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Bala na Cesta

A volta de Rick Pitino e o ano sabático na Euroliga, por Rodrigo Salomão

Fábio Balassiano

28/01/2019 14h00

* Por Rodrigo Salomão

Os amantes do basquete um pouco mais velhos certamente se lembram de Rick Pitino. Aqueles que acompanham de perto a NCAA, então, ainda mais. Bicampeão universitário (por Kentucky e Louisville), também comandou o New York Knicks e o Boston Celtics, além de ter entrado para o Hall da Fama. Depois de ver seu nome envolvido numa investigação do FBI de pagamentos para recrutar jovens no final de 2017, saiu de cena. Mas não por muito tempo.

A lenda acertou com o Panathinaikos e tive a oportunidade de conferir de perto seu trabalho. Sua equipe esteve no Menorah Mivtachim Arena, em Tel Aviv, mas saiu derrotada de quadra pela 20ª rodada da Euroliga. O Maccabi não tomou conhecido do adversário e dominou o placar praticamente de ponta a ponta: 84-75. Mas foi o papo com Pitino após o cronômetro soar que chamou a atenção.

Na coletiva de imprensa, o treinador não fez questão nenhuma de esconder que sua passagem pela Europa será muito curta. Mesmo diante do escândalo que abalou sua trajetória nos Estados Unidos, a pretensão é retornar:

"Meu objetivo é ajudar todos os jovens (do Panathinaikos) a melhorar e melhorar. Mas estou aqui apenas para um período sabático, curto, então estou tentando buscar o melhor no melhor nível possível. Quando vier o próximo ano, direi ao proprietário e ao diretor geral do clube 'isto é o que você precisa para ganhar a Euroliga e a tríplice-coroa' e meu trabalho estará feito", afirmou.

Outro assunto tomou conta da conversa: as diferenças entre o basquete europeu e a NBA. Depois da polêmica fala do técnico do Barcelona, Svetislav Pesic, ao dizer que a liga mais famosa do planeta "não é basquetebol pelo excesso de arremessos de 3", Pitino foi bem menos radical que o colega:

"Eu não acho que haja algum ajuste de minha parte para me adaptar. A única diferença talvez seja de quando você chega perto da cesta. Você chega ao limite, é atingido pelo corpo, mas tem que de fato sofrer algum dano para sofrer falta, enquanto na NBA, cada contato já é marcado. Fora isso, não há diferença. Também tem mais isolamentos na NBA, jogo de um contra um. Mais nada. É basquete, no final das contas. O nível é ótimo aqui, estou me divertindo muito e, com 66 anos, posso dizer que também estou aprendendo bastante", concluiu.

Fato é que o próprio Pesic também esteve em Israel uma semana antes e pagou o preço pela língua. Seu time foi completamente dominado pelo Maccabi após um segundo quarto em que os "amarelos" acertaram 8 bolas de longa distância. Como ele mesmo declarou após aquela partida, as palavras voltaram e lhe atingiram. Como um bumerangue.

Curtinhas da Euroliga:

• Com apenas duas derrotas em 20 partidas até agora, o Fenerbahce (da lenda Obradovic) é o líder da temporada regular. Real Madrid e CSKA completam o "pódio temporário". São os três maiores favoritos, de fato;

• Acreditem ou não, o time do momento é o Maccabi Tel Aviv! Já foram quatro vitórias consecutivas. O que parecia impossível já é realidade: a campanha já é de playoffs. Mas está um bolo danado e, pelos critérios de desempate, o grupo do técnico Ioannis Sfairopoulos segue fora;

• Na próxima quinta-feira, dia 31, o Baskonia, de Marcelinho Huertas, encara justamente os israelenses, na Espanha. É briga direta por uma vaga para a próxima fase. Imperdível;

• Olho vivo em Yovel Zoosman. O jovem ala de 20 anos do Maccabi tem ganho mais oportunidades e demonstrado um grande resultado sobretudo nas estatísticas +/- . Seu jogo defensivo e sua frieza para concluir as jogadas já começam a chamar a atenção da NBA. Nome cada vez mais promissor para o próximo draft;

• Por falar em jovens talentos da Europa, olheiros do mundo do basquete estiveram em Munique para observar mais uma edição da categoria sub-18 da Euroliga, chamada de Adidas Next Generation Tournament. O Real Madrid sagrou-se campeão com uma vitória acachapante na final, diante do Maccabi Tel Aviv (96-58). Apesar do resultado negativo, o destaque do duelo foi o israelense Deni Avdija, que anotou 18 pontos, 11 rebotes e 6 assistências. Outro para ficar de olho.

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