Topo

Bala na Cesta

Knicks começam a jogar bem e miram retorno aos playoffs da NBA

Fábio Balassiano

14/01/2016 06h35

A temporada 2015/2016 da NBA começou assim para o New York Knicks:

porza1Foi o dia 25 de junho de 2015, data do Draft em que o gigante letão Kristaps Porziņģis foi muitíssimo vaiado. O tempo passou, do elogiável Porzingis e de sua evolução já escrevi um texto inteiro a respeito (o cara tem jogado cada vez melhor, hein!) e agora vale a pena falar do New York Knicks como um todo. Com cinco vitórias nos últimos sete jogos (as únicas derrotas foram em San Antonio para o Spurs por um mísero ponto e ontem contra o Nets sem Carmelo Anthony), a turma da Big Apple tem campanha de 20-21 e se aproxima da zona de classificação para os playoffs no concorrido e cada vez melhor Leste. Ótimo sinal para uma torcida que viu Big Phil entrar no comando da franquia há dois anos e não tinha a menor ideia do que aconteceria.

jackson1Para começar, vale destacar o bom trabalho de Phil Jackson fora das quatro linhas. Como eu previa, PJ limpou a folha salarial do Knicks na temporada passada (inclusive despachando JR Smith, algo que parecia impossível), abrindo espaço para contratações importantes e úteis, embora pouco badaladas, que viriam para este campeonato (Robin Lopez, Derrick Williams, Kevin Seraphin e Arron Afflalo, trio que soma 35 pontos por jogo em 2015/2016) e perdendo o suficiente para ter um pick alto no Draft de 2016 (a quarta posição que rendeu Porzingis). O manda-chuva ainda foi muitíssimo bem ao incluir na troca de JR Smith o ala Lance Thomas, que contribui com 8,7 pontos e 42% nos chutes de três pontos, hábil ao trocar com o Atlanta o espevitado Tim Hardaway Jr. (que tinha problemas com Carmelo Anthony) pelo útil Jerian Grant (faz a dupla armação e tem ótimo potencial físico) e certeiro ao contratar o armador Langston Galloway, que não foi escolhido no Draft de 2014 como agente-livre e pagando pouquíssimo. Galloway tem, neste campeonato, 7,6 pontos, 2,1 assistências e boa marcação contra rivais tão ou mais altos que ele. São três salários BEM baratos (não somam US$ 3,5 milhões/ano), que pouco oneram a folha salarial (é a décima mais baixa) e que rendem bons dividendos dentro de quadra (22 pontos, 7,2 rebotes e 5,1 assistências).

jackson2Se era impossível vencer em 2014/2015 (e era mesmo), Jackson fez o que realmente deveria ser feito em uma franquia que tinha dificuldade para enxergar a realidade: cortar na própria carne, iniciar um processo de reconstrução BEM do zero mesmo e plantar uma semente para mostrar aos melhores jogadores da liga que ainda vale a pena jogar por ali. É esta dificuldade de análise de cenário, por exemplo, que faz o Lakers continuar na draga em que está há duas temporadas (simplesmente porque acha que ainda é uma equipe, digamos, que todos os atletas querem jogar, algo que está longe de ser verdade…).

fisher2À beira da quadra veio outra boa novidade. Derek Fisher chegou para a sua primeira experiência como técnico como segunda opção de Phil Jackson. Não é novidade pra ninguém que o PJ queria mesmo Steve Kerr, que fez entrevista em Nova Iorque, mas preferiu o Golden State Warriors (escolheu bem, né…). Em 2014/2015 o comandante novato começou exatamente como a franquia esperava dele: devagar, escolhendo passos e testando estratégias. Aos poucos ele foi se habituando, e nesta temporada conseguimos ver uma defesa bem mais forte (a conversão de arremessos dos rivais caiu de 49% para 43,1%, ótima melhora!), alguns movimentos mais nítidos do Sistema de Triângulos no ataque e mais obediência tática dos atletas. Se ainda não é um grande treinador (e nem poderia ser pois nunca havia sido nem assistente), Fisher ao menos mostra sinais de evolução e espanta de vez o rumor que Big Phil assumiria o cargo caso ele (Fisher) não fosse bem.

carmelo1O caso mais emblemático desta evolução coletiva do Knicks atende pelo nome de Carmelo Anthony, que saiu machucado na terça-feira na vitória contra o Boston e desfalcou o time contra o Brooklyn Nets. Taxado de individualista, Melo teve inúmeras sessões de vídeo com Phil Jackson e Derek Fisher nas férias para entender como poderia continuar a ser o cestinha do time e ao mesmo tempo envolver seus companheiros. Se de seu talento nunca houve dúvida, de sua capacidade de comandar um time jovem para algo grande (ir ao playoff), sim. Ao menos pelo que temos visto nesta temporada a resposta (dele) tem sido muito positiva e o recado parece ter sido compreendido (o que é ótimo). Seus 17,8 arremessos são o menor índice de sua carreira desde seu ano de calouro. As 3,8 assistências por jogo são o seu máximo até hoje.

melo2Não é raro, tampouco, vê-lo dando conselhos aos mais jovens (principalmente Porzingis, que fez 16 pontos no primeiro período contra os verdes na terça-feira) e tem sido impossível ouvir críticas públicas aos companheiros (algo que o camisa 7 fazia muito e que irritava o vestiário). Bom exemplo disso aconteceu na semana passada, quando Jose Calderón errou a bola decisiva após passe seu em San Antonio. Todos ficaram tristes, chateados, mas Carmelo defendeu o espanhol e disse que, sim, fez a melhor jogada ao encontrar o companheiro mais livre para arremessar. Sua média de pontos de 21,8 é a menor desde seu segundo ano, e em nenhum momento sua capacidade de decidir tem sido questionada. Aparentemente ele compreendeu que trazer o elenco para jogar com ele é mais importante que atuar sozinho com outros quatro caras com o mesmo uniforme em volta.

porza15Além de Melo, Porzingis (13,6 pontos e 8 rebotes de média) e Arron Afflalo (13,5 pontos, ótima defesa e melhorando muito desde o começo de dezembro) são os únicos Knicks que pontuam em dígitos duplos nesta temporada. Ao contrário do que pode parecer, isso não é um problema, pois há outros cinco jogadores com médias entre 8,7 e 7,4 pontos (Lance Thomas, Robin Lopez, Derrick Williams (fez 31 pontos ontem, igualando sua maior marca da carreira), Galloway e Jose Calderon), em uma prova que o elenco tem conseguido se virar bem mesmo com apenas uma única grande (e consolidada) estrela na NBA (Carmelo, obviamente).

bigphil1Duvidar da capacidade do Mestre Zen quando o assunto é basquete nunca foi uma coisa inteligente a se fazer. A dúvida que todo mundo tinha era em quanto tempo o time voltaria a ser competitivo. A julgar pela boa temporada, pode ser até que neste ano os nova-iorquinos não vejam a franquia no playoff de novo.

Mas creio que desde já seja possível dizer que há algo muito bom para o New York Knicks em um futuro próximo. A semente está plantada. Basta seguir regando, trazendo novos ingredientes (reforços) e torcer para que as evoluções de suas peças mais cruas dentro (Porzingis) e à beira da quadra (Derek Fisher) continuem a melhorar.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.