Por renovação, Argentina muda regras de Liga local
Na semana passada foi aprovada na Argentina uma série de medidas que mudarão um pouco da configuração do basquete do país. Para não mexer tanto com as equipes, as mudanças acontecerão a partir da temporada 2012-2013 (se você quiser ler como "começo do próximo ciclo olímpico" também pode). Vamos lá (aqui a notícia completa).
Com o limite de três estrangeiros por equipe mantido, em 2012-2013, os clubes da 1ª divisão deverão ter em seus elencos 11 jogadores adultos (sendo dois Sub-21 obrigatoriamente) e seis Sub-19. Na temporada seguinte (2013-2014), serão dez adultos (um Sub-21 obrigatoriamente) e sete Sub-19. Em 2014-2015 serão nove adultos (sem a obrigatoriedade de ter um Sub-21) e oito Sub-19.
Pensa que é só? Não, não é. Na segunda divisão, um dos principais fatores de a Argentina ser forte (sim, é na segunda divisão que são formados e desenvolvidos talentos – isso sem falar no aumento no número de clubes em atividade), os números são ainda mais rigorosos (e o limite de um estrangeiro por time está mantido): em 2012-2013, dez adultos e sete Sub-19 (com dois Sub-21); em 2013-2014, 9 + 8 (com um Sub-21); e em 2014-2015, pela primeira vez o número de Sub-19 será maior que o de adultos (nove jovens contra oito mais velhos).
É óbvio que por trás de tudo isso há um viés econômico (a Argentina está em crise financeira há mais de dez anos e na temporada passada alguns clubes quase fecharam as portas), mas não dá para fechar o olho para as consequências das medidas adotadas pela Associación de Clubes de Básquetbol e a Liga Nacional de Básquet (a LNB platina). Como os atletas que fizeram o país brilhar internacionalmente se encaminham para o final de suas carreiras, chegou o momento de acelerar o processo de renovação em terras portenhas. O objetivo, portanto, não passa a ser "apenas" formar, fato que hoje em dia já flui muito bem, mas também (e talvez principalmente) dar chance para que os atletas mostrem, nos jogos profissionais, tudo o que aprenderam nas categorias de base. E não custa lembrar que a equipe Sub-19 acabou de chegar na quarta colocação no Mundial da Letônia.
Para ser sincero, nunca sou completamente a favor de "canetadas" para determinar a renovação em um campeonato "privado" (está muito claro que o nível técnico cairá, e aí pode ser que um efeito cascata de queda de público, audiência e patrocinadores ocorra, gerando problemas estruturais ainda mais graves para as finanças dos clubes e para a reputação da Liga), mas acho que mais uma vez os hermanos saem na frente quando o assunto é plantar a semente para que uma nova geração vitoriosa surja.
O nível técnico da Liga Argentina não é mais elevado que o da LNB brasileira (apesar de os aspectos táticos e de fundamentos de lá serem absurdamente melhores do que os daqui), e pode ser que essa diferença aumente ainda mais a favor do campeonato brasileiro, mas está muito claro que os argentinos não estão muito preocupados com isso. Eles estão enxergando lá na frente, em cinco, dez anos, no desenvolvimento de seus garotos que em breve brilharão com a camisa platina em competições de seleções.
Os hermanos mostraram, mostram e continuarão mostrando o caminho há mais de uma década. Depois não adianta, após mais uma derrota em Mundial ou Pré-Olímpico (bem, Olimpíadas não se joga há 15 anos, né) repetir o mantra "estamos no caminho certo, perdemos nos detalhes e faltou sorte". O buraco, conforme repito aqui, é bem mais em cima (e vale lembrar que grande parte dos jovens que atuaram no Mundial Sub-19 quase não encontram espaço por aqui no NBB).
Fica a questão: até quando LNB (Brasileira) e Confederação olharão tudo o que acontece nas divisões de base do basquete brasileiro de forma tão míope? Será que não deu para perceber que é de lá (da base) que sairá um produto melhor? Será impossível enxergar que além dos clubes é preciso investir nas escolas, na formação de uma "massa crítica" que pense, goste e viva o basquete desde muito cedo? Será complicado enxergar que é preciso ter quantidade para extrair qualidade?
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