Você já leu aqui a previsão para a temporada da NBA que começou ontem, né? Então vamos lá analisar todos os brasileiros que farão parte do campeonato.
Nenê -> Contratado pelo Houston Rockets, o brasileiro há mais tempo na NBA (o tempo passa rápido e pouca gente nota que ele está no melhor basquete do mundo desde 2002/2003) terá boa minutagem no time texano. Disputará tempo de quadra com o razoável Clint Capela com a vantagem de ter armas que melhor se adequam ao estilo de jogo de Mike D'Antoni, novo treinador da franquia. O camisa 42 passa melhor que Capela, o que é fundamental para um time que acelera o jogo até dizer chega, e apesar dos 34 anos ainda consegue fazer bloqueios e partir em direção a cesta para pontuar. Se pode lhe faltar o vigor físico devido a idade, sobra experiência para um elenco que está tentando encontrar a sua identidade. Gosto das possibilidades dele, que está totalmente recuperado da fascite plantar e que fez excelente Olimpíada.
Podcast BNC sobre o começo da temporada
Leandrinho -> É óbvio que para Leandrinho o melhor que poderia ter acontecido em termos profissionais era mesmo ficar no Golden State. Mas a franquia de Oakland optou por seguir em outra direção e coube ao brasileiro saciar o seu lado, digamos, emocional. Ele vai para a sua terceira passagem em uma franquia que o venera, cujos torcedores o amam e conhecendo perfeitamente o ambiente. O agora camisa 19 vem, porém, com uma missão bem diferente das que anteriormente cumpriu no Arizona. Agora Leandrinho entra para ensinar ao jovem Devin Booker (19 anos) os atalhos da liga e para ser uma espécie de mentor do garoto. É natural, acontece com todos os atletas da liga e é uma função pra lá de respeitável. Se não chegará longe, como ocorreu ou ocorreria com os Warriors, que Leandrinho aproveite o momento para passar a sua experiência para Booker e para sentir o carinho dos fãs de Phoenix.
Tiago Splitter -> Não será um ano fácil para Tiago Splitter. Em primeiro lugar porque ele será reserva do principal reforço do Hawks para a temporada. Dwight Howard chegou e ele sabe que o camisa 12 "comerá" no mínimo 30 minutos/jogo. Depois porque ele vem de uma lesão séria no quadril – e a gente sabe que retornar de uma cirurgia nem sempre é fácil. Isso tudo em último ano de contrato. Ou seja: em um cenário não tão fácil o pivô precisará mostrar que está recuperado e que tem basquete (e eu acredito que tenha sobrando…) para permanecer na liga por mais e mais tempo. A vantagem disso tudo é que a cabeça de Tiago é muito boa e sua força mental será sem dúvida importante para superar este difícil recomeço.
O palpitão do blog para a temporada 2016/2017
Cristiano Felício -> Se tem alguém entre os brasileiros que pode surpreender nesta temporada, este alguém é Cristiano Felício. O pivô começará como reserva de Robin Lopez, mas quem acompanha o ex-jogador do Knicks sabe que ele está longe de ser confiável. Felício, então, poderá comer pelas beiradas e ganhar espaço da mesma maneira que já fez no campeonato passado – defendendo muito bem, saindo ferozmente dos picks para enterrar a bola na cesta e convertendo arremessos de média distância. Jogar com Dwyane Wade, pelo lado da experiência, e Rajon Rondo, armador que não tem muito arremesso e que por isso procura demais a seus companheiros para que estes finalizem, também será muito bom para o brasileiro. Que Felício mantenha a cabeça no lugar, porque as oportunidades de mostrar talento irão aparecer.
