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Bala na Cesta

Vício de origem: seleção Sub15 é convocada e repete erros

Fábio Balassiano

05/10/2011 11h34

O técnico Cristiano Cedra convocou ontem 20 atletas para a seleção feminina Sub15 que disputa o Sul-Americano entre os dias 7 e 13 de novembro. Os treinamentos serão em Barretos (SP), Helen Luz será a administradora (estava indo tão bem de comentarista…), mas de verdade não gostei do que vi. Não pelos nomes, que mal conheço, obviamente (apenas ouvi informações a respeito das meninas), mas sim pelo retrato que está sendo desenhado – pela milésima vez.

Na convocação de Cristiano 12 das 20 meninas jogam em São Paulo (60%), centro com maior investimento do país. O problema é que pelo visto a Confederação Brasileira não quer mudar este cenário. Mesmo com os dois assistentes-técnicos sendo de fora de São Paulo (Julio Patrício é de Santa Catarina e Guilherme Vos, cujo sobrenome aparece errado no site da entidade até o momento em que escrevo este texto, é do Rio de Janeiro), a primeira categoria que estará treinando para um torneio com a seleção nacional (nacional?) possui uma lista com uma concentração absurda de atletas de apenas uma localidade.

Se o objetivo é formar e aumentar o número de praticantes de basquete de alto nível, por que não convocar mais jogadoras, trazer mais atletas para aprenderem um pouco com os treinadores em um período tão importante como este (o do desenvolvimento)? Será que no Nordeste inteiro só há duas meninas que podem treinar com a Sub15? No Sul do país só há uma atleta? De verdade eu estranho muito isso. Além disso, cabe mais questionamentos importante aqui: Como ficará o ano escolar destas meninas, que treinarão em Barretos de 11 de outubro a 4 de novembro, período mais importante do ano letivo? Torço muito para que a CBB tenha pensado nisso (ATUALIZAÇÃO: Uma boa maneira de se corrigir isso seria se os treinos fossem marcados ao longo do ano, em diferentes períodos).

Parece que não adianta muito a Confederação ler que a próxima edição da LBF está ameaçada de não acontecer porque os clubes estão quebrados, né? Com um método de trabalho tão reducionista, não há como o basquete feminino crescer mesmo. O tamanho da concentração mostra o tamanho do planejamento da entidade máxima do basquete brasileiro com o crescimento da modalidade por aqui.

Pode parecer um texto forte, mas acho absolutamente lamentável que após duas classificações olímpicas nada mude por aqui. Todo mundo voltou a falar de basquete, das seleções, se interessou pelos clubes e nem um pingo de mudança veio na primeira convocação de um time nacional de base. Formar seleção permanente é a solução para todos os problemas do país? Penso que não.

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