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Bala na Cesta

Mais do mesmo: NBB começa 2015 com confusão no ginásio do Palmeiras

Fábio Balassiano

07/01/2015 07h47

maxiO NBB abriu o ano de 2015 com quatro partidas na noite de ontem. São José venceu Franca na prorrogação (94-83), o Pinheiros contou com 23 pontos do jovem Lucas Dias para bater Uberlândia (107-86), Bauru foi a Mogi e superou os locais por 99-80 e em São Paulo o Minas manteve o bom momento de 2014 ao fazer 80-76 no Palmeiras.

E foi no Palestra Itália que aconteceu a maior confusão da rodada (e algo que não é novidade no basquete nacional): no final do jogo, uma marcação polêmica da arbitragem (não vi, não posso avaliar, obviamente) revoltou jogadores (especialmente o argentino Maxi Stanic – foto à esquerda -, que usou o seu Twitter para posteriormente se desculpar – mais aqui) e comissão técnica do Palmeiras. A torcida de cerca de mil pessoas tampouco ficou feliz com o que viu e cenas lamentáveis foram vistas. As luzes se apagaram, os árbitros ficaram no meio da quadra esperando policiamento e saíram rumo ao vestiário apenas escoltados. Mesmo assim, foram agredidos com copos e também socos e pontapés. O blog ouviu oito pessoas que confirmaram a confusão e as agressões aos juízes da partida.

O jornalista e torcedor palmeirense Leandro Iamin esteve no Palestra e enviou um relato do que aconteceu por lá. Acompanhem com atenção:

neto"O cenário é o seguinte: o trio de arbitragem está no centro da quadra, e cerca de 30 torcedores revoltados estão na linha de fundo, na porta do vestiário. Entre árbitros e torcedores, estão os jogadores do Minas, fazendo calmamente o alongamento pós-jogo. O ginásio está inexplicavelmente com as luzes apagadas, e não há presença da Polícia Militar.

O lance capital foi este: faltando 27 segundos para o fim do bom duelo, uma inversão de posse de bola provocou irritação de Maxi Stanic. Ele gritou "Noooo!" no rosto do apitador, que decidiu por uma falta técnica. O lance foi decisivo para apontar o vencedor.

A arbitragem (Benito, Leandro e Marcos) errou no lance, mas acertou na falta técnica decorrente deste erro. Stanic é um jogador muito querido e sua irritação contagiou os torcedores, que já estavam inflamados desde o terceiro período. Quando o cronômetro zerou, o camisa 22 e o técnico palmeirense voltaram a falar com os juízes. Foi quando o movimento previsível aconteceu. Um grupo de aproximadamente trinta revoltados, mais uns vinte curiosos, se instalou ao lado da porta do vestiário dos árbitros. E lá ficou. Em um jogo comum, xingariam a saída dos "algozes" que sairiam protegidos pela polícia e ponto final.

siqueiraNão era um jogo normal. Benito, Leandro e Marcos ficaram dentro da quadra, naturalmente esperando a torcida cansar, dispersar, ou a segurança chegar. Mas, por falta de algum documento técnico, a Polícia Militar não está trabalhando em jogos no Ginásio Palestra Italia. Este é o erro número 1 da organização do jogo. Sem a PM, meia-dúzia de contratados do Palmeiras tiveram de cuidar da segurança dos 954 torcedores e de todos os profissionais ali trabalhando. Cerca de cinco minutos passaram sem alteração, até que o ginásio teve suas luzes apagadas. Portanto, mudou pra pior a situação.

Nesta hora já parecia claro que não havia força suficiente para dispersar a torcida, e que a arbitragem teria que passar muito perto dela. O fato de fazer isso no escuro tornava a ideia ainda mais insensata. A direção do Palmeiras foi pressionada para resolver. E chamou quase a totalidade de seus seguranças para levar o trio para o lugar seguro. Estes tentaram uma vez, mas recuaram e adiaram a ação de escolta. Cerca de cinco minutos depois, enfim fizeram o que tinham para fazer: a cena grotesca de três juízes entrando em um vestiário no escuro com copos de água voando. O atrito era evidente, o empurra-empurra foi visível, mas a escuridão não permite que eu possa dizer exatamente quem sofreu ou causou isso ou aquilo desse jeito ou de outro. Ao menos um chute eu tenho certeza que aconteceu, pois o autor, um jovem que nem parecia tão bravo assim, contou assim que a porta do vestiário fechou.

douglasPergunta fundamental: o que aconteceu para as luzes se apagarem? Quem apagou? Por qual motivo? Foi acidental? Foi uma estratégia de dispersão? Fiquei mais um bom tempo no ginásio. Tinha entrevistas a fazer e a combinar. Os torcedores estavam mesmo desnorteados, com a cabeça quente. Os diretores afirmaram saber que isso vai resultar em problema para o clube. Vozes ali dentro discutem sobre a questão do tal documento que causa a ausência da PM. Entre os jogadores, unanimidade contra a arbitragem. Eles não viram, contudo, o que aconteceu após irem ao vestiário. Nos vestiários a luz não acabou.

Este relato, acreditem, não é a coisa mais legal que eu tinha para fazer nesta noite de terça-feira. Por paixão pelo basquete e pelo Palmeiras, seria legal que isso não tivesse acontecido. Não sou eu quem vai julgar a cabeça quente dos outros, pois eu também fico, e muito, com a cuca fervendo quando meu time joga. Mas alguém precisa julgar, é assim que funciona, e o jogo, assim como a vida, tem regras, e desconheço um lugar onde a agressão física é permitida. Alguém precisa zelar por boas arbitragens. Alguém precisa julgar atos violentos. Alguém precisa atribuir responsabilidades e cobrar de forma proporcional cada um deles. Alguém, por fim, precisa zelar por um basquete bacana, bonito, que emociona, e este é o papel de todos nós do lado de cá da quadra. Me emociono muitas vezes no mesmo ginásio onde vi, deste vez, esta cena cheia de pontos de interrogação".

atilaAdoraria começar o ano só falando de basquete, mas pelo visto é impossível. Mais um caso de confusão no basquete brasileiro. E que fique claro: este não é um problema exclusivo do Palmeiras. O NBB tem visto uma SÉRIE de confusões e poucas punições. Recentemente houve uma terrível no ginásio do Paulistano (jogo contra Mogi) e até agora não houve nada de efetivo.

A Liga Nacional de Basquete precisa punir RÁPIDO E COM RIGOR o que de errado tem acontecido por aqui. Insisto nisso: RÁPIDO E COM RIGOR. Vamos aguardar (e cobrar) que assim seja feito.

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