Topo

Bala na Cesta

O melhor jogo que ninguém viu - há 25 anos, o coletivo do Dream Team que entrou pra história

Fábio Balassiano

23/07/2017 07h00

No dia 22 de julho de 1992 a seleção norte-americana se preparava para a Olimpíada de Barcelona. Em Mônaco, o time que tinha Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Karl Malone, Charles Barkley, entre outros, treinava visando a estreia que aconteceria na cidade catalã em 26 de julho contra Angola.

E foi naquele dia 22 de julho que o melhor jogo de basquete aconteceu sem quase ninguém ver.

No coletivo do time em Mônaco o técnico Chuck Daly, campeão com o Detroit Pistons dos Bad-Boys e absurdamente respeitado por todos na liga, entregou coletes para Michael Jordan e Magic Johnson formarem suas equipes. Eram os dois líderes daquele elenco. Um era o melhor jogador da atualidade, vindo de dois títulos da NBA (Jordan). O outro, o mais icônico da década de 80 (junto com Larry Bird) e que havia acabado de retornar ao basquete pós-anúncio do HIV (Magic).

Com os coletes em mãos o craque do Chicago Bulls convidou Scottie Pippen, Patrick Ewing, Karl Malone e Larry Bird (vocês têm noção do que é um time com Jordan, Pippen, Bird, Malone e Ewing?), enquanto Magic colocou Chris Mullin, Charles Barkley, Christian Laettner (o único jogador universitário do elenco) e David Robinson ao seu lado. Clyde Drexler e John Stockton, machucados, estavam à beira da quadra e só assistiam.

Quando Daly apitou e gritou um "divirtam-se e façam o que sabem fazer melhor", as feras voaram e fizeram, como conta Michael Jordan no livro "The Dream Team", do autor Jack McCallum, "o melhor jogo da história do basquete que ninguém viu": "Foi sem dúvida o maior jogo que já joguei. Todas as coisas lindas sobre o jogo de basquete foram ilustradas nesse coletivo em particular. Daquele time todos depois entraram no Hall of Fame, então dá pra imaginar como foi jogado aquele coletivo. E com as personalidades envolvidas, ninguém ali queria perder. Havia tensão e fúria na quadra. Foi maravilhoso fazer".

Sem saber muito o que fazer, a comissão técnica de Chuck Daly (composta, entre outros profissionais, pelo então assistente Mike Krzyzewski, o Coach K que foi tricampeão olímpico como treinador dos EUA de 2008 a 2016) ficava de boca aberta com o que acontecia. Jogadas plásticas, provocações, faltas duras, contra-ataques e Michael Jordan jogando como se fosse uma final de NBA. Era um recado claro a todos ali – mesmo em um treinamento que parecia ser insignificante, MJ queria mostrar quem era o melhor jogador do planeta. E foi o que ele fez. Em 20 minutos ele fez 17 pontos

O time de Jordan, o de camisa branca, saiu perdendo de 7-0, mas teve uma sequência de 17-4 e venceu o primeiro tempo por 40-36 em 20 minutos em que houve de tudo – ponte aéreas, enterradas de Jordan, passes sem olhar de Magic Johnson e duas bolas de três seguidas de Scottie Pippen. Quando a primeira parte terminou em confusão (não preciso dizer que Charles Barkley estava envolvido, preciso?), Daly achou melhor encerrar a prática pra evitar que os ânimos se acirrassem ainda mais.

Menos de um mês depois a seleção norte-americana venceria a Croácia por 117-85 para conquistar a medalha de ouro. Naquela Olimpíada não houve nenhum jogo com menos de 35 pontos de diferença, e aquele treinamento em Mônaco acabou sendo o duelo mais disputado por Michael Jordan, Magic Johnson e companhia. Pena que não há imagens sobre isso.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.