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Bala na Cesta

Os méritos de David Blatt, técnico estreante que leva o Cavs à final da NBA

Fábio Balassiano

29/05/2015 02h13

blatt12O Cleveland Cavs chega a final da NBA depois de 8 anos muito por causa de LeBron James. Isso todo mundo sabe. Melhor jogador do planeta, o camisa 23 voltou a Ohio com uma missão (como ele mesmo diz) e está muito perto de concretizá-la. O que pouca gente costuma dar mérito (eu mesmo falei pouco do cara) é para o trabalho de David Blatt, técnico estreante que já vai à final na liga, ficando próximo de atingir um feito e tanto (título da Euroliga em um ano, troféu da NBA 12 meses depois).

blatt6O começo de Blatt de fato foi animador dentro de quadra e intimidador fora dela. Boa parte da imprensa norte-americana o tratava como um lunático pelo fato de o técnico ter "apenas" experiência no basquete europeu (beirava a xenofobia, mesmo o cara tendo nascido nos EUA). Na quadra, foram só elogios na pré-temporada. Mike Miller e Kyrie Irving chegaram a descrevê-lo como "gênio do basquete" devido a seu estilo de ataque sem muitas jogadas. Passaram dois meses, as derrotas vieram e um processo de fritura veio de sua principal estrela (LeBron James). As arestas, que pareciam não se acertar, ficaram ainda mais acirradas quando LeBron disse que o time precisava de um padrão de jogo melhor tendo em vista a qualidade do elenco.

blatt4O tempo passou, David Blatt não esmoreceu, o camisa 23 se machucou e o time até que tentou se virar sem ele. Não conseguiu em termos de vitórias (e acho difícil que alguém não sinta a falta do melhor jogador de basquete do mundo – vide o Miami Heat), mas foi se ajustando com a chegada dos novos reforços (JR Smith, Iman Shumpert e Timofey Mozgov) até que depois do Jogo das Estrelas LeBron decidiu jogar tudo o que sabe (e sem reclamar publicamente). Aí ficou bom para todos.

blatt10LeBron tornou-se, enfim, o armador do Cleveland (como fora em Miami e como deveria ser desde sempre), Kyrie Irving ficou mais livre para pontuar e o pivô Mozgov ganhou "poderes" e confiança para ser o cadeado defensivo que os Cavs tanto precisavam perto da cesta. Até JR Smith, irregular porém talentoso, entendeu suas funções e passou a ajudar de maneira incrível. Com o time organizado, os tombos de Kevin Love e Anderson Varejão nem foram tão sentidos assim em um playoff do Leste que nem colocou o nível de dificuldade em patamar tão alto assim. O título da conferência veio com atuações geniais de LeBron James, é verdade, mas também com ótima evolução defensiva e com um trabalho ofensivo cada vez mais coletivo (algo que o técnico "europeu" vinha tentando fazer seus jogadores entenderem desde o começo da temporada).

blatt3Costuma-se dar muito crédito a técnicos na NBA de um modo geral (e eu concordo com isso), mas no caso do Cleveland o raciocínio parece ser inverso. Com LeBron James por lá, fica a impressão que tudo de bom que acontece nos Cavs atende pelo nome do camisa 23. Não é bem assim. Duro na queda, Blatt se recuperou depois de um começo difícil e pode, sim, ser colocado como um dos principais responsáveis pelo fato de a franquia estar a apenas quatro vitórias de um título inédito.

Que ele era excelente ninguém duvidava. A questão era como, e em quanto tempo, ele iria se adaptar a um basquete tão diferente. Creio que a resposta já esteja dada. Blatt é um técnico de ótimo nível para a NBA. E ponto.

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