Anderson Varejão -> Chegou enfim a hora de Anderson Varejão se sagrar campeão da NBA? Ele chegou perto duas vezes nas finais passadas (com o Cavs contra o Warriors e com o Warriors diante do Cavs), mas bateu na trave. Para sua sorte ele permaneceu no Golden State mesmo que seu rendimento não tenha sido tão brilhante assim no certame passado. Aparentemente, porém, a franquia confia nele para fazer o trabalho sujo na defesa e por ser uma ótima influência no vestiário. Em um elenco que pode, sim, ter problemas com os egos de Steph Curry, Klay Thompson e Kevin Durant (não acredito que isso ocorra, mas que é possível, é), uma figura carismática, experiente e tranquila como Anderson Varejão é uma grande vantagem. Que ele se mantenha saudável para tentar concretizar um de seus grandes sonhos – ganhar o anel de campeão da liga.
Raulzinho -> Não será um ano fácil para Raulzinho, não. Se o começo de sua temporada de estreia no Utah foi animador, do meio para o final do campeonato passado não foi bem assim. Shelvin Mack chegou e seu tempo de quadra reduziu. Para 2016/2017, cenário ainda pior. George Hill chegou, Dante Exum se recuperou de lesão no joelho e Mack ficou. Se estava difícil arrumar minutos em Salt Lake City em 2016, o que dizer do atual panorama? Não consigo projetar o ano de Raulzinho justamente porque não se tem ideia, ainda, de quantos minutos ele terá por jogo, quais serão as suas reais funções e como serão os desempenhos dos dois que Quin Snyder, o treinador, mais confia para este início (Hill e Exum).
Marcelinho Huertas -> O titular da posição 1 do Lakers chama-se D'Angelo Russell. Não por esta temporada, mas aparentemente por muitos e muitos anos. D-Lo, como é conhecido, tem tudo para ser a cara da franquia e um dos melhores da liga em pouco tempo. Fiz essa introdução para explicar em que cenário se encontra Marcelinho Huertas, que disputará os minutos restantes de Russell com outro armador experiente (José Calderon). Pelo que vi na pré-temporada o brasileiro conta com a simpatia de Luke Walton, o técnico, e tem ótimo relacionamento com alguns dos caras que sairão do banco de reservas com ele (Larry Nance Jr. principalmente). Ele continuará jogando pouco e precisará mais uma vez se acostumar com isso. Não é nenhum problema ser reserva do Lakers, mas eu sinceramente acho que Huertas tem mais basquete do que o que será visto em Los Angeles em poucos minutos por noite.
Bruno Caboclo -> Não é animador o panorama para Bruno Caboclo mais uma vez. O Toronto segue fortíssimo no Leste, não há a menor chance de entrar em reconstrução e com os contratos longos de DeMar DeRozan e DeMarre Carroll os minutos nas posições 2 e 3 ficam muito restritos no Raptors. Para piorar, o camisa 20 não foi muito bem na pré-temporada, quando o tempo de quadra dos titulares mais experientes é reduzido e os jogadores que precisam de espaço normalmente tentam mostrar algo. Caboclo continua baseando seu ataque apenas em bolas de fora e na defesa segue com dificuldade de leitura de jogo – potencializada por uma natural barreira de linguagem entre ele e os atletas. Seu contrato vence apenas ao final do campeonato de 2017/2018, mas é bom ele começar a mostrar à franquia o motivo pelo qual ele foi escolhido anos atrás no Draft.
Lucas Bebê -> Outro que não tem situação confortável no Toronto. Bebê foi bem em alguns momentos na temporada passada, esperava ter mais chances quando o congolês Bismack Biyombo assinou com o Orlando Magic, mas a franquia optou por trazer outro pivô no Draft. O austríaco Jakob Poeltl vem da Universidade de Utah, tem 21 anos, 2,13m e jogou bem e bons minutos na pré-temporada torontina. Todo mundo sabe que o dono da posição cinco dos Raptors é Jonas Valanciunas. Ficará entre o brasileiro e Poeltl a disputa pelos minutos restantes do lituano. Se Lucas Bebê ganhar esse confronto interno pode se dar muito bem e se estabilizar como reserva de Valanciunas e peça importante na rotação de Dwane Casey.
O que você acha? Concorda comigo? Comente você também!