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Bala na Cesta

As lições que o Lakers leva do frustrante mercado de agentes-livres

Fábio Balassiano

08/07/2015 00h46

lakers1Está terminando de forma melancólica mais um mercado de agentes-livres da NBA para o Los Angeles Lakers. Com muita grana para gastar em 2015, a franquia conversou com meio mundo do primeiro time de atletas disponível. Ouviu um sonoro "não" de todos eles e frustrou a todos (de torcedores a Kobe Bryant, sua principal estrela). Tal qual havia acontecido ano passado, teve que se contentar com jogadores de segundo nível para reforçar o (terrível) elenco e fechou com o armador Lou Williams (3 anos, US$ 21 milhões), Roy Hibbert (pivô do Indiana Pacers) e Brandon Bass (ala-pivô que jogou no Boston Celtics).

aldridge1Muito pouco para quem sonhava com LaMarcus Aldridge, Jimmy Butler, Kevin Love e outros grandes nomes. Com Aldridge, aliás, o bizarrismo que é esta gestão do Lakers chegou ao nível de absurdo. Perturbada porque a imprensa americana divulgou que o staff do agora ala do Spurs ficou decepcionado com a apresentação da franquia, dirigentes angelinos pediram um segundo encontro para falar apenas de basquete. O que havia sido desenhado para o ex-camisa 12 na primeira apresentação? Hollywood, marca, fama, contratos publicitários e faixa de títulos passados no teto do ginásio. Os "argumentos" não empolgaram nem as moscas que sobrevoavam o encontro simplesmente porque este tempo já passou.

A verdade nua e crua é uma só: ninguém mais quer jogar no Lakers só porque é o Lakers (e o mesmo raciocínio vale para Knicks, Celtics e Pistons, também enrolados em suas próprias renovações de elenco e espírito). A velha desculpa do "grande mercado, Hollywood e um time tradicional" não cola mais (e isso foi excplicitado pelo ótimo J.A. Adande na ESPN também). Com o perdão da licença poética do Professor Vanderlei Luxemburgo, o que falta mesmo a equipe angelina é projeto. Um projeto de time, de elenco forte e o que a franquia quer ser no seu futuro, seja ele breve ou de longo prazo (e falo disso aqui há tempos).

kobe1Culpar o imenso salário de Kobe Bryant é até justo porque de fato alguém com 36 não pode mesmo ganhar o maior salário da liga (embora eu não concorde com o argumento completo), mas não é exatamente por isso que os Lakers não têm um ótimo time para dar a um dos maiores craques de sua história uma despedida de carreira honrosa. Falta visão de mercado ao olhar para os agentes-livres nos Estados Unidos (sem pensar apenas na fama, mas principalmente no basquete), falta olhar mais para o mercado europeu, falta achar, como faz muito bem o San Antonio Spurs, jogadores para funções bastante específicas do jogo (rebotes, bolas de três no corner, bloqueios defensivos e ofensivos). Falta, portanto, quase tudo que um time moderno da NBA tem hoje em sua administração.

mitch1E aí é simples. Quando não se tem o que falar de forma objetiva e concreta apela-se para abstrações, coisas subjetivas e aleatórias como fez o Lakers com LaMarcus Aldridge. O mundo mudou, porém, e essa molecada não se impressiona mais com os argumentos que eram aceitos e até admirados 30, 40 anos atrás. A nova fornada de jogadores da NBA quer ganhar títulos, quer um elenco que lhe possibilite ganhar e contratos máximos. O time da família Buss só tinha a última parte da equação para oferecer. Saiu perdendo em todas as disputas, viu o mercado se fechar e acabou com o segundo escalão daquilo que gostaria de contar.

Agora é literalmente não se desesperar. Partir para as trocas é jogar no lixo justamente a única coisa boa que aconteceu na equipe nos últimos anos (a chegada de garotos com futuro promissor). O jeito é jogar com eles, torcer para que eles cresçam e esperar.

kobeEsperar que Kobe Bryant se aposente de forma honrosa e respeitada. Esperar que os garotos (D'Angelo Russell, Jordan Clarskon e Julius Randle principalmente) se desenvolvam rápido. Esperar que a diretoria enfim mande o gerente-geral Mitch Kupchak embora e coloque uma mente mais arejada para tocar as operações do basquete. Já são dois anos sem pisar no playoff e a perspectiva, com este elenco aí, é que o hiato entre o time que foi ao mata-mata em 2013 e o próximo que jogará a pós-temporada só tende a aumentar. Enquanto isso tudo não mudar os Lakers continuarão a ser uma franquia com passado glorioso, um presente melancólico e um futuro sombrio.

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