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Bala na Cesta

Um papo com Marcelinho Huertas direto de Tel-Aviv, por Rodrigo Salomão

Fábio Balassiano

16/12/2018 07h23

* Por Rodrigo Salomão

Na última quinta-feira, 13, estivemos novamente no Menorah Mivtachim Arena para acompanhar de perto outra partida de Euroliga. Só que desta vez com um gostinho especial, já que o Maccabi Tel Aviv recebia em sua casa o Baskonia, equipe de ninguém menos que Marcelinho Huertas.

Os espanhóis da cidade de Vitória fizeram grande jogo, principalmente no aspecto defensivo, e levaram a vitória para casa num placar para lá de apertado: 81 a 79. Marcelinho não pontuou, mas contribuiu com 4 assistências nos 12 minutos que esteve em quadra. E chamou a atenção da imprensa local por seu papel fundamental junto ao restante do elenco.

Como resultado, o Baskonia chegou à 11ª colocação, mas está a apenas uma vitória da zona de playoffs. Nós tivemos a oportunidade de conversar com o armador brasileiro sobre isso e muito mais após o duelo. Confiram o bate-papo:

O que você, como jogador experiente, com passagem na NBA e muita história na Europa, vê de diferença dentro de quadra, o "jogo jogado" taticamente, entre a Euroliga e a NBA?
Dentro da quadra são jogos com características muito diferentes. Aqui na Europa é um jogo muito mais tático, mais pausado, menos jogadores tão dominantes como na NBA. Talvez um jogo para o espectador que realmente gosta de basquete, não tão espetacular, mas mais atraente, no meu modo de ver.

E no que diz respeito ao extra-quadra? Clima de ginásio, mudar de país toda hora para jogar, o que você tem para dizer sobre isso?
O que se vive aqui na Europa, principalmente os jogos da Euroliga, quando você vai atuar aqui em Israel, na Turquia, na Sérvia, na própria Espanha, enfim, em muitos lugares, você tem um clima da torcida "hostil". É muito gostoso jogar estas partidas que são fora, você sente uma adrenalina diferente do que são os jogos da NBA, que são mais espetáculo. É claro que lá a torcida muitas vezes também grita e faz o papel dela, mas é diferente. Aqui o pessoal na Europa é mais "quente" e vive com muito mais fanatismo do que nos Estados Unidos.

Você chegou a dar uma entrevista para um dos principais veículos de Israel mais cedo, antes da partida com o Maccabi Tel Aviv, e causou ótima impressão. Um dos meus colegas, deste jornal, veio comentar comigo aqui na Arena que "com certeza o Huertas será técnico quando se aposentar". Sua liderança e sua leitura de jogo foram muito elogiadas. Enfim, você tem esse plano? Já pensou no que fazer?
Eu quero continuar jogando ainda, sempre fui um estudioso, faz parte da minha função também como armador, de entender do jogo e passar de uma maneira diferente de muitos jogadores, talvez esteja no sangue. Acho que, quando chegar a hora de tomar uma decisão vamos ver, acredito que eu poderia ser um bom treinador, mas nessa hora, com calma, vou pensar bem nisso, mas enquanto isso eu quero jogar, que é o que eu gosto mesmo.

Para finalizar, Vitória vai ser sediar o Final Four nesta temporada. Como está a cabeça do time em relação ao assunto? Vocês pensam nisso? É uma obsessão a mais chegar nesta fase decisiva por saber que o Baskonia vai decidir em casa?
Toda obsessão, principalmente no âmbito esportivo, acaba atrapalhando. Nós sabemos que todo mundo espera que a gente chegue, público, clube…estão fazendo um esforço grande em fazer este Final Four e realmente acreditam no time e no projeto, por isso eles quiseram sediar. E nós, jogadores, acreditamos também. A gente não teve um bom começo, mas o campeonato é muito comprido. Temos que ter pé no chão, pensar jogo a jogo sem pensar lá na frente, nas possibilidades, daqui a quinze, vinte jogos, como vai ser. A gente tem que ter tranquilidade e, quando o time chegar mais perto da fase de passar para os playoffs, aí a gente pensa nas possibilidades reais. Isso não pode atrapalhar. Temos que ter em mente, lógico, a importância de almejar e ter essa ambição, mas não pode ser algo que fique na nossa cabeça todo dia, porque isso aí só tende a atrapalhar.

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