sub19. Mas a mesma competição revelou outro jovem bastante promissor: o armador Davi Rossetto, do Pinheiros, agremiação que defende desde 2005 (lá ele é comandado, na base, pela ótima Thelma Tavernari). Reserva de Raulzinho, uma das estrelas da companhia, ele saiu do banco para anotar 10,8 pontos (melhor índice entre os que não começavam as partidas), 2,5 assistências e 2,1 rebotes em menos de 20 minutos por partida. Foi um dos destaques do time e acabou ganhando mais chance em seu clube, além da convocação para a seleção adulta que foi ao Pan-Americano. O Bala na Cesta conversou com o jogador, maduro ao extremo aos 19 anos e atualmente o reserva de Juan Pablo Figueroa no NBB4, sobre os planos de sua carreira. Dono de uma leitura de jogo acima da média, Davi está na seção Muito Prazer por aqui, destinada às revelações do basquete.

BALA NA CESTA: Como foi o começo da sua carreira até chegar ao Pinheiros?
DAVI ROSSETTO: Comecei através do (técnico) Julio Malfi (hoje em Barueri). Ele é pai do Rafael (atualmente disputando o NBB pela Liga Sorocabana), estudei desde os cincos anos de idade e temos muito este relacionamento. Como a Hebraica estava montando o time de pré-mini na época o Julio me chamou para fazer um teste no clube quando tinha dez anos (2003). O técnico era o Cleiton Ferreira, que é fantástico como professor e como pessoa. Passei também pelo Círculo Militar antes de chegar ao Pinheiros, lugar que cresci muito desde 2005 e onde fui lapidado pela Thelma (Tavernari).

BNC: Como foi o Mundial Sub19 pra você? Imagino que tenha sido além de uma experiência fantástica em termos coletivos, uma baita lembrança, já que você foi bem na Letônia.
DR: Muita gente não esperava que eu fosse ter o desempenho que eu tive, mas eu corri atrás do que aconteceu comigo nos treinamentos. Antes do Mundial o time tinha muito a característica de o Raulzinho armar o time. E isso acabou concentrando demais a marcação adversária em cima dele. Quando entrei no lugar dele eu acabei aproveitando muito disso, já que a marcação ficava menos concentrada em uma pessoa só. Não posso te dizer que eu esperava o que aconteceu na Letônia, mas te garanto que foi algo que eu treinei para acontecer (Nota do editor: no Pinheiros, Davi é sempre o primeiro a chegar em quadra e faz trabalhos específicos sozinho).

BNC: Conversei bastante com o Betinho sobre o tema, e ele me disse que uma das maiores dificuldades que um atleta da base tem é na transição juvenil-adulto – e você está passando por isso agora. O que você pensa sobre isso, principalmente na questão do tempo de quadra?
DR: A questão do tempo de quadra é realmente importante, mas eu acabo pensando mais na minha evolução como atleta. Na parte física, na parte mental, de entender o jogo e na parte de fundamentos. O Pinheiros me proporciona além da excelente estrutura de trabalho, o contato com os jogadores mais experientes, e isso eu preciso usar também para o meu desenvolvimento. Mas também sei que quando tiver a oportunidade de estar jogando eu preciso aproveitar a chance. Não são muitas ainda, e tenho que estar focado para aproveitá-las da melhor maneira possível. O NBB é um campeonato longo, difícil, e haverá contusões, suspensões, problema com falta. Preciso estar pronto.

BNC: Como é seu relacionamento com o Figueroa, titular da armação do Pinheiros? Imagino que você deva aprender muito com ele e com os outros mais experientes do clube.
DR: O Figueroa é uma excelente pessoal, aprendo muito com ele, mas não muito com as palavras (talvez até pela barreira da língua). O mais forte dele é o exemplo que ele dá com a atitude, com a maneira de se portar nos jogos, nos treinamentos e fora de quadra.

BNC: Com 1,80m, você não é um armador alto, mas parece suprir bem esse "limite físico" com muita visão de jogo e fundamentos (passe e drible) bem sólidos. É algo que você sempre trabalhou para diminuir este impacto?
DR: Como não sou o mais alto, tento usar algumas, digamos, ferramentas para me sobressair. Tento ser mais rápido, mas acho que o mais importante é você trabalhar a sua inteligência, a sua leitura de jogo. Assim você acaba tendo mais facilidade para encontrar os espaços dentro da quadra. Como eu trabalho isso? É muita observação e no Pinheiros eu tenho um cara que me dá toque o tempo inteiro. É o (ala) Renato, que sempre mostra o melhor caminho, o melhor posicionamento, dá dicas, orienta. Além disso, adoro assistir jogo e sou viciado em vídeo de armadores. Vou na internet e fuço tudo, tudinho mesmo. Gosto muito de olhar o Deron Williams (Utah Jazz), o Chris Paul (New Orleans Hornets) e também o Huertas, que é fantástico. Aqui no Brasil eu gosto muito da visão de jogo do Fúlvio e da raça do Nezinho.

BNC: Em pouco tempo de quadra contra o Flamengo eu vi você falando uma barbaridade. Orientou, conversou, posicionou a equipe. Liderança parece ser uma característica sua, certo? Como é para um jovem ser líder de um time recheado de atletas tão experientes?
DR: A liderança no Pinheiros é bastante dividida, e acho isso ótimo. Cada um tem a sua parcela, e eu procuro, mesmo que timidamente, colocar o meu modo de ser também. Como armador você tem uma leitura de jogo importante, e acho que é fundamental que eu transmita isso para meus companheiros. Sobre o lance de ser líder, é algo que eu gosto muito. Sempre foi assim, desde a época do colégio. Tinha festa pra organizar, viagem pra fazer, coisas desse tipo? Eu acabava chamando a responsabilidade e meio que capitaneava tudo.

BNC: Rapaz, eu vou te dizer uma coisa. Você tem apenas 19 anos, mas tem o perfil muito claro de um técnico. Pensa nisso no futuro?
DR: (risos) Cara, todo mundo me fala isso, sabia? Mas é algo que ainda não penso, não. Sou novo ainda, né? Admiro demais a profissão, o trabalho que eu vejo os técnicos do Pinheiros fazendo, mas ainda não parei para analisar isso.

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