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Bala na Cesta

Como Lucas Bebê se tornou o segundo melhor em aproveitamento da NBA nos arremessos

Fábio Balassiano

24/01/2017 06h01

lucas1Lucas Bebê começou a temporada 2016/2017 da NBA disputando a condição de pivô reserva do Toronto Raptors com o austríaco Jakob Poeltl. E não foi um início fácil, pois Poeltl, escolhido na nona posição do Draft, parecia ganhar a alcunha de suplente do lituano Jonas Valanciunas. Mas a história do brasileiro começou a mudar em dezembro, quando ganhou a confiança da comissão técnica por defender muito bem o aro e trazer segurança defensiva para a franquia canadense. Ele tem 4,7 rebotes por jogo e 1,77 toco por noite, o nono neste quesito de toda a liga. Mais do que na defesa, Lucas, no Canadá chamado de Nogueira, seu sobrenome, passou a chamar a atenção do Toronto e de toda a NBA também pela sua pontuação fácil e pela forma como ele facilita as coisas para seus companheiros pontuarem.

lucas11Com 2,13m e braços muito longos, Bebê é o corta-luz perfeito para os armadores Kyle Lowry e DeMar DeRozan infiltrarem em direção a cesta e converterem seus pontos. Como consegue ser muito mais rápido que Valanciunas e Poeltl, seus concorrentes por minutos no garrafão, o brasileiro vira e mexe ainda consegue receber os passes para pontuar de pertinho da cesta. Não é coincidência, portanto, que o jogador da franquia canadense, que hoje enfrenta o San Antonio Spurs em casa tendo a campanha de 28-16 (vice-líder da conferência Leste), tenha 68% de aproveitamento nos arremessos na NBA, segundo índice mais alto da melhor liga de basquete do planeta (fica atrás apenas de DeAndre Jordan, do Los Angeles Clippers, que tem 68,8%). Ele arremessa pouco, é verdade, mas é bola de segurança para a sua equipe (2,9 tentativas/jogo, com 2 acertos/jogo).

shotchart_LucasE sua melhoria é contínua. Suas médias já estão em 5,8 pontos, 4,7 rebotes e 25,2 minutos em janeiro deste ano, quando foi alçado pelo técnico Dwane Casey a condição de titular do time, jogando ao lado do lituano Jonas Valanciunas. Como demonstra a figura ao lado, Bebê converte grande parte de seus pontos perto, pertinho da cesta, inclusive com enterradas ferozes. Ao todo já são 38 no campeonato, mais do que uma por jogo nas 35 vezes em que esteve em quadra (no ranking ele é o trigésimo que mais deu cravadas na temporada).

A grande novidade é que neste ano já foram duas cestas de três pontos e algumas belíssimas jogadas de costas pra cesta ou bandejas invertidas para confundir a marcação. Se antes seu arsenal ofensivo se baseava praticamente em conversões de enterradas a partir de "lobs" (lançamentos para o alto) de seus armadores, Lucas Bebê parece estar aprimorando seus golpes para se tornar mais completo ofensivamente. Em 2017 jogou mais de 25 minutos em cinco vezes das nove em que esteve em quadra e em duas delas conseguiu dez ou mais pontos. No domingo, na derrota em casa para o Phoenix Suns, o camisa 92 teve uma partida perfeita com 13 pontos (5/5 nos arremessos, incluindo aí um acerto em uma bola de três pontos), 5 rebotes, uma assistência e dois tocos.

lucas21Das grandes surpresas desta temporada, Lucas é uma das que mais chamam a atenção. Em seu terceiro ano na liga, ele poderia ter sido esquecido pelo técnico Dwane Casey após a chegada do austríaco Jakob Poeltl. Só que como ele mesmo mencionou recentemente, Bebê passou a treinar mais, sair menos e a estar cada vez mais concentrado e preparado. Os resultados estão sendo sentidos a cada dia. Estar em segundo no percentual de arremessos da NBA é uma vitória e tanto para o garoto de 24 anos.

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