Lakers se esforça, mas calouro-sensação Lonzo Ball ainda é... apenas um novato

Dezoito mil pessoas lotaram o Honda Center em Anaheim, Califórnia, para um jogo de pré-temporada. Era o Los Angeles Lakers jogando contra o Minnesota Timberwolves e muito embora Magic Johnson estivesse na beira da quadra e Karl Anthony-Towns de um lado dela, os olhos de todos ali estavam em uma única pessoa: Lonzo Ball.

Armador escolhido na segunda posição do Draft e filho de um cara muito verborrágico (LaVar Ball tem tiradas malucas que até Deus duvida), ele é tratado pela franquia Lakers e pela mídia norte-americana como o calouro-sensação que será capaz de reconduzir os angelinos, que não jogam os playoffs desde 2013, aos tempos de glória. Apesar do apoio do público, Lonzo foi discreto errando 7 de seus 9 arremessos e cometendo três desperdícios de bola para terminar com 5 pontos, 8 assistências e 7 rebotes.

Nada que abalasse a confiança do técnico Luke Walton no garoto: "Lonzo é tão talentoso que a maneira como ele joga faz com que todos os companheiros a sua volta sejam uma ameaça a defesa adversária. Ele é tão altruísta que mesmo em alguns momentos com boa chance de arremessar ele prefere passar. Nós estamos procurando que ele seja um pouco mais agressivo para anotar, especialmente no início. Neste primeiro jogo acho que ele esteve ótimo, principalmente como ele se moveu e como ele conseguiu envolver o time todo no ataque", afirmou o treinador na entrevista coletiva pós-jogo.

É óbvio que entre os elogios rasgados de Walton, que sabe que Lonzo agora tem todas as chaves da franquia, e seus números de um jogo inicial o recomendado é mesmo ficar no meio do caminho entre a empolgação exacerbada e a negação completa. Ball, que completa 20 anos no dia 27 de outubro, da fato tem uma visão de jogo bem especial, mas em uma NBA que exige cada vez mais de seus atletas um chute de longa distância confiável este aspecto não tão bom de seu repertório ofensivo pode vir a lhe causar problemas.

Muita gente o compara a Jason Kidd, e não é sem razão. Agora técnico do Bucks, o ex-armador que foi campeão pelo Dallas Mavs em 2011 é considerado um dos melhores de todos os tempos por sua descomunal visão de jogo, leitura de quadra e comando da equipe, mas quem acompanhava mais de perto também se lembra que ele sofria horrores para arremessar, algo que só melhorou do meio pro final da carreira, quando seus atributos físicos começaram a lhe exigir um pouco mais da reserva técnica.

Eu sei bem que o desejo de todos nos EUA e no mundo é que o Lakers volte a ser a brilhante e vencedora franquia que (quase) sempre foi. E que Lonzo Ball é considerado o sucessor de Kobe Bryant para ser o guia disso tudo. Mas depositar essa esperança em alguém que está começando a sua trajetória na NBA agora me parece um excesso, um exagero. E bastante cruel com Lonzo, diga-se.

Lonzo Ball não é um calouro-sensação como foi LeBron James anos atrás. Tratado da mesma maneira, LeBron não só correspondeu, mas fez muito mais do que se esperava dele, se tornou um dos melhores jogadores de todos os tempos e é seguramente o melhor da atualidade. Mas assim como ele, muitos outros foram colocados com esse crachá (calouro-sensação) e ficaram pelo caminho – dá pra citar, rapidamente, Sam Bowie, Kwame Brown, Anthony Bennett, Andrea Bargnani, Greg Oden, Dwight Howard, Elton Brand e Joe Smith.

Lonzo é apenas um calouro que está tentando escrever a sua história. Sei que os tempos atuais são de ansiedade, afobação e exageros além da conta, mas recomenda-se um pouco mais de calma para julgar o trabalho de alguém que, vale lembrar, não tem NENHUM jogo oficial na NBA até o momento.

O camisa 2 fez apenas uma partida de pré-temporada contra o Minnesota no sábado, fará a sua segunda nesta noite contra o Denver no Staples Center, ginásio do Lakers, hoje e só no dia 19 contra o Clippers faz a sua estreia oficial na melhor liga de basquete do mundo. Será que dá pra aguardar tipo uns 2 ou 3 meses pra minimamente fazermos Raio-X mais profundo de Lonzo Ball como atleta da NBA?

Ah, o Lakers perdeu no sábado por 108-99 e o Minnesota estreou o seu quinteto titular que promete fazer um bom barulho (Jeff Teague, Andrew Wiggins, Jimmy Butler, Taj Gibson e Towns), mas acho que ninguém se ligou nisso…